21/10/05

Mais um cop&pastanço do Murcon...;-)


Vivo por milagre!
[ñ tinha q ver com o assunto, mas...aplica-se-lhe mt bem, palavra de amok...;-)]

(...)

Quanto à minha frase que foi citada - "a fidelidade, se não for espontânea, morre" -, devo dizer que a escrevi a pensar naquela teoria simplista "não meti o corpo dentro - ou fora:) -, não fui infiel". O Noise talvez se lembre, eu já me esqueci, mas havia um estudo com piada sobre o assunto. Perguntava-se a homens e mulheres heterossexuais o que os chocava mais: ser fisicamente enganado ou fazer amor com um parceiro que pensava numa terceira pessoa para se excitar. Se bem me lembro, as mulheres distribuíam equitativamente a sua irritação, enquanto os homens eram bem mais "tolerantes" com a segunda hipótese. Explicação dada: era chato, mas pelo menos não havia "traição a sério". E ainda não havia internet ou telemóveis...
Ser fiel à moda canina parece-me incompatível com o erotismo. Apreciar a beleza de alguém que passa pode ficar pelo registo da admiração estética, adivinhar-lhe a sensualidade torna difícil a domesticação do desejo. Ser fiel ao outro não pode ser um objectivo alcançado através de trabalho árduo de auto-castração do imaginário, mas sim uma verificação aliviada, divertida, grata. Às vezes efémera, se nos reportarmos ao psíquico. Não vejo que seja trágico ou anti-natural, trágico é chamar-lhe infidelidade. Porque nesses momentos, quando a relação está viva, a imagem do outro surge, repondo as prioridades, se necessário.
Estou de acordo com os que de vocês dizem ser possível amar uma pessoa e apaixonar-se por outra, mas rezo para que não me aconteça, a nossa energia psíquica não é movida a pilhas duracell e pifa, mais dia, menos dia. Ou mais ano, menos ano:).

posted by Julio Machado Vaz, in Murcon, Quinta-feira, Outubro 20, 2005

[...por diversas razões permito-me, apenas, reforçar aqui esta frase do texto acima...
«Ser fiel à moda canina parece-me incompatível com o erotismo.»
]

[imagem:...LES TABLEAUX DES ANNEES 90]

***...***...***
(Magritte)/"Quando abarcarmos esses mundos e o conhecimento e o prazer que encerram, estaremos finalmente fartos e satisfeitos?",WW

2 comentários:

amok_she disse...

«Não vejo que seja trágico ou anti-natural, trágico é chamar-lhe infidelidade. Porque nesses momentos, quando a relação está viva, a imagem do outro surge, repondo as prioridades, se necessário.»

...pois!

Anónimo disse...

Pois sim, ou pois é, ou pois pode ser...

é que

não sinto como infidelidade nem deslealdade toda a gama (que consigo imaginar ou não) de proezas com que a criatividade mútua do casal (s?), ou a 'verificação divertida da riqueza do nosso imaginário' (JMV) nos instigam, permanentemente - traquinices do cérebro que comanda o corpo, quem as poderá deter?

E neste jogo, que não tem que ser desenfreado nem obsessivo e onde os parceiros poderão definir regras e limites, não haverá traídos. Se assim vier a acontecer ... pára o baile!

Desculpa, amok, se não me fiz entender mas tudo isto dá pano para mangas e parece-me dificil de aceitar sem ensaiar, como me aconteceu há vinte anos atrás... ensaiar porque se trata de um exercício de desempenho teatral dos impulsos e não de declamação de poemas escritos por desconhecidos - trata-se da tal intimidade que pode dar lugar à proclamação da nossa particular poesia, inspirada, suscitada pela do parceiro@ .

de©