30/06/04

Os abismos que olham para nós...

«...mas compreendi imediatamente que estava tudo perdido para mim; a minha loucura furiosa valia-me agora o ódio dessa mulher, um ódio mais forte do que a morte...Agora podia bater cem vezes à sua porta, que ela enxotar-me-ia sempre como um cão.»

Amok e Carta Duma Desconhecida, de Stefan Zweig

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Quando abarcarmos esses mundos e o conhecimento e o prazer que encerram, estaremos finalmente fartos e satisfeitos?,WW

...púrpura...púrpura...

...acabaste de "desenhar" a minha sina...com uma pequena correcção que me permiti fazer*...;-)

«com o presente hipotecado na 'lembrança' de um *[passado] que ainda não aconteceu...»

...é verdade!, olhei tanto para dentro do abismo que o deixei olhar-me...e dominar-me!...que fazer?...sei lá!...entretanto vou usando a escrita para fazer umas pequenas redacções - que nem exercícios de escrita são!...sem modéstias bacocas! - assim à laia de princípe das orelhas de burro a gritar pró canavial...a escrita é o meu canavial...

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29/06/04

Era uma vez uma menina...

...que vivia fechada no seu castelo. Há quem diga(?) que o lar dum homem é o seu castelo, eu direi que o duma menina também! Um castelo é assim a modos que um refúgio, ou uma prisão...vá-se lá saber... Adiante.

A menina que vivia no seu castelo...ou refúgio, ou prisão, seja lá o que for...tinha por hábito ficar à janela, horas sem fim, como que a sonhar um passado que não chegou a ser o presente que sonha o futuro. Via quem passava, via quem deixava de passar, via quem passava sem nunca ter chegado a estar. Com o tempo ia aprendendo os hábitos dos passantes, as horas de cada um, a frequência com que cada um passava pelo mesmo local. Alguns passavam uma vez sem nunca mais voltarem. Alguns ficavam muito tempo sem passar, mas um dia voltavam. Alguns reparavam na menina à janela. Alguns passaram a acenar-lhe sempre que passavam. Alguns até lhe enviavam um beijo. E alguns nem davam por ela. Com o tempo a menina percebeu-lhes os tiques. Percebeu quando passavam e nem se lembravam que ela os esperava. Percebeu quando passavam de mansinho para não lhe perturbar os sonhos. Percebeu quando passavam para lhe fazer ver que havia um mundo lá fora. Percebeu quando lhe lamentavam a prisão. Percebeu quando a culpavam pela cobardia do seu refúgio.

E nunca percebeu porque havia um que lhe acenava e lhe enviava o beijo e lhe compreendia a prisão e lhe perdoava a cobardia, mas...nunca a olhava nos olhos...


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...ó meus amigosssss...e minhas amigasssss....

...por acaso ainda ninguém reparou nesta perguntinha q se segue e venho repetindo como assinatura!??? [chocadíssima!]...ninguém se aventura a comentar...?;-)
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27/06/04

De novo...Almodóvar

Confesso que sempre que me "obrigo" a ir ver um filme de Almodóvar o faço um pouco de "pé-atrás"...sei lá porquê!, acho que fiquei (mal) marcada por umas cenas dum dos primeiros filmes dele, já nem sei qual...mas, depois de ter visto o «Fala com ela» que, juntamente com o Magnólia e o Mulholland Drive, foi um dos filmes que mais me marcou... este novo Má Educação deixa-me rendida à mestria, ao sentido provocatório, do mestre do cinema espanhol...
...1)«Pedro 1Almodóvar mostra-se filme a filme mais seguro de si mesmo. Da sua habilidade como realizador e do seu êxito. O seu mundo, semi-oculto no armário até [h]à bem pouco tempo, abriu as portas de par em par a uma nova sociedade que se entregou a ele. O seu cosmos de marginalizados, homossexuais, lésbicas, travestis… confere-lhe êxito atrás de êxito perante um público que celebra os seus arrebatados melodramas cruzados por apontamentos de novela patriótica, a sua visão cínica e travessa sobre a Espanha cigana.
Após dois Oscar e uma afamada carreira dedicada ao sentimento do desejo, Pedro Almodóvar volta a arriscar e apresenta outra película inquietante que se mete em pensamentos sombrios. (...)»

2)«Em "Má Educação", contudo, existe crime sem castigo, vileza sem remorso, ambição sem mitigada redenção: o irmão que se apodera da personagem que matou, acaba por reconstituir no filme o seu acto, escapando-lhe (apenas) a encenação. A arte imita a vida que não é vida, porque finge sê-lo, e dissolve-se no vazio da representação. Nada possui já referentes palpáveis: o cinema é morte e desejo de morte, com implacáveis leis e insondáveis mistérios.»



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25/06/04

Histeria colectiva...

Confesso que, perante esta torrente de histeria colectiva que começou com as bandeirinhas por tudo quanto é sítio, a passar pelos buzinões e a acabar no colocar Portugal nos píncaros como se, de repente, passassemos a ser a Nação que não eramos...o que o futebol consegue!:->...confesso que me sinto uma portuguesa de merda, caraças!!!

Não percebo porque raio tenho que passar a orgulhar-me do que antes me envergonhava...porventura as escolas começaram a ser Escolas!?...porventura os hospitais passaram a funcionar melhor?...porventura o desemprego diminuiu?... porventura a exploração do mais fraco pelo mais forte acabou?... porventura passámos a ser civilizados, como antes o não eramos?...porventura a solidariedade social incrementou-se?...porventura a justiça passou a ser cega, como se diz que deve ser, e deixou de espreitar pelo canto do olho para a carteira do arguido?...então porque raio devo ter orgulho de ser portuguesa?...só porque uns quantos que ganham balúrdios cumprem com a sua obrigação?

Ok!, há pequenos detalhes, à margem desta treta em que se tornou o futebol, que farão valer a pena a satisfação das vitórias alcançadas até agora, mas...tudo no seu devido lugar e sem que isso faça esquecer a banca-rota em que algumas autarquias embarcaram, à boa maneira portuguesa de depois logo se vê como se vão pagar as dívidas contraidas...por certo com umas quantas estradas que não se arranjam; com umas quantas infraestruturas que não se melhoram; com uns quantos hospitais que não se constroem; umas quantas escolas que continuam sem pavilhões gimnodesportivos, outras tantas que ficam sem aquecimento no inverno por falta de verbas, outras tantas que fecham porque há menos de cem alunos, etc.;etc.;etc....

É certo que o futebol não tem por função resolver os problemas do país, ah pois não!, pois se até ajuda a agudizá-los!:->...mas, então não se queira fazer dele o salvador da pátria!...até parece que já todos esqueceram o "apito dourado"...:->

Que merda de portuguesa me sai!...e eu que até gosto de futebol, caraças!:->

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22/06/04

Ne me quites pas

[by Frida Boccara]

Ne me quitte pas
Il faut oublier
Tout peut s'oublier
Qui s'enfuit déjà
Oublier le temps
Des malentendus
Et le temps perdu
A savoir comment
Oublier ces heures
Qui tuaient parfois
A coups de pourquoi
Le coeur du bonheure
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Moi je t'offrirai
Des perles de pluie
Venues de pays
Où il ne pleut pas
Je creuserai la terre
Jusqu'après ma mort
Pour couvrir ton corps
D'or et de lumière
Je ferai un domaine
Où l'amour sera roi
Où l'amour sera loi
Où tu seras reine
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Je t'inventerai
Des mots insensés
Que tu comprendras
Je te parlerai
De ces amants-là
Qui ont vue deux fois
Leurs coeurs s'embraser
Je te raconterai
L'histoire de ce roi
Mort de n'avoir pas
Pu te rencontrer
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
On a vu souvent
Rejaillir le feu
De l'ancien volcan
Qu'on croyait trop vieux
Il est paraît-il
Des terres brûlées
Donnant plus de blé
Qu'un meilleur avril
Et quand vient le soir
Pour qu'un ciel flamboie
Le rouge et le noir
Ne s'épousent-ils pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Je ne vais plus pleurer
Je ne vais plus parler
Je me cacherai là
A te regarder
Danser et sourire
Et à t'écouter
Chanter et puis rire
Laisse-moi devenir
L'ombre de ton ombre
L'ombre de ta main
L'ombre de ton chien
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas

Jacques Brel
(versão instrumental)


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"Hooligan comunication"

«Postal enviado por um fervoroso jovem adepto inglês para a sua mãe

(traduzido da cockney language pelo nosso enviado especial à famigerada Rua dos Horrores em Albufeira)

Foda-se férias de estalo. Mesmo. A cerveja portuguesa é melhor que a nossa. Girafas a 5 ?. Um sonho. Estou encarnado do sol e assim poupo pois só tenho de me pintar com branco. Foda-se que a cerveja é mesmo boa. Ontem fodemos uns quantos franceses. Quem nos incomodou um pouco foi a bófia portuguesa. Caralho com cavalos e cães e tudo. Mas foi de arromba. Só levei quinze pontos. Anteontem desanquei um português. O gajo perguntou como é que umas bestas como nós tinham conseguido ter um império. Eu não percebi onde é que ele queria chegar e pelo sim pelo não pimba uma cabeçada. O Paul está bem e tranquilo. Está preso. A Mary tem-se divertido à grande e já mocou com os dezasseis do nosso grupo. Ontem como estávamos todos à batatada aviou quatro pretos (segue-se uma bojarda intraduzível no original) de míuda. Férias do caralho, foda-se! O pai foi repatriado hoje. Beijos do seu filho.

John Hooligan Smith


Verso do postal - Algarve - imagem de uma bunda celulítica e tatuada, esparramada em cima de uma rocha»
» embasbacado, 2004-
06-22 (12:43)


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20/06/04

...era giro se pudessemos apagar, de vez, as nossas memórias...más!?


"

O Despertar da Mente
é o tipo de filme que temos que ver mais de uma vez, para apreciar os detalhes. A narrativa não é linear; presente, passado e futuro são intercalados em beneficio da história. Alguns sentirão devido a isto que o filme é confuso, mas na verdade não o é, simplesmente confia em receber um pouco mais de atenção por parte dos espectadores.

“O Despertar da Mente” é o mais recente trabalho do argumentista Charles Kaufman, autor dos argumentos de “Queres Ser John Malkovich?” e “Adaptação”, e a premissa apresentada tem mesmo muito interesse. E se fosse mesmo possível ‘deletar’ as nossas memórias desagradáveis e só deixar aquelas que mais gostamos?.
O título original “Eternal Sunshine of the Spotless Mind” é uma frase extraída do contexto do poema Eloisa to Abelard”, de Alexander Pope, e propõe no seu centro a seguinte interrogação: a lembrança de um amor real mas doloroso é, no final, uma boa recordação que merece apreço?

(...)as nossas memórias, boas ou más, são o que de mais valioso temos."



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18/06/04

...para que perguntas se não queres respostas!?

«Frase do dia: “A impossibilidade do possível morrendo na mesma inutilidade inútil”.



Para quem, agora, as palavras?»


posted by Ricardo, in disakala :Junho 18, 2004, 10:49 PM




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Para quem me visita...

...e se sente na "obrigação" de me linkar...;-)

...agradeço a todos os que me deixam comentários simpáticos, mas...gostaria muito que não se sentissem "obrigados" a linkar-me só porque o fiz também. Eu só linko os blogues que gosto mesmo porque sinto com as palavras neles contidas uma qualquer espécie de afinidade que me aproxima dos seus autores, mesmo se completos desconhecidos. Gostaria muito de sentir que quem me linka o faz pelas mesmas razões, ou outras da mesma linha...

...obrigada, Velasquez...;-)

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17/06/04

...pergunta idiota!

...ignoras-me ou...não lês mails!?

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16/06/04

BEM ME QUER MAL ME QUER

«Rousseau e outros filósofos iluministas do século XVIII afirmavam que o Homem nasce bom e que a sociedade é que o torna mau.

Agora, a psicananlista Melanie Klein defende que todos nascemos maus e passamos a vida a tentar ser bons.

Pondo em confronto estas teorias, Willy Pasini explora o lado obscuro das emoções e disserta sobre a maldade, revelando-nos aspectos desta qualidade inerente a qualquer ser humano aos quais talvez nunca tenhamos dado a devida atenção.

Piratas, vampiros, lobos-maus ou bruxas preencheram o nosso imaginário infantil e, provavelmente, continuam a fascinar-nos porque a maldade é atraente, mete medo mas suscita em quem a exerce satisfações secretas.

Nos anos 90 já não há lugar para a Cinderela, a Branca de Neve ou a Barbara Bush. Os tempos agora são de Catwoman, Jessica Rabit ou Hilay Clinton, personagens com garra, combativas e que sabem usar o lado diabólico para alcançarem os seus fins.

Recorrendo a exemplos da literatura e da vida real, Pasini analisa a maldade nas suas mais variadas facetas (o capítulo sobre a maldade ao volante devia fazer parte de qualquer Código da Estrada) e demonstra-nos como, na maior parte dos casos, um pouco de maldade não faz mal a ninguém.

«A maldade é, acima de tudo, uma fonte de energia vital que devemos aprender a utilizar da melhor forma no nosso dia-a-dia e com todos os que nos rodeiam.

(...) distinguir a crueldade e a perfídia (maldades negativas) da garra e da combatividade (maldades positivas).

Ao tratar a maldade e o seu rosto escondido, numa análise do "lado obscuro das emoções", Willy Pasini possibilita aos leitores um melhor entendimento de tantos gestos, atitudes e actos do nosso quotidiano» - A.P.P.

Edição DIFUSÃO CULTURAL - Colecção «COISAS DA VIDA» - 1995, c/ Prefácio de António Pacheco Palha (Prof. de Psiquiatria e Saúde Mental da Fac. de Medicina da U. do Porto e membro da Ass.Mundial de Sexologia).
WILLY PASINI- Natural de Milão, é Prof. de Psiquiatria e Psicologia Médica e Director do Dep. de Ginecologia Psicossomática e Sexológica na Univ. de Genebra.
É autor de vários livros entre os quais: «Intimidade» e «A Qualidade dos Sentimentos», já publicados nesta Colecção.»




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09/06/04

“A mim a vida, não obstante o que da mesma e da minha pensas, é a ela, a mim, a quem dás mais cor”

«(...)
É sempre o lugar do Outro que posiciona o meu, é sempre através dos olhos dele que eu me revejo e projecto, mesmo se se tratando de uma Identidade que está sempre em permanente procura e em permanente construção.

(...)

Ricardo Mendonça Marques (trabalhos de mestrado, UNI)»



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Faça você também Que
gênio-louco é você?
Uma criação de O Mundo Insano da Abyssinia




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«Só necessito que tu existas»

«(...)
V
Afogo no teu ombro

tudo o que não te digo

o pânico do sonho

o resplendor do risco



É de ti que me escondo

Em ti é que me firmo

Antes de já ser ontem

sentir que estamos vivos



VI
Nada garante que tu existes

Não acredito que tu existas



Só necessito que tu existas


(...)»


DAVID MOURAO-FERREIRA, in O CORPO ILUMINADO


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08/06/04

«O Aplauso dos Homens»

Não trago o coração mais puro e belo e vivo
Desde que amo? Por que me afeiçoáveis mais
Quando era altivo e rude,
Palavroso e vazio?

Ah! só agrada à turba o tumulto das feiras;
Dobra-se humilde o servo ao áspero e violento.
Só crêem no divino
Os que o trazem em si.

(HÖLDERLIN, Trad. Manuel Bandeira) ...in universos desfeitos


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As razões da sem razão... (onde é q já li isto?:->)

...já não me lembro, bem, ao que vim...ou antes, da razão porque vim...ou antes ainda, se a razão porque vim ainda justifica que por cá ande...porque será que até da dor que já passou temos saudade?



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Caríssimo, não resisti a "roubar-TE" isto, sorry...;-)

Abstracto Concreto



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05/06/04

"Foste um sonho mau"

Magritte

«(...)
Foste um sonho mau.
Infeliz.
Mas pelo qual eu morreria para poder sonhar.
Para repetir.
Do qual a ignorância seria insuportável.
Havia tanto brilho, tanto tu dentro.
Foste açúcar, no princípio.
Cândido e imaculado.
De uma doçura mordaz e viciante.
Mas depressa tomaste muitas cores.
Muitos sabores.
E em nenhum fui capaz de te reconhecer.
A dor faz parte da vida. Eu sei.
Só que o nada dói muito.
Não mede as consequências, os porquês ou as provocações.
A emoção do abismo debaixo dos pés.
Não soube quem era quando acordei.
Ou quem queria ser.
Mas achei que isso pouco importava.
Também nunca tinha sabido quem eras.
E isso não me roubou a beleza. A tua.
Ou a tenacidade dos momentos
(...)»

04/06/04

Lisbon Revisited
(l923)


NÃO: Não quero nada.
Já disse que não quero nada.
Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.

Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!

Tirem-me daqui a metafísica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) —
Das ciências, das artes, da civilização moderna!

Que mal fiz eu aos deuses todos?

Se têm a verdade, guardem-na!

Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.
Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.
Com todo o direito a sê-lo, ouviram?

Não me macem, por amor de Deus!

Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?

Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja da companhia!

Ó céu azul — o mesmo da minha infância —
Eterna verdade vazia e perfeita!
Ó macio Tejo ancestral e mudo,
Pequena verdade onde o céu se reflete!
Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!
Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.

Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!


(Álvaro de Campos)

03/06/04

"Saturei de lugares comuns acerca do amor"

PatéticoPoetaPalhaço

«...Saturei de lugares comuns acerca do amor. Saturei de concepções acerca dele, que mudam e oscilam ao sabor de conveniências. Saturei de amores impossíveis quando a única alternativa que me dão é, essa sim, absolutamente utópica. Saturei de lindas verdades acerca do amor muito a jeito para compôr lindos poemas. E estou saturado de me maltratar na esperança infantil de que me surja, uma luz, um anjo, a doçura...»

02/06/04

Uma das características do homem-pavão é a de só abrir o cu quando pensa que essa abertura lhe irá trazer "dividendos", ou seja: lhe irá beneficiar a imagem perante os outros seres.

Não lhe interessa interagir com os demais mortais; não lhe interessa esclarecer o que quer que seja; não lhe interessa, sequer, atentar n'"o outro" que tem na frente!...apenas lhe interessa ostentar as cores das penas, convencido que assim está tudo ganho...veja-se a firmeza com que se mantém na obscuridade, invisível ao olho alheio...até que lhe surja uma nova oportunidade para abrir o tal cuzinho!:->

01/06/04

«Bring Me The Disco King»

Reality - David Bowie - 2003

You promised me the ending would be clear
You'd let me know when the time was now
Don't let me know when you're opening the door
Stab me in the dark, let me disappear

Memories that flutter like bats out of hell
Stab you from the city spires
Life wasn't worth the balance
Or the crumpled paper it was written on

Don't let me know we're invisible
Don't let me know we're invisible

Hot cash days that you trailed around
Cold cold nights under chrome and glass
Led me down river of perfumed limbs
Sent me to the streets with the good time girls

Don't let me know we're invisible
Don't let me know we're invisible
We could dance, dance, dance thru' the fire
Dance, dance, dance thru' the fire

Feed me no lies
I don't know about you, I don't know about you
Breathe through the years
I don't know about you, I don't know about you
Bring me the disco king
I don't know about you, I don't know about you
Dead or alive, bring me the disco king
Bring me the disco king, bring me the disco king
Bring me the disco king

Spin-offs with those who slept like corpses
Damp morning rays in the stiff bad clubs
Killing time in the '70s
Smelling of love through the moist winds
Don't let me know when you're opening the door
Close me in the dark, let me disappear
Soon there'll be nothing left of me
Nothing left to release

Dance, dance, dance thru' the fire
Dance, dance, dance thru' the fire
Feed me no lies
I don't know about you, I don't know about you
Breathe through the years
I don't know about you, I don't know about you
Bring me the disco king
I don't know about you, I don't know about you
Dead or alive, bring me the disco king
Bring me the disco king
Bring me the disco king, bring me the disco king
Bring me the disco king, bring me the disco king
Bring me the disco king, bring me the disco king