Era uma vez uma menina...
...que vivia fechada no seu castelo. Há quem diga(?) que o lar dum homem é o seu castelo, eu direi que o duma menina também! Um castelo é assim a modos que um refúgio, ou uma prisão...vá-se lá saber... Adiante.
A menina que vivia no seu castelo...ou refúgio, ou prisão, seja lá o que for...tinha por hábito ficar à janela, horas sem fim, como que a sonhar um passado que não chegou a ser o presente que sonha o futuro. Via quem passava, via quem deixava de passar, via quem passava sem nunca ter chegado a estar. Com o tempo ia aprendendo os hábitos dos passantes, as horas de cada um, a frequência com que cada um passava pelo mesmo local. Alguns passavam uma vez sem nunca mais voltarem. Alguns ficavam muito tempo sem passar, mas um dia voltavam. Alguns reparavam na menina à janela. Alguns passaram a acenar-lhe sempre que passavam. Alguns até lhe enviavam um beijo. E alguns nem davam por ela. Com o tempo a menina percebeu-lhes os tiques. Percebeu quando passavam e nem se lembravam que ela os esperava. Percebeu quando passavam de mansinho para não lhe perturbar os sonhos. Percebeu quando passavam para lhe fazer ver que havia um mundo lá fora. Percebeu quando lhe lamentavam a prisão. Percebeu quando a culpavam pela cobardia do seu refúgio.
E nunca percebeu porque havia um que lhe acenava e lhe enviava o beijo e lhe compreendia a prisão e lhe perdoava a cobardia, mas...nunca a olhava nos olhos...
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Quando abarcarmos esses mundos e o conhecimento e o prazer que encerram, estaremos finalmente fartos e satisfeitos?,WW
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