07/02/04

DESPEDIDA

Como voltar sem te perder nesta viagem?

Como fazer p’ra te matar dentro de mim?

De cada vez que apunhalo a tua imagem

Tinjo o meu peito com meu sangue carmesim...



Como afastar o que nasceu p’ra ser unido?

Como furtar dum céu azul o astro-rei?

Como expulsar a tua voz do meu ouvido?

Como dizer ao coração que cumpra a lei?



Como viver com teu fantasma em minha casa?

Como varrer da minha pele o teu odor?

Como enterrar-te, de uma vez, em campa rasa?

Como é que eu faço? Diz-me tu, oh meu amor...


Aníbal Raposo, Lisboa, 2003-07-02

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