É claro que sou contra o aborto!

...e serei a favor do NÃO, apoiando a criminalização de todas as mulheres que cometam o crime de abortar, se...e só se!...

• criminalizarem, também, os gajos que as emprenham e depois as abandonam à sua sorte;
• criminalizarem, também, os gajos que as emprenham mais os restantes familiares - pais de ambos os lados, por ex. - que se recusam a apoiar e, pior, exercem todo o tipo de coacção física e psicológica para que o aborto se faça, fazendo supôr ser a única solução;
• criminalizarem, também, os senhores doutores objectores de consciência, mas que depois indicam um colega amigo, ou uma parteira amiga, ou 'aquela' belíssima clínica espanhola;
• criminalizarem, também, os moralistas bacocos e hipócritas que defendem o NÃO, supostamente em nome da vida, mas depois levam as mulheres, filhas, netas, às tais clínicas espanholas;
• criminalizarem, também, todos os que sabendo de maus tratos a crianças nada fazem deixando que, com o seu silêncio comodista, as mesmas acabem tantas vezes por ser selvaticamente assassinadas;
• criminalizarem, também, todos os que defendem o NÃO, supostamente em nome da vida, e viram depois a cara a uma criança abandonada;
• criminalizarem, também, todos os que resguardam os seus filhos dos indigentes colegas de turma achando que 'os seus' são demasido bons para se darem com 'gentalha da ralé';
• ...

...será que vale a pena continuar? Ou o melhor é criminalizar toda a sociedade nas suas mais variadas vertentes, todas elas contribuidoras para a falta de saidas para quem não tem capacidade (a vários níveis, porque para se educar um filho, com dignidade, não basta só querer e 'depois logo se vê!)... E, mesmo assim, ainda nos restaria aquela fracção mínima de mulheres que, por uma fatalidade do azar, engravidaram mas não desejam de modo nenhum as delícias da maternidade...e reafirmo 'fracção mínima' porque só mesmo por azar é que uma mulher que não quer engravidar, engravida!

Depois, também gostava que os tais moralistas bacocos me explicassem como é que, defendendo a vida, se pretende obrigar alguém a ter um filho contra vontade? Que amor será esse carregado como um fardo? Que direito tem alguém de lançar um filho ao mundo com base no 'depois logo se vê' numa sociedade cada vez mais desumanizada, mais individualista e egoista, sem a rede de apoio familiar que antigamente validava e apoiava esse 'depois logo se vê'?

E por fim: tendo em vista o resultado do último referendo porque raio é que a adopção de crianças abandonadas não acompanha a pretensa lógica do NÃO, PELA VIDA?!? Cambada de hipócritas!

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(Magritte)/"Quando abarcarmos esses mundos e o conhecimento e o prazer que encerram, estaremos finalmente fartos e satisfeitos?",WW