03/10/04

«INTERMEZZO
[in SULturas]
Tudo vale a pena, se a alma não é pequena.
Fernando Pessoa

...e o raio que os parta aos medidores de almas!

(...)
A razão faliu quando alguém disse que a tinha. A partir daí nunca mais se recuperou. Tem andado combalida e repartida pelas bocas de muitos safardanas. Felizmente a razão é sempre pouca coisa, face ao ter que ser da dialéctica. Quem tem consciência das coisas não precisa de fazer alarido das mesmas. A História começa a não ter espaço para tanta alarvidade.
Cada parágrafo que escrevo é talvez um orgasmo que não tive. Opções. Um orgasmo é um poema em linha erecta que dispensa palavras. Ser animal é uma realidade em que a matéria suplanta o fantasma presente na nossa vontade. No entanto, o Espírito é o mais complexo dos nossos vícios. Tão somente. A matéria, por seu lado, é a mais cruel das metáforas. E com isto tem de se equacionar toda a vida.
Inventar todos os dias para que a festa seja franca, esse é o mais nobre dos objectivos. Viver torna-se grandioso pelo acto simples de impregnar tudo com o melhor de nós. Esbarra-se depois com o Mundo, único gigante, inalterável na sua condição de estar sempre em mutação, e como tal, esmagador, distante, básico na sua monstruosidade e sub-reptício na sua afirmação. Mas também ninguém nos disse que a tarefa não iria ser árdua, ó meus congéneres. Disso sempre estivemos cientes, facto que nos renova agora e sempre.
Ouviram bem, ó suburbanos da Liberdade?»


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(Magritte)/"Quando abarcarmos esses mundos e o conhecimento e o prazer que encerram, estaremos finalmente fartos e satisfeitos?",WW

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