28/02/05

Gato


Que fazes por aqui, ó gato?

Que ambiguidade vens explorar?

Senhor de ti, avanças, cauto,

meio agastado e sempre a disfarçar

o que afinal não tens e eu te empresto,

ó gato, pesadelo lento e lesto,

fofo no pêlo, frio no olhar!



De que obscura força és a morada?

Qual o crime de que foste testemunha?

Que deus te deu a repentina unha

que rubrica esta mão, aquela cara?

Gato, cúmplice de um medo

ainda sem palavras, sem enredos,

quem somos nós, teus donos ou teus servos?


Alexandre O'Neill

***...***...***
(Magritte)/"Quando abarcarmos esses mundos e o conhecimento e o prazer que encerram, estaremos finalmente fartos e satisfeitos?",WW

27/02/05

A visitar...

«Um cão, eu sempre disse, é prosa;

Um gato é um poema


Jean Burden

***
[in insensatez]

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(Magritte)/"Quando abarcarmos esses mundos e o conhecimento e o prazer que encerram, estaremos finalmente fartos e satisfeitos?",WW

25/02/05

« Não se pode agradar a gregos e a troianos. Certo!
Mas pode-se estar cagando para todos...

# posted by elmano, in SULturas @ 1/31/2004 08:49:09 PM»



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(Magritte)/"Quando abarcarmos esses mundos e o conhecimento e o prazer que encerram, estaremos finalmente fartos e satisfeitos?",WW

23/02/05

Sinceramente...

...bastaria o prazer que me dá "propagandear" os textos que vou lendo por aí e me tocam de forma tal que só me apetece isso mesmo: "propagandear" e "obrigar toda a gente" a lê-los!, para me fazer andar por aqui intervalando com as minhas patacoadas...espero (desejo!) que essas mesmas patacoadas não vos afaste nem impeça de seguirem os meus desejos de leitura...ora sigam lá mais este link:

«Frase do dia: "És tu que, através da janela, olhas para a vida lá fora, ou é a vida lá fora que, através da janela, olha para ti?"»

...e acima de tudo atentem no texto que segue e que não me atrevi a cop&pastar...esse precisa ser lido na sua forma (gráfica) original, ou perder-se-ia uma boa parte da sua força!

...obrigada, mais uma vez, Ricardo...

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(Magritte)/"Quando abarcarmos esses mundos e o conhecimento e o prazer que encerram, estaremos finalmente fartos e satisfeitos?",WW

Ah, é verdade!...antes de encerrar o canavial de vez...

A M O - T E




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(Magritte)/"Quando abarcarmos esses mundos e o conhecimento e o prazer que encerram, estaremos finalmente fartos e satisfeitos?",WW

Sphinx
You are a Sphinx! You are mocked for your unusual
appearance, but you are very loving and
devoted. People just need to give you a
chance!


What breed of cat are you?
brought to you by Quizilla

[ahahaha, logo o único gato q detesto!...'tá-se mesmo a ver q os vapores ainda ñ se esfumaram...:->]

...teria preferido mt mais este:

Random cat
You are a Random cat! Also known as an alley cat or a mutt. You aren't given to high-falutin' ways, but you're accessible and popular. People love you for who you are, not what you are.


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(Magritte)/"Quando abarcarmos esses mundos e o conhecimento e o prazer que encerram, estaremos finalmente fartos e satisfeitos?",WW

Pensando bem, este canavial já deu o que tinha a dar...

...esgotada que está - ou parece estar, porque isto de se lidar com amoks tem muito que se lhe diga!:-> - a função deste canavial, perdão, blog!, à lá príncipe das orelhas de burro (melhor seria princesa, mas enfim... a minha modéstia não mo permite!:-> :-> :-> ) ...dizia eu, esgotada que parece estar a função de depósito de gritos d'alma - que nunca sairam lá grande coisa, mas...há almas teimosas com'o caraças! - bem!, concluindo...estou num dilema!...acabo com o canavial, perdão blog!, ou dou uma grande guinada à la gauche, como agora vai estar na moda; ou atiro com esta merda ao charco transformando os pretensos gritos d'alma em gritos histericamente provocadores do tipo de bater à esquerda, à direita, ao centro, no Sr. Lopes, no povão, enfim...no raio que os parta todos porque eu é que sou muita boa e sei tudo e nunca tenho dúvidas!!!...ah! e mais: a minha moral é abaixo de cão, logo todos a devem seguir!...ah! e também: todos me devem e ninguém me paga, logo eu posso mandar toda a gente à merda mas aqui só podem vir os que disserem muito bem de mim e me derem muitas estrelinhas!...'tamos entendidos!?????!

...vamos lá a ver se isto amanhã - quer dizer, daqui a umas horas - ainda dura, ou se não passa do resultado duns aromas etílicos novos que andei a experimentar!?...esta coisa de ser amiga de barmans é o que dá, raios...o que uma pessoa de bem não faz pelos amigos...;-))))

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22/02/05

Confesso que não entendo...

...porque raio anda meio mundo a bater no Sr. Lopes e o outro meio a querer bater sem lá chegar!?! Afinal o desgraçado mais não foi que o rosto da pandilha de oportunista que o seguia a caminho dos tachos. Não que os outros - antes e depois do Sr. Lopes - não tenham feito e não venham a fazer o mesmo...só que disfarçam melhor a coisa, só isso porra!


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Acho que já em tempos tinha deixado esta citação aqui...

...porque alguns insistem em ignorar o óbvio, volto a citar...

"Se a liberdade significa alguma coisa, será sobretudo o direito de dizer às outras pessoas o que elas não querem ouvir", George Orwell

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20/02/05

Um visionamente fora da agenda prevista...

«(...)Kinsey publica em 1948 o seu livro, Sexual Behavior in the Human Male, conhecido como Relatório Kinsey.

Os seus estudos ajudaram o sexo - todo o tipo de sexo - a sair do armário para a brilhante luz do dia e a sua obra é um sucesso. Porém, à medida que o país entra no período mais paranóico da Guerra Fria, Kinsey vê o mesmo estudo junto das mulheres ser apontado como um atentado aos valores americanos.
(...)
Parece que afinal ninguém estava preparado para saber os segredos mais íntimos das filhas, mães e avós da América.»

...à revelia do que tinha "agendado" dei comigo, hoje, a ser levada a ver este filme...

Parece que afinal pouco mudou desde então...fala-se mais, é certo, mas não se sabe mais sobre sexo e sexualidade...alguns dos "mitos" permanecem, muita da ignorância permanece - é assustador verificar como a nossa juventude continua ignorante apesar da quantidade que não gerou qualidade - enfim, somos mais libertinos, mas não somos mais livres!


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Confesso que me falta a pachorra...

...para artilhar "guerrilhas" destinadas a alimentar egos sub-nutridos!

Antigamente não. Antigamente ia a todas e envolvia-me nas patacoadas mais idiotas que me faziam desperdiçar recursos, mas isso era no tempo em que pouco mais tinha para fazer e também quando ainda achava que toda a gente tinha direito a que se lhe dedicasse algum esforço de entendimento. Hoje já não estou para isso. Aliás, há já algum tempo que me dou ao trabalho de seleccionar quem tem o direito de me chatear com birras de putos mal amados.

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Porque será que por vezes...

...nos parece estar o mundo contra nós?!?

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Depois do...

...Esclarecimento eleitoral do Elmano...já sei o que vou fazer daqui a umas horas...;-)))))


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19/02/05

Sabes que mais, meu querido...

...confunde-me que sejas tão ingénuo, afinal, ao ponto de não seres capaz de distinguir que quando te digo "és ingénuo" estou a ser irónica o suficiente para se perceber que de ingénuo terás muito pouco...ou nada!, logo...se o meu "és ingénuo" não quer dizer, exactamente, que "és ingénuo" que querá dizer, meu querido provocador de serviço!?!?

...afinal, és ingénuo...:->

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17/02/05

Não sei em quem votar...melhor!, NÃO ME APETECE DAR O MEU VOTO A NINGUÉM!!!

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«História de amor fora do prazo...

Os dois. No silêncio das impossibilidades possíveis.

(...)

ele e ela nós os dois eu e tu nós vós eles no verbo da nossa voz que se parte num único silêncio que grita.

Ele levanta-se paga e sai.
Ela recebe o troco e sorri.
No rádio toca: "Every time you say goodbye i die a little".»

RMM


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Os próximos visionamentos...


***


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16/02/05

Apetecia-me andar a distribuir isto lá no meu galinheiro!!!

»»Desabafo marafado««

»Descobri ontem por portas e travessas, que me consideram, quem não sei, um ser desequilibrado, embriagado, irreverente e perdido nesta província do Algarve. Estou comovido. Estou agradecido. Estou embasbacado! Estou sem palavras, exceptuando esta carrada de prosa avinagrada que me ficou atravessada. Ó pacóvios provincianos tagarelando sentenças coxas. Ó avantesmas raquíticas armadas em esclarecidas xaputas cosmopolitas, parolando como carapaus de corrida: numa terra irrelevante não há que ter qualquer relevância. Aplica-se à terrinha, à região e ao país. E quem se quiser insuflar de grandeza que estoire de flatulência longe de mim. O que vos poderei dizer da minha singela pessoa, que vossemecês já não o pressintam? Sim pressentir, que compreender é coisa de gente entendida. Nada. Mas um nada repleto de metáforas que me estoiram na boca e ressoam como gongos nas vossas insípidas existências. Arre! Vidinhas ancoradas na marina do tédio, com o mar da pouca coisa à vista. Irra! Fastio encalhado no molhe da ignorância, com a falésia da boçalidade debruçada sobre a alma. Eia! Mesquinhice enlatada para consumo de inveja avulsa. Porra! Via sacra da ostentação com dívidas, a desembocar no bacoco do faz-de-conta. Abrenúncio! Abomino a vossa felicidade a pronto pagamento e a vossa liberdade a prestações. Vade retro! Esboços de seres mal amanhados a dar serventia às excrescências deste mundo. Pé-de-cabra! Saloiice engravatada ao serviço do atraso mental civilizado. Tudo isto mesmo. Mesmíssimo.
E agora já chega que tenho de ir jantar.«

# posted by elmano @ 2/15/2005 09:23:00 PM, in SULturas
[o bold é meu...claro!:->]



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Gostei...

«e sabe que mais? estou outra vez bêbedo, mas vou sair e encarar a plenitude de uma noite clara e sentir todos os anjos sem sexo a poisarem no meu colo enquanto alimento com milho os pombos sedentos de fome na minha boca sem nexo.»Kude Bomba

...tudo o mais são "coisas básicas"...;-)

****

[a responsabilidade é do Luís... se tiver de pagar direitos de autor pela cop&pastagem vou ter contigo!!!]

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14/02/05

Ainda o ser feminino e o ser masculino...

(...)o Amor Maduro(...)

«(...)
O lado feminino

de Depardieu

Mas os tempos mudam e trazem consigo outras urgências: este é um amor maduro numa Tânger islâmica e globalizada, geografia das contradições do mundo contemporâneo segundo Téchiné. E a história de Antoine e Cécile é uma história descentrada porque há outros regressos, outras personagens, ou, como explicou o realizador ontem em conferência de imprensa, porque este "é um filme sobre a desordem da vida", "os sentimentos provisórios e os sentimentos definitivos". E é um filme físico, onde uma câmara nervosa, ao ombro se cola aos corpos dos actores, onde a natureza (hábito muito lá de casa de Téchiné) é convocada para o interior da narrativa, preside ao destino das personagens.

Sobre Deneuve, Serge Gainsbourg dizia que ela caminhava como um soldado, Mastroianni dizia que ela era como um prussiano. Depardieu afirmou em tempos que ela era "o homem que eu gostaria de ser". Deneuve respondeu que Depardieu era "um actor muito feminino".

(...)


Teoria do amor, segundo os sexos: "Os homens e as mulheres não amam da mesma maneira", explicou Deneuve. "Os homens deixam-se tocar menos [pelo amor], não é a grande história das suas vidas. Os papéis no filme foram praticamente invertidos." Depardieu não veio a Berlim, porque na véspera começara a rodagem do novo filme de Bertrand Blier. Mas Deneuve, que se confessou "confusa e inquieta, com uma certa febrilidade" ao trabalhar de novo com o actor (16 anos depois), reiterou: "As emoções, nele, são verdadeiras, e ele tem uma forma de lidar com elas que é muito feminina."»

in Público

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13/02/05

(...)
E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço,
Íssimo, íssimo, íssimo,
Cansaço...

Álvaro de Campos


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'Rostos e Almas'

«Que é um rosto? É algo em que se concentra o que há de mais íntimo e subtil de um corpo - mas, sobretudo, de um ser. No rosto, desenham-se sons inexprimíveis, vozes murmuradas, coros que são florestas. Existem elementos passivos, como o nariz e as orelhas, e factores activos, como a boca e os olhos. É no plano dos factores activos que encontramos uma escrita quase invisível, uma proliferação de sinais: um simples arquear da sobrancelha e há uma altivez que se ergue; uns olhos que se semicerram e há uma tentativa de compreensão; um olhar que se abre, atónito, e sente-se que o espanto rasga o rosto.

E a boca? Não há nela o mesmo encostar-se à espiritualidade, porque é feita de lábios e de uma língua que se esconde. Quando a língua se mostra, entramos no domínio da provocação, do insulto, da delinquência facial. Mas os lábios exprimem a ternura ou avaliam a capacidade de devoração. E por eles passa esse elemento inqualificável, esse sopro de vida, que é a voz. E por ele se respira até ao limiar da morte, que é o último suspiro.

Contudo, um rosto é acima de tudo um olhar de infinito onde penetramos com uma suavidade nupcial. Um infinito que passa por uma ruga, uma crispação, uma cintilação. Por uma física do infinito. Como é, maior do que todas, no seu rolar de absolutos divinos, a música de Bach.

O que Ingmar Bergman filma em "Saraband" (sem dúvida, um dos grandes filmes do nosso tempo) é, por um lado, a música que desloca os corpos e os cruza e descruza segundo cifras incompreensíveis. É, por outro lado, em primeiros planos de uma justeza vertiginosa, o enigma de um rosto, a sua dor, a sua alegria, o peso, a sua leveza. Há apenas um rosto que permanece inalterado, paralisado na sua forma de loucura e alheamento: o da filha de Liv Ullmann. Mas na última sequência, numa cena que toca o reconhecimento dos afectos que ligam os seres de uma forma sublime, ela abre os olhos para a mãe e qualquer coisa acontece.

O que Bergman filma de um modo extraordinário é a sucessão de acontecimentos que alteram o estado das coisas. Não se segue um fio psicológico, embora a psicologia esteja lá toda (sobretudo, na personagem interpretada por Liv Ullmann), que é quem dá o passo atrás, ordena as fotografias e funciona como espectadora privilegiada que participa sem se deixar envolver em excesso.

Mas é ela que desencadeia a narração ao decidir, quase trinta anos depois, ir visitar o seu velho e misantropo ex-marido, que vive numa casa da montanha rodeado de livros e pensamentos filosóficos. O que verificamos é que existe uma espécie de ambivalência entre o amor e o ódio e que ocorrem na mesma sequência: evoquemos o diálogo entre Liv Ullmann e o filho que o ex-marido odeia, e o modo como ele, sabendo que ela é advogada, pretende interditar o pai; ou depois da perturbação que o ex-marido tem com a notícia da tentativa de suicídio do filho, a forma como diz que ele "falhou tudo na vida". Mas é na dilaceração que estas viragens produzem, abrindo um vazio sem fundo, um abismo último, que vai acontecer essa sequência extraordinária em que o ex-marido se despe e pede à ex-mulher que também se dispa, para ficarem os dois lado a lado na cama, pobres, trémulos e despojados.»

Por EDUARDO PRADO COELHO
Sexta-feira, 11 de Fevereiro de 2005, in Público

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12/02/05

Pois é, meu amor...

...andamos a repetir-nos continuamente...

A memória coloca a fasquia demasiado alta para a realidade.

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10/02/05

Mas afinal o que é...

...escrita feminina e escrita masculina???

...escrita masculina???



Anais Nin, in "Fala Uma Mulher" »
...escrita feminina???

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08/02/05

Não sei explicar porque tinha tão certo...

...o feminino desta escrita..

no reflexo lunar da tua boca

deslumbram cem mil fagulhas vermelhas
e o amor – o teu nome escrito
pelo amanhecer dos eucaliptos
no ardor nocturno da minha pele –
também cresce na exaltação das mãos
que se alimenta desse crepitar

in, lfdsa

...em todo o caso gosto destas surpresas...e não gosto de continuar a não me encantar com as escritas femininas que chegam até mim...não é que não goste de algumas; não é que não ache algumas delas refinadas de humor, mas...daí a ficar encantada...afinal ainda não foi desta que consegui juntar uma ela ao meu top ten...

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06/02/05

Há imagens que me devolvem o prazer...

e me redimem comigo mesma!
***
...entretanto descobri 'isto' ...
Quero acabar como uma gata,
beber leite em tigelas de barro,
comer peixe fresco e fetos.
Quero ser uma gata para me deitar
entre os livros que estás a ler,
deixar pelos meus pela casa toda,
arranhar-te as pernas.
Quero acabar como uma gata,
para que me fales quando estiveres só,
convencido de que nunca te vou compreender,
rasgar-te papéis importantes,
extraviar adornos de valor.
Quero ser uma gata para de noite subir aos telhados
e ouvir-te desesperado a chamar-me:
Miau, miau, miau, miau...

- Zoe Valdez,
in Qual é a minha ou a tua língua?
Cem poemas de amor de outras línguas,
Assirio & Alvim -


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Garanto(vos) que não encomendo escrita ao Elmano...

...e também não tenho culpa se ele escreve o que eu preciso no momento em que eu preciso! Assim, este arremesso de poema não foi escrito para me "consolar" do dia horrível que tive no sábado...no trabalho, claro! Deixo um cheirinho cop&pastado e espero que vos suscite a curiosidade...

Lição de civismo

É feio matar gente
É feio bater em gente
É feio enganar gente
É feio exercer poder sobre gente
É feio não respeitar gente
É feio explorar gente
É feio não ser gente
É feio ser humano e foder a humanidade
É feio ser feio.

É feio pensar que se sabe demais
É feio não pensar
É feio odiar sem se ser inteligente
É feio ser inteligente e passar a vida a odiar
É feio não saber amar
É feio não se deixar amar
É feio perturbar o amor
É feio não saber o que é o amor.
(...)
É feio ter muitas coisas inúteis
É feio só ter ideias fúteis
É feio ser mesquinho e pouca coisa
É feio não ser higiénico
É feio ter merda na cabeça
É mais feio se a merda for própria e não de um pombo.
(...)
E para findar
É feio não ter coragem para ser livre
É feio tentar acobardar os que o tentam
É feio não saber o que é a liberdade
É feio em nome dela criar subtilmente novas repressões.

elmano @ 2/5/2005, in SULturas

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...entretanto o dia de sábado já passou e começo a questionar-me se...é isto que eu quero!???!
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hummmmm...

...apetece-me escrever...não, não me apetece!...apetece-me dizer...não, não me apetece!...apetece-me ser e não ser; apetece-me estar e não estar; apetece-me fazer e desistir...sei lá o que me apetece!

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04/02/05

Vou manter esta treta no topo até me fartar...

Quando tiver pachorra tenho de voltar aqui...

e "discutir" esta treta...:->

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Como ainda não tive tempo para "inventar" prosa própria deixo aqui um "cheirinho" muito melhor...;-)

«Porque a estas alturas do campeonato, pá, a verdadeira beleza é a minha. E a da minha mãe. E a da Toka que está prenha. E a da minha Mana que se pode gabar das curvas mais estonteantes que se passeiam por Lisboa. E a tua, cumcaralho, e caga lá para a merda das dietas, dos cremes e das cintas, que la vida son dos días e não estamos para aturar disparates de estilistas, modistas e cagões de merda que não têm mais nada que fazer que passar o dia a vomitar.

Ou porque se não envelhecemos é porque morremos cedo demais.

por rititi @ Quarta-feira, Janeiro 19, 2005 »


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'Un mot et tout est sauvé, Un mot et tout est perdu.'

«Chère imagination, ce que j'aime surtout en toi, c'est que tu ne pardonnes pas.»,A.Breton

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Apetece-me recordar...(2)'Coerente é a aflição de um peixe seduzido por um anzol'

«COERENTEMENTE

Coerente é o estrondo da bomba e toda a estilhaçada posterior.
Coerente é a birra da criança e por vezes o homicídio da avó.
Coerente é o cancro e o vírus mais teimoso.
Coerente é o sexo erecto e a irresponsabilidade do acto consequente.
Coerente é o sacana do Tempo e a queda de cabelo.
Coerente é a aparição de Nossa Senhora e o espanto com fé da tia Matilde.
Coerente é a barraca cabriolet e o chuto no Casal Ventoso.
Coerente é a vida do marinheiro e a gargalhada da puta reformada.
Coerente é o discurso demagógico e a taquicardia de um político.
Coerente ó o doido que diz ser Napoleão e a tesão da enfermeira que o trata.
Coerente é o vómito, a diarreia e a sangria.
Coerente é a lógica da sopeira e o assédio do patrão.
Coerentes são dois ocidentais sentados num Z3 e cem africanos num contentor.
Coerente é a fome negra por um pão e a cremosidade do molho do bife de pimenta.
Coerente é o salário mínimo e o feriado para dormir a sesta.
Coerente é o estilo que se cultiva e o talento de estufa ou aviário.
Coerente é a verborreia das ideias moles e a hemorróida solitária da erudição.
Coerente é o apito do comboio quando avista o corpo do suicida e muito mais coerente é o cadáver esquartejado que jaz por todo o lado.
Coerentes são as mamas da mãe.
Coerentes são as bebedeiras do pai.
Coerente é Cristo que nunca mais se desprega.
Coerente foi Marx por nunca ter tido uma Sony na sala.
Coerente é o cozido à portuguesa frente à onda das mac-aquices.
Coerente é o vinho tinto e a sonolência após duas garrafas.
Coerente é a xaropada da legislação e coerentes são todos os antibióticos sociais.
Coerente é a água benta, a aguardente e a água-pé.
Coerente é o sacerdócio e a masturbação.
Coerente foi a invenção do papel higiénico.
Coerente é Portugal armado aos cucos.
Coerentes são vinte e cinco por cento de portugueses na merda.
Coerente é a aflição de um peixe seduzido por um anzol.
Coerente é a boca de um canhão.
Coerente é a esterilidade do senso comum.
Coerente é o raio-que-os-parta a todos os que ficam abismados com as minhas incoerências.»

dabliudabliudabliu.sulturas.blogspot.com

» embasbacado, 2004-10-05
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Apetece-me recordar...(1)' o que me impede (...) é a inexistência dos cartões dourados e ilimitados'

«Ora vejamos, e porque não, como me orientar então

Ora vejamos, e porque não, como me orientar então nesta tempestade prenúncio de meia idade.
Qual ternura dos quarenta, qual dengosa aptidão familiar. Qual carreira, qual carapuça. Qual lar montado, qual alegria das raízes. Não senhor, nada de suaves enganos nem de vida equilibrada.
Somente com um ou mais cartões de crédito douradíssimos e ilimitados seria feliz. Porche alugado e jacto fretado. Alma embalada, vida aviada e estar de abalada. Nórdica de oitocentos euros hoje, nipónica de mil dólares amanhã. Vida peregrina em hotéis de cinco estrelas. Ser cometa humano sem trajectória definida mas com James Martins a horas certas. Pequeno almoço em Roma, t-bone no Oklahoma. Brioches com champagne às cinco na Côte D'Azur. Jantar pato em Pequim para cear bokwursts em Berlim. Retiro espiritual no Hilton do Bali, seguido de conferência de imprensa acerca do sentido da vida no Four Seasons de Bangkok. Asceta em lençóis de seda e profeta de jacuzzi baptismal. Saltimbanco sem destino, vestido com Armanis comprados de véspera. Camisas descartáveis, cuecas idem, peúgas aspas aspas, sapatos ibidem. Andarilho de profissão inscrita no passaporte. Poeta niilista sem meta prevista e com garrafeira à vista. Prosa elaborada inscrita apenas com o suor na toalha abandonada junto à marmórea sanita. Sem-abrigo de saudade mas com room-service nostálgico. Esteta do efémero, estátua em movimento, criador de partidas, sonhador em viagem, forcado de destinos, atleta de distâncias. Polaroid literária com registos diários para entrega imediata a fortuitos e ocasionais leitores, sem ficar com negativos. Dando de caras com o amor, diria a essa mesma flor que sou só pólen e a mais não sou obrigado. E quando a morte chegasse, deixar-me de frases profundas ou visões imundas, e dando o número do visa na recepção, trataria da cremação.
Voltando ao lugar de partida, sinto que o que me impede de tal odisseia é a existência dos meus filhos, lindos e aprumados. No entanto, ao anular a partida, vejo que o que me impede de concretizar a ideia, ditado pela consciência, é a inexistência dos cartões dourados e ilimitados.

» embasbacado, 2004-09-28

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03/02/05

'Dance Me to the End of Love'

Dance me to your beauty with a burning violin
Dance me through the panic 'til I'm gathered safely in
Lift me like an olive branch and be my homeward dove
Dance me to the end of love
Dance me to the end of love

Oh let me see your beauty when the witnesses are gone
Let me feel you moving like they do in Babylon
Show me slowly what I only know the limits of
Dance me to the end of love
Dance me to the end of love

Dance me to the wedding now, dance me on and on
Dance me very tenderly and dance me very long
We're both of us beneath our love, we're both of us above
Dance me to the end of love
Dance me to the end of love

Dance me to the children who are asking to be born
Dance me through the curtains that our kisses have outworn
Raise a tent of shelter now, though every thread is torn
Dance me to the end of love

Dance me to your beauty with a burning violin
Dance me through the panic till I'm gathered safely in
Touch me with your naked hand or touch me with your glove
Dance me to the end of love
Dance me to the end of love
Dance me to the end of love

Leonard Cohen



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(Magritte)/"Quando abarcarmos esses mundos e o conhecimento e o prazer que encerram, estaremos finalmente fartos e satisfeitos?",WW

'Mas não se preocupe, a solução pode estar aqui mesmo.'

«(...)Bebe mais do que a média razoável do que dez imperiais às seis da tarde? A sua namorada trocou-o pelo seu melhor amigo e respectivo animal de estimação? O seu pai tem mais cabelos do que você e consegue mais rat..., isto é, relacionamentos emocionais amorosos do que o amigo? A amiga acha que o seu namorado está gasto e velho e deseja o sr. Joaquim septuagenério reformado mas alimentado a viagra? Tem sonhos recorrentes de invadir a assembleia de república amarrado com uma cinta de explosivos e oom um cartaz em latim sobre os novos saldos no Jumbo? Acha que o punk rock ainda está na vanguarda de qualquer coisa? Sente que a sua vida é uma merda e que ninguém lhe arranja papel higiénico? Acha que este blog é um desperdício de ciberespaço e o seu autor um pseudo-intelectualóide armado em bronco depois de aviar umas minis na tasca de um centro comercial na periferia?

Não se preocupe! A resposta aos seus problemas pode estar mesmo aqui! AQUI!!!»

:-)))))))))))))))))

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(Magritte)/"Quando abarcarmos esses mundos e o conhecimento e o prazer que encerram, estaremos finalmente fartos e satisfeitos?",WW

ó Luis, átão os comentários, homem?!?

«Poesia?

desejo muito
um Beijo na Boca

posted by Luís F. Simões»

...pois, eu acho que se for ali prós lados da Boca do Inferno...é capaz de ser poético, sim!;-)

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(Magritte)/"Quando abarcarmos esses mundos e o conhecimento e o prazer que encerram, estaremos finalmente fartos e satisfeitos?",WW