«Então?? Que te aconteceu??
- Que me aconteceu, o quê?
- Deixa-te de tretas, pá.... Desapareces um dia inteiro...
- Hããã ???...
- Hããã.???...? Mas que diabo de resposta é essa?
- Que queres que te diga? Sabes bem onde me procurar...
- Que quero que me digas? Depois de uns dias em que parecias vir re-nascer em Lisboa dizes-me 'hããã???”' e queres que me fique?
- Ahhhh... isso???...
- “Isso”!?? Sempre gostaste de fazer mistério sobre essas tuas “ausências”! Cá para mim há moira na costa! Ou então...
- É mesmo “ou então”! Não pode haver mistério, os mistérios são impossíveis quando o que poderíamos esconder é tão óbvio que se porventura chegássemos a falar disso pareceríamos as gajas ao telefone a contabilizar a vida por períodos ( a “fecundidade” tem destas coisas.... períodos perdidos, períodos falhados, períodos contabilizados...). Mas, nem daria para contar. Ainda se tivesse interesse...
- Ah, eu logo vi, é sempre a mesma treta. Cá p’ra mim, com tanto desperdício ainda acabas outra vez a viver as ilusões dos outros e a obrigar-nos, a nós que somos teus amigos, a ter respeito pelos fantasmas que crias... Bahhhhhhhhhhh !
- Olha, queres mesmo saber? Estou-me a cagar para isso. Mesmo quando me obrigam a fazer de gelo para não recordarem o afago da minha mão, eu sou teimoso... Obrigo-vos, a vocês que são meus amigos, a respeitarem “a pessoa que adoptei”... Mas, sabes? Acho que ela está a aprender: reparei que naqueles olhos já existe “um não sei quê” que me convence que já lhe sabe bem voltar para o seu cantinho... O que quer dizer que estamos no bom caminho.»
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(Magritte)/
"Quando abarcarmos esses mundos e o conhecimento e o prazer que encerram, estaremos finalmente fartos e satisfeitos?",WW