10/01/05

Conversas de gajas...

- Então, como foi?
- Como foi o quê?
- Deixa-te de tretas, rapariga, conta...!?!
- Bahhhhh...
- Bahhhhh...???? Mas que diabo de resposta é essa?
- Que queres que te diga?
- Que quero que me digas? Depois duma semana de euforia dizes-me 'bahhhhh' e queres que me fique?
- Não há nada para contar.
- Não? Sempre gostaste de fazer mistério sobre esse teu amor secreto! O gajo deve ser uma peste, ou um monstrinho!
- Não me chateies! Não é mistério, não é amor secreto, não é peste nem monstrinho! Apenas não há nada para contar. Pelo menos com interesse.
- Ah, eu logo vi, não queres é contar. Cá pra mim, com tanto mistério, não passa mas é de mais uma das tuas fantasias e esse gajo não passa de mais uma das personagens das tuas estórias.
- Olha, queres mesmo saber? Eu também acho isso. Não existe, mesmo. Nunca existiu. Nada! Foi tudo fruto da minha fantasia. Eu, pelo menos, não tenho nada que demonstre o contrário. Nem a memória do calor do afago duma mão sobre a minha. Sabes? Estava tanto frio. Ou seria, apenas, eu que estava gelada? Não sei, sei que me soube bem voltar para o meu cantinho.

(Mas tanbém sei que lamentarei, sempre, terem-me roubado a possibilidade de ouvir 'o "Blue Note".... Art Blakey, Herbie Hancock, Freddie Hubbard, Michel Petrucciani ...' sob a forma de partilha...)




***...***...***
(Magritte)/"Quando abarcarmos esses mundos e o conhecimento e o prazer que encerram, estaremos finalmente fartos e satisfeitos?",WW

3 comentários:

Anónimo disse...

- Então?? Que te aconteceu??

- Que me aconteceu, o quê?

- Deixa-te de tretas, pá.... Desapareces um dia inteiro...

- Hããã ???...

- Hããã.???...? Mas que diabo de resposta é essa?

- Que queres que te diga? Sabes bem onde me procurar...

- Que quero que me digas? Depois de uns dias em que parecias vir re-nascer em Lisboa dizes-me 'hããã???”' e queres que me fique?

- Ahhhh... isso???...

- “Isso”!?? Sempre gostaste de fazer mistério sobre essas tuas “ausências”! Cá para mim há moira na costa! Ou então...

- É mesmo “ou então”! Não pode haver mistério, os mistérios são impossíveis quando o que poderíamos esconder é tão óbvio que se porventura chegássemos a falar disso pareceríamos as gajas ao telefone a contabilizar a vida por períodos ( a “fecundidade” tem destas coisas.... períodos perdidos, períodos falhados, períodos contabilizados...). Mas, nem daria para contar. Ainda se tivesse interesse...

- Ah, eu logo vi, é sempre a mesma treta. Cá p’ra mim, com tanto desperdício ainda acabas outra vez a viver as ilusões dos outros e a obrigar-nos, a nós que somos teus amigos, a ter respeito pelos fantasmas que crias... Bahhhhhhhhhhh !

- Olha, queres mesmo saber? Estou-me a cagar para isso. Mesmo quando me obrigam a fazer de gelo para não recordarem o afago da minha mão, eu sou teimoso... Obrigo-vos, a vocês que são meus amigos, a respeitarem “a pessoa que adoptei”... Mas, sabes? Acho que ela está a aprender: reparei que naqueles olhos já existe “um não sei quê” que me convence que já lhe sabe bem voltar para o seu cantinho... O que quer dizer que estamos no bom caminho.

(Já me imaginaste a ter que partilhar a audição do "Blue Note".... Art Blakey, Herbie Hancock, Freddie Hubbard, Michel Petrucciani ...' ??? Brrrrrrrrrrrrrr...)

Luís Almeida Fernandes disse...

As conversas de gajos são directas e vazias, as conversas de gajas são cheias de conteúdos fúteis e banalidades... Afinal onde é que se encontram conversas interessantes?!?!

amok_she disse...

«Afinal onde é que se encontram conversas interessantes?!?!»

...às vezes somos levados a imaginar que isso
e possível nas conversas de "gajos com gajas"!...às vezes isso até é possível...mas, na maior parte das vezes, não passa de sonho...