Atente-se, ou...um dia destes, do Homem diremos nada!
«(...)De certa forma, a História e a Memória ajudam a criar um modelo de cidadão indesejável nos tempos que correm, porque será necessariamente, pelo menos em parte, um Homem Velho por ter dentro de si o conhecimento, mesmo que parcelar e parcial, do passado. E os novos tempos querem um Homem Novo, o mais vazio possível para que seja possível impregná-lo com tudo aquilo que a propaganda de hoje quer fazer passar como sendo os valores essenciais da modernidade tecnológica, mas que mais não é do que a redução dos indivíduos a autómatos.
É Richard Sennett (A Cultura do Novo Capitalismo, 2007, pp 14-15) que escreve que nas condições instáveis e fragmentárias em que vivemos só um determinado tipo de ser humano está em condições prosperar e que um dos desafios a que deve responder é o da «renúncia», que se traduz numa «forma de desprender do passado».
O Homem Velho terá sempre a capacidade de fazer comparações e, nessa operação, aperceber-se da pequenez das figuras que hoje parecem agigantar-se apenas pela sombra que projectam devido aos holofotes que lhes colocaram por trás.
O Homem Novo tenderá sempre para ser crédulo e aceitar o que lhe é dado, porque nada tem de seu e tudo recebe de forma acrítica. O traço de personalidade típico do consumidor ávido de novidades, que «deixa de lado bens antigos, mesmo quando são perfeitamente utilizáveis» (Sennett).
(...)», in A Educação do meu Umbigo
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(Magritte)/"Quando abarcarmos esses mundos e o conhecimento e o prazer que encerram, estaremos finalmente fartos e satisfeitos?",WW