Nós e o outro (I)
Uma das desvantagens do envelhecer é que tudo começa a parecer-nos demasiado visto, demasiado conhecido, demasiado previsível. Quem diz tudo diz todos, toda a gente. Já (quase) nada nos surpreende, (quase) ninguém revela merecer o esforço do conhecimento e o encanto, o frenesim, da descoberta do outro começa a revelar-se uma aventura destituída de prazer, tal o cortejo de lugares comuns, de faz-de-conta, de máscaras, de imposições dum imaginário vazio e destituído de qualquer tipo de emoções e/ou afectos. Ainda o outro vem pra cá e já se lhe adivinha o pra lá...ainda a 'promessa' vem no ar e já se adivinha o desencanto... Enfim, envelhecer é perceber que (infelizmente!) já quase não nos enganamos e perceber, também, o quanto isso - agora! - nos é fatal. Ter razão, porque se aprendeu a ler os mecanismos antes mesmo deles se desenharem, é uma vitória demasiado amarga que a vida nos concede. Ou uma partida demasiado cruel.
No meio de todos estes ganhos-e-perdas da vida há uma coisa de suprema importância e que muito nos diz da nossa relação com o outro: o riso! A capacidade de rirmos com o outro marca a relação com laços bem mais inquebráveis que muitos outros tipos de partilha. Porque rir é difícil e fazer rir ainda mais. Encontrar alguém que nos faz rir, rir expontaneamente e sem um propósito definito de antemão, é um 'dom' que só a poucos é dado saborear. Encontrar alguém que nos faz rir, quando tudo nos levaria ao choro, é uma dádiva só permitida às 'almas gémeas' e, por isso mesmo, ninguém entende a razão daquele riso...
E perder alguém que nos facultáva o riso solto é perder uma parte da vida que, teimosamente, iremos tentar recrear num qualquer outro que se nos depare, daí para a frente, numa recusa perversa de enfrentar a verdade: o eterno retorno é uma farsa que nos vendemos numa vã esperança de eternidade! O que perdermos, nesta vida, nunca mais o recuperaremos!
No meio de todos estes ganhos-e-perdas da vida há uma coisa de suprema importância e que muito nos diz da nossa relação com o outro: o riso! A capacidade de rirmos com o outro marca a relação com laços bem mais inquebráveis que muitos outros tipos de partilha. Porque rir é difícil e fazer rir ainda mais. Encontrar alguém que nos faz rir, rir expontaneamente e sem um propósito definito de antemão, é um 'dom' que só a poucos é dado saborear. Encontrar alguém que nos faz rir, quando tudo nos levaria ao choro, é uma dádiva só permitida às 'almas gémeas' e, por isso mesmo, ninguém entende a razão daquele riso...
E perder alguém que nos facultáva o riso solto é perder uma parte da vida que, teimosamente, iremos tentar recrear num qualquer outro que se nos depare, daí para a frente, numa recusa perversa de enfrentar a verdade: o eterno retorno é uma farsa que nos vendemos numa vã esperança de eternidade! O que perdermos, nesta vida, nunca mais o recuperaremos!
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(Magritte)/"Quando abarcarmos esses mundos e o conhecimento e o prazer que encerram, estaremos finalmente fartos e satisfeitos?",WW
2 comentários:
Eu torci o nariz ao primeiro parágrafo, só quando li o segundo e o terceiro percebi que concordava ...
Pois...o primeiro parágrafo, sem o segundo...e o terceiro!, seria um lugar comum com a agravante de incorrer no erro das generalizações quase sempre absurdas, mas...para eu poder chegar ao último parágrafo tinha de passar pelos outros dois, sem eles por certo não conseguiria exprimir o meu desencanto com o ser humano...
É q esta nossa 'mania' de, mesmo se inconscientemente, fazer comparações torna-se quase compulsiva qd a 'oferta' é escassa de qualidade e, por outro lado, se fomos afortunado(a)s no q já se conheceu...
No entanto, acho q esta é uma sensação quase desconhecida dos jovens... felizmente!, mt mau seria se assim não fosse...e tb acho q,mais tarde ou mais cedo, todos 'lá vamos parar'...q eu só mt recentemente tenha começado a sentir e q, por isso mesmo, já vá começando a perceber melhor o q ouvia dos q considerava 'velhos' só pode, mesmo, ser sinal de q me tornei num deles...;-)
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