30/06/07

Comentário com direito a post...

Haja pachorra para tanta alarvidade...

...porque acredito na boa fé do Andreu V...

Então é assim:

Continuo a afirmar, neste caso reafirmar, já que o erro foi repetido na resposta, a ignorância acerca da realidade dos trabalhadores, nomeadamente os dos hipermercados que foram aqueles que nomeou como sendo os que 'gostariam de poder receber a dobrar, ao domingo (por exemplo)'.

Os trabalhadores dos hipermercados, ou seja os das grandes superfícies que, neste momento, trabalham até às 13h ou 14h, já recebem esse tempo (de domingo) a dobrar. Daí o erro que lhe assinalei, também porque sei que a grande maioria lamenta nunca poder estar um fim de semana inteiro com a família e os dias das folgas servem, apenas, para tratar de assuntos e/ou providenciar a orientação das lides domésticas (no caso das mulheres, claro!), já que o resto da família está no emprego e/ou na escola. Daí o segundo erro: 'Quanto a trabalhar ao domingo, o facto é que muitos trabalhadores preferiam trabalhar ao domingo e descansar noutro dia'. E a propósito esteve, há pouquíssimo tempo, a correr abaixo-assinados - nas tais grandes superfícies pelo menos - junto dos clientes para apoio da abertura aos domingos o dia todo, organizado pelas associações patronais. A adesão verificada, tanto quanto me foi dado observar, foi junto dos...consumidores!, e mesmo assim apenas nos que têm um horário de trabalho com o descanso semanal...ao sábado e domingo, claro!

Mas isto são...amendoins, meu caro! A questão - a verdadeira questão da modernização - não passa tanto por aqui, pelo menos no nosso país que tudo copia do estrangeiro, mas apenas aplica o que der mais lucro aos patrões! Repare-se que eu digo patrões e não empresários. O problema do nosso país e do seu contínuo atraso tem, como sempre teve deste o tempo 'da outra senhora', muito mais a ver com a falta de empresários/gestores e excesso de patronato e não dos trabalhadores ou das leis laborais, já que estas apenas têm servido como areia nos olhos para disfarçar a incompetência e a ganância do 'patrão português' que mal começa a ver um lucro(zito) desata a adquirir bens de consumo que lhe permita ostentar a riqueza roubada aos trabalhadores, em vez de investir em melhores condições de trabalho, em formação profissional, em melhores equipamentos, em técnicas mais produtivas, em estratégias de gestão equilibradas que permitam um crescimento real e não um balão de ar que rebenta ao mais pequeno toque, como seja uma crise ou um aumento(zito) dos vencimentos nos níveis mais baixos, sim porque para as camadas mais altas há sempre dinheiro para aumentos e não tão pequenos como isso.

'Mas com os níveis de produtividade portugueses, os salários baixos daí decorrentes(...)', este é outro dos seus erros! Os salários baixos não são decorrentes da falta de produtividade - e aqui concordo consigo: não é preciso, tanto assim, trabalhar mais, é preciso é trabalhar melhor!, mas quem é que organiza o trabalho? - a falta de produtividade é decorrente de muitos factores, sendo a apregoada preguiça do português a que menos pesa, já que é mais um mito que uma realidade, basta ver os casos de sucesso - poucos é certo, mas sempre de gestão estrangeira! - para se perceber que, nem por isso, os salários sobem na mesma proporção!

Os problemas de produtividade (ou ausência dela) prendem-se muito mais com a fraca preparação profissional - e lá voltamos de novo às politicas de ensino, ou à falta das mesmas, e à má preparação escolar, bem como o fraco desempenho das nossas escolas em manter os alunos interessados até ao fim, do que resulta um abandono escolar que já não devia ser admissível...se queremos ser avançados! - mas também com uma visão estreita duma grande parte do investidor português que entende como único resultado desse investimento a obtenção de lucro fácil e não de riqueza que se reinveste para criar mais riqueza, criando assim melhores condições de vida para todos. É só fazer uma análise da pseudo indústria portuguesa, quase toda sediada no norte - onde se trabalha, pois então! - e ver-se o abrir e fechar de fábricas, seguindo a lógica do sugar o mais possível e depois...ala para outras paragens explorar outros improdutivos e atrasados! Só ainda não consegui perceber como é que a região mais rica de Portugal - como eles gostam de se apelidar - é, também, a que mais pobres (abaixo do limiar mínimo de pobreza) tem!? Quer dizer, perceber eu até percebo, eles é que parece que não.

Mas esta coisa de criar 'riqueza que se reinveste para criar mais riqueza, criando assim melhores condições de vida para todos', também não deixa de ser mais uma utopia...ou não andariam as multinacionais a abrir e a fechar fábricas conforme a mão de obra se lhes oferece mais barata e parca de exigências de qualidade de vida. É esse o avanço, o desenvolvimento, que se pretende como vantajoso para os trabalhadores?

'Só por se dizer que o melhor é "flexibilizar" um pouco as leis mais restritivas (...) não quer dizer que queiramos voltar a impor a escravatura, antes pelo contrário.'...Começando pelo fim: também era melhor que a ideia fosse voltar à escravatura! Para isso bastam os asiáticos e os seus apregoados milagres económicos e, agora, os do leste europeu. Que se fechem as fábricas, por cá e não só, para as voltar a abrir lá para o leste, ou então para se passar a adquirir mercadoria de fabrico 'made in tailândia;malásia, china, e etc.' isso é de somenos importância, afinal o capital não tem pátria, né?! Mas não vale a pena meter as aspas(zinhas) no 'flexibilizar' porque eles não se vão ficar pelas ditas e muito menos por 'um pouco'! Nestes últimos seis anos já assisti a, pelo menos, duas restruturações, na empresa onde trabalho, com algumas 'dispensas' (a expressão soft para despedimentos) à mistura e não me pareceu terem sido necessárias alterações na legislação para tal suceder. E, ao mesmo tempo, apesar da subida de produção da empresa nem por isso os vencimentos foram aumentados um chavo...nesses mesmos seis anos!

Por tudo isto é que continuo a achar que anda meio mundo a falar pró ar...do que não sabe e, menos ainda, sente na pele!

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