«10.11.06
19:06 (JPP)
A DIFERENÇA ENTRE UM QUIOSQUE E A BLOGOSFERA
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São ainda poucos, mas são o primeiro destacamento, o destacamento loquaz, o que anuncia o que aí vem, os que ocupam o espaço público com as suas vozes no mesmo movimento com que um centro comercial se enche quando abre as portas às 10 da manhã, ou o prime time das novelas fica habitado das suas audiências, ou as praias do Algarve e os estádios de futebol se enchem.
Essas pessoas falam porque têm alguma coisa a dizer? Acrescentam alguma coisa ou são elas mesmo um sinal de cacofonia? Depende como se vê a questão: elas têm alguma coisa a dizer porque querem dizer alguma coisa - essencialmente que existem e que são elas que vão mandar, que são elas que já mandam. O que têm a dizer não é novo, é ruído, é pobre, é insignificante em termos culturais, estéticos, criadores, mas é a voz que fala cada vez mais alto, a voz que se ouve, a estática gerada pelas multidões e que exige ser ouvida nas sondagens, nas pseudo-sondagens dos telefonemas para dizer sim ou não, nas audiências da televisão, a que não quer esperar, não quer delegar, não quer aprender, não quer sofrer. Quer tudo e já, e só não o tem porque os "políticos" a enganam e desviam.
O número dos blogues significa que também, pouco a pouco, as massas das sociedades de massas chegam à Rede como nunca antes chegaram aos jornais ou chegam hoje à televisão. Trazem com elas aquilo que antes, nos primeiros parágrafos deste texto, chamei "selvajaria": não querem mediações, que são o poder do passado, o poder dos intelectuais, o poder dos antigos poderosos. Querem democracia "participativa", não querem democracia representativa, não querem saber de nada que possa significar privilégio dos sábios, ricos e poderosos. Não prezam a intimidade e a privacidade, porque no seu mundo não existem e não são valores, não prezam a propriedade porque a têm pouco, são anti-intelectuais, combatem todos os que parecem atentar ao seu igualitarismo funcional e punem-nos na Rede como gostariam de os punir cá fora: "é bem feito" é a expressão que mais se ouve por todo o lado. Miguel Sousa Tavares é "arrogante", o "povo" acusa-te de plágio; Eduardo Prado Coelho mandaste na intelectualidade durante muito tempo, leva lá com um texto falso para aprenderes que aqui somos todos iguais! Por bizarro que pareça, tudo isto foi escrito em linha, quer em caixas de comentários, as furnas da Internet, quer nos blogues anónimos e ignorados, os degraus superiores do Inferno.(...)» UFFFFAAAA, ainda bem que faço parte do restantes...10%!!!:=>
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(Magritte)/
"Quando abarcarmos esses mundos e o conhecimento e o prazer que encerram, estaremos finalmente fartos e satisfeitos?",WW
3 comentários:
Não é tanto do estado do mundo que se lamenta "o abruto" mas da perda de uma "situação de renda" em que a palavra estampilhada era legada a certas pessoas de direito divino, como nos bons velhos tempos, ora hoje essa palavra é contestada pela "plebe" e é isso que vai prostrando "o abruto".
Por mim não me faz diferença de fazer parte dos "90 por cento de lixo" como diz o abruto com uma prodigiosa modéstia, sabendo que o insulto vem do lado donde vem.
No fundo o que abruto não encaixa, é que apesar "desigual qualidade" da blogosfera o que ninguém nega, (a dita blogosfera não existindo na estratosfera mas na sociedade real), é o direito inalienável dos cidadãos de terem uma opinião e de a poder exprimir livremente sejam qual for as limitações.
Para além do grande cangaço que revela quanto ao futuro, será que "o abruto" disse alguma coisa de novo? Duvido.
O PUBLICO vai se recentrando politicamente mas não para o melhor.
Alberto
Cara Amok_she
Li este artigo do PP no Público, assim como já li outros dele sobre o mesmo assunto no mesmo jornal. Pelos vistos ele faz dinheiro com os 90% de lixo que anda na Blogosfera, porque temos de admitir se ele está tão bem informado àcerca desse lixo é porque o lê. Olhe só tenho uma coisa a dizer...ele tem mais tempo livre do que eu.
Uma boa tarde para si
A questão passa um bocado por aí: é a 'coutada' q está ameaçada por invasão das hordas - e assume-o qd afirma: 'Esse monstro fala -nos blogues e nos jornais - e nós não o queremos ouvir porque ele nos coloca em causa, coloca em causa o lugar que ocupamos.', mas... que culpa têm as hordas se as elites estão uma merda?!? É q de há mt a esta parte q aquilo q o grande e verdadeiro intelectual q é o JPP diz 'não é novo, é ruído, é pobre, é insignificante em termos culturais, estéticos, criadores'...
Enfim, quando as elites são pobres q mais se pode esperar das hordas...
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