19/09/05

Hoje deu-me pr'aqui...:->

Portanto, para vivermos entre os homens, temos de deixar cada um existir como é, aceitando-o na sua individualidade ofertada pela natureza, não importando qual seja. Precisamos apenas de estar atentos para a utilizar de acordo com o permitido pelo seu género e pela sua condição, sem esperar que mude e sem condená-la pura e simplesmente pelo que ela é. Eis o verdadeiro sentido do provérbio: "Viver e deixar viver". A tarefa, contudo, não é tão fácil quanto justa; feliz é quem pode evitar para sempre certas individualidades. Para aprender a suportar os homens, deve-se praticar a própria paciência em relação a objectos inanimados, os quais, em virtude de uma necessidade mecânica ou de qualquer outra necessidade física, resistem tenazmente à nossa acção. Para tal exercício, há oportunidade diária.

Arthur Schopenhauer, in 'Aforismos para a Sabedoria de Vida' fonte:

Uma das coisas que sempre me irritou, neste conviver diário com gente de todos os feitios/ tamanhos/ manias e maluquices, a paranóia da normalidade sempre foi uma das piores. Manias minhas - que também as tenho, pois então! - mas sempre me horrorizou a normalização de quem não sabe (ou não quer, em geral, por cobardia) ser diferente. A coisa começa logo na adolescência - que, antes, manias destas a poucos serão permitidas - quando queremos ser iguais ao grupo. Eu que sempre fui "alérgica" a grupos, já nessa altura!, insistia em desalinhar. Chame-se-lhe mania (e/ou necessidade) de afirmação, mas ver-me igual a outro(a)s era desistir de mim e do meu querer. Entrar numa loja onde via expostos vinte, trinta, modelos iguais (variando apenas no tamanho) era o mesmo que ver-me entrar numa linha de montagem. E que não se pense que a necessidade de afirmação pudesse vir duma personalidade algo diluida numa familia grande ucedia. A minha geração, pelo menos no meio onde fui criada, já começava a "funcionar" muito na base do "filho único" ou, vá lá dois filhos, mas bem intervaladoporque tal não ss. Foi o que me sucedeu, pelo que vivi praticamente até à pré-adolescência como filha única.

Depois vem a afirmação social. Usar determinada vestimenta conferia um certo status sócio-económico. Começa a grande afirmação pelas "grandes" marcas e ainda me lembro dum começo de "tentação" pela, essencialmente devido ao forte e profuso colorido, mas passou-me rápido até porque coincide, mais ou menos, com a chegada do "25 de Abril". Recusar a normalização do ser humano como o é feito para os pêros e maçãs deste nosso mercado a que se chama mundo é considerado, por muitos, como um "não saber viver com os outros"; sendo que "saber viver" com os outros parece ser não levantar ondas, não incomodar, não agitar as águas, na maior parte das vezes pantanosas e mal cheirosas. Questionar a operacionalidade duma ordem e respectiva eficácia - nem que seja, apenas, para entender o mecanismo que a despoletou é...ser indisciplinado ou, no mínimo, ser do contra! Chamar a atenção para o erro cometido e apontar caminhos para o evitar é...ser chata, chatíssima e complicada! Alertar para o erro, a fim de o evitar, porque por experiência própria já lhe sabemos o resultado é...ser ave de mau agoiro e antecipar problemas que ainda não existem. Racionalizar o dispêndio de energias e recursos na execução duma tarefa é...ser prepotente e maníaca da perfeição! Esperar dos outros o mesmo rigor usado na relação teoria e pratica é ser...dominadora! Por estas e outras é que prevenção - no nosso país, nos nossos locais de trabalho, nas nossas vidas em geral - é palavra aparentemente desconhecida no seu significado. Apagam-se fogos depois de tudo ardido. Trancam-se as portas depois do ladrão ter fugido. Trata-se a doença, mas nunca se faz profilaxia. Opera-se o doente quando às portas da morte. E por aí fora. Tentar ser coerente
e esperar honestidade é ser...intolerante com os outros.

Depois, um dia, descobriu-se este engraçado "outro" mundinho...o chamado virtual! E de como ele é perfeito para fazer de conta! Fazer de conta que se é o que nunca se conseguirá! Ah! Aqui todos somos perfeitos! Aqui todos somos honestos e batalhadores! Aqui todos somos o supra sumo nas nossas profissões! Aqui todos somos bons condutores! Aqui todos somos amorosos! Aqui todos somos uns modelos de pais e de filhos e de irmãos e de noras e de genros e de sogras e de...e de...e de...e de... Aqui somos todos amigos! Aqui...somos todos uma família!:->

E como em todas as (boas!:->) famílias...há as ovelhas negras! As ovelhas negras que estão sempre do contra; as ovelhas negras que insistem em dizer o rei vai nú; as ovelhas negras que nunca ressaltam as minúsculas coisas boas(?) que acontecem; as ovelhas negras que não bajulam; as ovelhas negras que não dão os amens a todas as bacoradas ditas pelos "mentores"... sim porque toda a boa pessoa precisa dum "mentor"! E assim se vão lavando as alminhas dos coitados que levam o dia a xingar do chefe, pelas costas claro que a vida não está para meter o pescocinho, do vencimento(zinho) mensal, no cepo. E assim se vão xingando os malandros da política que o são sim senhor!, mas com o bençãozinha destes "benfeitores" que nada mais fazem que não seja lamber-lhes o cú quando botam o voto lá no buraquinho devido; e xingar nas filas de tudo quanto é sítio porque neste país nada se faz, vai-se fazendo que para mais não nos pagam!:->

E assim prossegue esta nossa vidinha imbecil
* e mediocre*...no real! E a nossa vida maravilhosa no...virtual!

Nossa uma pinóia!...que eu sou, sempre fui e serei!...a ovelha negra! A desbocada cuja função é berrar que o rei vai nú! A empata-fodas que oferece lentes de aumentar a todos os míopes mentais!

Desculpem lá "meus amores" (virtuais, ou menos virtuais!) como dizia aquele senhor ali em cima que percebia umas coisas disto: «feliz é quem pode evitar para sempre certas individualidades» e eu...evito-as!...aliás, fujo delas a sete pés!...é que me falta, de todo, a pachorra para testar a tenacidade dos tais objectos inanimados que é como quem diz uma alegoria aos pêros e maçãs normalizadas, ou duma forma mais...agressiva!:->...os medíocres e imbecis que se embasbacam frente aos 'bigsbrothers' e/ou aos blogs a fazer de conta que são o que nem em dez encarnações conseguiriam ser!:->

*imbecil
do Lat. imbecille

adj. e s. 2 gén., fraco de espírito;
parvo;
idiota;
néscio;
cobarde.

*medíocre
do Lat. mediocre

adj. 2 gén., mediano;
meão;
que está entre o bom e o mau;
ordinário;
insignificante;
s. m., aquele ou aquilo que tem pouca qualidade, pouco valor, pouco merecimento;
esc., classificação escolar entre o mau e o suficiente.

(Magritte)/"Quando abarcarmos esses mundos e o conhecimento e o prazer que encerram, estaremos finalmente fartos e satisfeitos?",WW

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