03/02/06

Não tão pouco sério assim...

«Enquanto se não distinguir entre as suavidades e as delicias do amor "épicurien" e do Amor com um grande "A" entre "engagements" fidelidades e outras coisas afins não há alternativa. Pergunto para comigo se o velho J.P.Sartre e sua companheira Simone de Beauvoir não teriam tido razão antes da hora. Claro que todas as convicções são respeitáveis, mas entretanto a romântica historia vai andando aos solavancos por poeirentas estradas sem fim...:-))»

...pois!, a 'estória romântica' vai andando aos solavancos...até parar de vez, em tantos casos...

Gostei que tivesses referido o par 'mítico' da relação amorosa perfeita * ...sabendo-se, já, que o não foi, mas com alguma (muita!) da razão que assistia ao desejo de amar e ser livre sem que uma 'coisa' inibisse a outra...tiveram razão antes de tempo, até porque esse tempo ainda está (muito!) longe de chegar...




(Magritte)/"Quando abarcarmos esses mundos e o conhecimento e o prazer que encerram, estaremos finalmente fartos e satisfeitos?",WW

17 comentários:

Maite disse...

Cara Amok_she
Não penso que a relação supostamente amorosa de Sartre e Beauvoir o fosse sequer(parece que você está também de acordo). Penso que era mais uma relação sexual e intelectual sobretudo. Hoje incomodam-me aquelas cartas que eles escreviam um ao outro contando as aventuras extra relação (deles) em que sempre, ou quase sempre, denegriam os tais amantes. Parece-me tão mau quanto, hoje em dia, é o swing.

Boa noite :)

P.S. Oops...hoje em dia não suporto Sartre.

amok_she disse...

...parece q voltamos ao(s) triângulo(s), né?!?;-)))

...ñ tenho, sequer, a veleidade de pretender discutir Sartre, mas apenas...a ideia base q me ficou da relação JPS/SB q sempre me atraiu como...ideal!, se e só se ela fosse pa[o]ssível de ser vivida por todas as partes em plena liberdade o que pressuporia ausência de sofrimento causado pelas partes entre si...

...em relação às cartas e seus conteúdos...a cumplicidade levada a extremos ñ se compadece com essa "ética" q manda ñ se falar dos ausentes, em especial se for para dizer mal(?)...a questão é q tb não seria suposto tornarem-se púbicas cartas escritas na intimidade dessa cumplicidade...e aí os seus autores estarão, por certo, inocentes...a culpa é desta nossa maldita mania de passar para a escrita tudo o q nos vai na alma...e azar o de quem tem com quem o fazer...mais tarde ou mais cedo, essas cumplicidades, pagam-se caras, mt caras...qt mais não seja o julgamento dos moralistas no post morten...:->

amok_she disse...

«Penso que era mais uma relação sexual e intelectual sobretudo.»

...desculpa lá, mas esta ficou a fazer-me cócegas...;-)

...ñ serão estes itens, tb, componentes da relação amorosa?...e se a mesma se basear, essencialmente, nestes deixa de o ser?, ou tem menos valor?...e se eles estiverem ausentes, a relação tem futuro?

919 disse...

100% de acordo com a Amok... Uma relação (e penso que não necessariamente uma relação amorosa) sem uma relação sexual e sem uma relaçao intelectual não é sequer uma relação!...

ab disse...

Historiquement nous voyons se mettre en place au quotidien des comportements qui différent sensiblement de ce que furent ces mêmes comportements il y a "vingt" ou "trente" ans. Est-ce l’œuvre de minorités ? C’est possible.
C’est le genre de question que je me garderais bien d’aborder autrement que de mon point de vue à moi, car elle m’interpelle individuellement, dans mon individualité concrète. Lorsque je cite S.Beauvoir et Sartre, je ne le fais, que dans mesure ou leur expérience pourrait pointer des "possibles" au regard de ma propre subjectivité, en matière de "responsabilité" et d’"égalité" au sein du couple.
Je laisse les généralités aux théoriciens qui ont abondamment écrit sur le sujet. Il me paraît bien plus intéressant, que nous parlions en notre nom et de notre point de vue… à "nous".

ab disse...

“Não penso que a relação supostamente amorosa de Sartre e Beauvoir o fosse sequer(parece que você está também de acordo). Penso que era mais uma relação sexual e intelectual sobretudo.”

Não estou de acordo com a Maite. Se assim fosse como considerar esta resposta de S.Beauvoir a uma jornalista a propósito justamente da sua relação com J.P.Sartre?

« Ce qui m'attriste, c'est lorsque, pour une raison ou une autre, le couple ne reste soudé que par habitude ou par la pression sociale… Lorsque deux êtres se sentent liés sans pour autant s'aimer, ce qui était libération et plénitude se transforme en angoisse et en prison. Sartre et moi n'avons jamais habité ensemble et avons toujours considéré que nous étions libres de chaînes nous liant l'un à l'autre. Si nous sommes restés unis toute notre vie, c'est parce que nous nous aimions profondément et que, librement, nous avions toujours envie de revenir vers l'autre. Cela, c'est la plus belle chose qui puisse arriver à un être humain. L'amour donne force et courage pour affronter le monde et la vie, à deux et non plus seul. C'est beaucoup! »

Simone de Beauvoir

ab disse...

Pouco antes da morte de Sartre, S.Beauvoir dizia mais adiante na entrevista a essa mesma jornalista:


« Que l'on soit pauvre, que l'on soit marginalisé, que l'on soit malade importe peu -ou importe beaucoup moins- lorsque l'on se sait aimé et que l'on aime tout autant. Sartre est aujourd'hui très malade; il est presque aveugle et ne peut plus écrire par lui-même: c'est aujourd'hui ma plume qui trace les mots qu'il veut immortaliser. Pourtant, sa vie n'en est pas vaine pour autant, car nous nous aimons. D'un amour particulier et original, mais d'un amour authentique et inébranlable, un amour nécessaire, qui a traversé le temps avec nous. L'amour entre deux êtres donne accès à l'absolu, cet état que nous recherchons souvent n'importe comment (avec la consommation de drogues, d'alcool, de biens matériels, avec la recherche de pouvoir sur les autres, etc.). Ce sentiment de plénitude permet enfin aux angoisses existentielles des êtres humains de disparaître ou de s'atténuer. »

Simone de Beauvoir

Maite disse...

Cara Amok_she
Nem eu pretendo discutir Sartre, longe de mim ;)
Sartre inocente???!!!! não me parece. No fundo, era um cínico.
Eu sei que temos pontos de vista completamente diferentes em relação a relações amorosas (românticas). Penso que estas não se compõem apenas de sexo e intelecto. Mas também não sei explicar o que têm a mais. Mas que têm, têm...tenho a certeza.

Cara Lélé
Não estará a ir longe de mais?!!!!

Caro Albertobei
Não consigo responder-lhe adequadamente porque o meu Francês não é suficientemente hábil para o entender. Mas penso que a liberdade absoluta de que falam é incompativel com uma relação a dois saudável, como também aniquilar-se por causa do outro o é.
Eles próprios fizeram questão de mostrar ao mundo que a relação que eles mantinham tal como a mantinham era a ideal, só que se esqueceram de ver(por excesso de centrismo em si próprios?) que seria o ideal para eles mas não para milhões de outros. E esta entrevista de Beauvoir é no mínimo patética (desculpe-me a franqueza)

Boa noite :)

ab disse...

Se é assim que vês as coisas não vejo razão para te contradizer.
Cada um determina-se como sente e pensa, tratando-se de algo que toca a parte mais intima e sensível de cada individuo.
Ninguém detém nesse domínio a receita milagrosa,
mas entretanto se permites, convém comigo que os comportamentos,se vão modificando,(eu diria mesmo evoluindo) mas é uma questão de ponto de vista. Nessa matéria como noutras os comportamentos sociais vão-se modificando...

Também a ti desejo uma boa noite.
:))

919 disse...

Não, Maite, não acho que estou a ir longe de mais. Sexo e intelecto são coisas que temos intrinsecamente e que estão naturalmente presentes em todas as nossas relações com os outros.

Quanto à relação de amor que uniu Sartre e Simone, era, sem dúvida, invejável, penso. Livre e verdadeira, como qualquer relação de amor supostamente deve ser.

amok_she disse...

«Je laisse les généralités aux théoriciens qui ont abondamment écrit sur le sujet. Il me paraît bien plus intéressant, que nous parlions en notre nom et de notre point de vue… à "nous".»

...ah, meu caro...mas isso mexe tanto com "coisas" tão "nossas" q a maioria ñ se sente capaz de o fazer...qt mais em público!;-)

amok_she disse...

«"responsabilité" et d’"égalité"»

...é a chave-mestra de qq relação, mais ainda de qq uma q exija co-habitação... mas "este povo" não o entendes...e parece q o masculino ainda menos...

amok_she disse...

«Penso que estas não se compõem apenas de sexo e intelecto.»

...e onde foi, aqui, dito q se compunham...apenas...???

amok_she disse...

«Nessa matéria como noutras os comportamentos sociais vão-se modificando...»

...nem tanto assim, meu caro, nem tanto assim...é ver-se como as ideias do "couple" citado são, ainda, estranhíssimas para a maioria...diria mais:extravagantes!;-)

amok_she disse...

...minha cara maite, não vejo em q se pode entender a entrevista de SB como patética...

...mas devo referir, tb, meu caro Albertobei q a dita relação não foi tão ideal como se imagina - ou como nós gostariamos q tivesse sido já q não nos é permitido uma semelhante - como se quer fazer crer em certos círculos...o q ela teve de livre e verdadeira - e utópica, até hoje! - muito se ficou a dever mais a ela que a ele!...ao que parece ele, como ser humano no trato com as mulheres (com todos "os outros"?), não tem muito que se lhe aponte de abonatório...há até quem defenda q o verdadeiro intelecto era o dela e q se deixou apagar por ele - pelo amor a ele? - não esqueçamos q, na época, o poder do macho era ainda mais preponderante q hoje...e q ñ mudou grande coisa, diga-se de passagem, daí continuar a ser uma perfeita utopia pretender-se uma relação amorosa...aberta!...se essa pretensão vier da mulher...ñ há responsabilidade & igualdade que o valha...macho q é macho sobe as paredes e nada feito: ou há exclusividade...em tudo!, ou nada feito...depois admiram-se q aquele 'tudo' seja tão pobre, mas tão pobre que até dói...

amok_she disse...

«(...)penso que a liberdade absoluta de que falam é incompativel com uma relação a dois saudável(...)»

...restaria perceber o q se entende por "liberdade absoluta"...essa, penso eu, nc será possivel desde q se viva em sociedade...duma forma ou de outra somos sempre permeáveis a uma ou outra pressãozinha socializadora e se ñ for dessas, teremos as dos afectos...

...continuo a afirmar q a maior prisão é a de amarmos alguém, pq ao amarmos isso nos inibe de fazer determinadas coisas q estão de acordo com as nossas ideias, os nossos desejos, ou mesmo os nossos parâmetros morais, mas...o simples facto de sabermos q, ao executá-las, vamos magoar quem amamos isso corta-nos a liberdade...e é com isso q aqueles q ñ sabem amar com responsabilidade e igualdade nos limitam, nos sufocam, nos...matam o amor!

...não entendo onde está a saúde duma relação q se firma no cumprimento de regras q são externas às pessoas q estão dentro dessa relação... por isso entendo q, desde q as regras sejam claras, precisas e aceites por todas as partes...essa questão da fidelidade é tanga!...o q conta é a lealdade de se enfrentar as evoluções mútuas - dos elementos e da própria relação - e permitir-nos discutir abertamente os grãozinhos de areia q entram na engrenagem...se são calhaus, bahhhh, nem vale a pena...ñ existe relação...e se calhar nc existiu...só q as pessoas gostam mt de fantasiar... para si e para os outros...

amok_she disse...

...e depois, resumindo e concluindo, nenhuma relação q se mantém pra lá de tempestades; de idas e vindas; de terceiros; de desgostos e angústias; das fraquezas físicas e não só...e que se mantém ao longo de anos e anos...até q a velhice/morte os separe...dessa relação não poderá, nunca, colocar-se em dúvida o amor q a alimentou...

...que tipo de amor(es), isso já é outra questão...