29/01/07

Continua a fazer-me muita confusão que um dos argumentos dos defensores do NÂO se fundamente na defesa das suas fortes convicções. Ok, mas...porque raio é q eu tenho de desgraçar a minha vida por causa da defesa das convicções dos outros?
É que, eu, defendendo em última análise o meu direito de decidir da minha vida, segundo as minhas convicções, não pretendo de modo algum obrigar quem quer que seja a fazer um aborto contra a sua vontade e convicção...porque raio tenho eu de ter um filho se não me sentir preparada para tal?


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(Magritte)/"Quando abarcarmos esses mundos e o conhecimento e o prazer que encerram, estaremos finalmente fartos e satisfeitos?",WW

E se...

...se deixassem de merdas invocando a Ciência para justificar questões morais que se prendem primordialmente com decisões da ordem da consciência de cada umA?!? Até parece que, ao escudarem-se com a Ciência, se esquecem que o que hoje é verdade amanhã pode ter outra...verdade! Já agora também seria bom que todos aqueles que decidem em consciência da ordem do religioso se deixassem de merdas porque quem não está dentro dessa ordem também tem direito a decidir...quanto mais não seja da sua própria vida! Estes também parece esquecerem que, em última análise, se necessário for escolher-se entre a vida da mãe e a do filho que vai nascer, em geral, opta-se pela mãe e quase ninguém parece ficar chocado com tal decisão...
Deixem-se de tretas com discussões pseudo-filosóficas - pois a Ciência ainda não provou de forma insofismável qual o exacto momento em que começa a vida...humana! - e decida-se do que é possível decidir: acabar com a vergonha de proibir o que ninguém deixa de fazer...se tiver de o fazer!, para depois fingir-se que não existe, fechando os olhos ao cumprimento duma lei, ao que parece, todos acharem estúpidamente impraticável...até As que votam NÃO e depois vão abortar a Espanha.

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28/01/07


O meu amor tem lábios de silêncio
E mãos de bailarina
E voa como o vento
E abraça-me onde a solidão termina

O meu amor tem trinta mil cavalos
A galopar no peito
E um sorriso só dela
Que nasce quando a seu lado eu me deito

O meu amor ensinou-me a chegar
Sedento de ternura
Sarou as minhas feridas
E pôs-me a salvo para além da loucura.

O meu amor ensinou-me a partir
Nalguma noite triste
Mas antes, ensinou-me
A não esquecer que o meu amor existe.

Jorge Palma
1982

(obrigada...)

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27/01/07

O caro Rui irá desculpar-me, ou não...vai dar no mesmo!

Mas...este seu link 'O Piano "Pour Lídia" para o Macro até o autor reclamar autoria' no seu Macroscopio sempre me pareceu ter algo que não (me) batia muito bem. Na altura não me ocorreu o porquê e, verdade se diga, nunca fui muito de ligar a essas mariquices dos direitos autorais aqui por estas bandas. Também não tenho estado, minimamente, com pachorra para me deter nestes pormenores, mas...desde quando é que o dito 'pour lidia' foi determinado ser 'para o Macro'??? E desde quando é que isso de ser para...tem a ver com o autor propriamente dito???

Ora vamos lá a ver: este 'pedacinho de música' - ou seja: o respectivo ficheiro - foi-me oferecido (por transferência de ficheiros pessoais) pelo executante. Como já expliquei, a autoria sempre me foi (mais ou menos) deixada em suspenso e algumas vezes cheguei a suspeitar ser do próprio executante, pelo menos na forma de algum tipo de variação. Após a oferta passei a usá-la como tema musical da minha página pessoal sobre Florbela Espanca, já lá vão uns bons aninhos, tendo esta terminado quando os senhores todo poderosos do Terravista decidiram extinguir o alojamento de páginas e, por isso mesmo, perdi tudo o que tinha construido. Sorte a minha que tinha alojado o 'pour lidia' no servidor do Geocities, numa outra página minha - Antigona - e assim conseguindo continuar a usar o ficheiro.

Assim sendo, fica a coisa resumida nestes termos:

  • o dito ficheiro não foi feito, ou gravado, ou oferecido...para o Macro!
  • o dito ficheiro não tem o autor identificado, mas dada a forma como foi colocado na net e, apesar de não estar vedado o seu uso, seria no mínimo de bom tom que sempre que fosse usado se fizesse referência à sua procedência com o respectivo link, como também é de bom tom fazer-se com todas as 'pescagens' que fazemos;
  • o dito ficheiro está alojado num directório de ficheiros de alguém que está devidamente identificado, tanto quanto é necessário em termos cybernáuticos, para que se torne ridícula a menção 'para o Macro até o autor reclamar a autoria'! A coisa não será bem assim; o autor até pode nem reclamar nada, mas...eu posso apagar o dito ficheiro do dito directório, do dito servidor onde eu tenho a minha página!
Ou seja: neste momento a única pessoa que pode reclamar alguma coisa sou eu!, já que o possível autor e certamente, sem ponta de dúvida, o executante deixou de poder fazê-lo! Não fosse o facto de, ao ouvir este som, ficar (em desespero de causa) com a sensação de, assim, poder guardar um pouco de quem mo ofereceu e apagaria mesmo!, já que a partilha neste momento me parece algo obscena...

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22/01/07

Sei que há tempos me enviaram dois (acho que apenas dois, mas...já não garanto nada) daqueles inquéritos que por aí andam sobre a blogosfera, ou mesmo sobre a net em geral. Acho que respondi a um deles e fiquei com a sensação de estar em falta com outro, só que...não encontro o mail respectivo. Se por acaso assim foi ficam, desde já, apresentadas as minhas desculpas com a garantia de que tal falta a tudo se pode atribuir menos à falta de consideração por quem teve a amabilidade de achar, mesmo que ao de leve, que eu teria alguma coisa minimamente interessante para dizer.

19/01/07

Uma reflexão muito boa...

Sobre a natureza humana

«(...)Marx escreveu antes de Freud, e também não conheceu os abismos a que humanidade desceu depois da sua morte, no “curto século XX” – ou seja, ignorou na sua reflexão as categorias filosóficas fundamentais da animalidade e da maldade. Será o altruísmo um requisito essencial do socialismo? E poderá haver comunismo com homens imperfeitos, como os homens são? Não sei.»
Janeiro 16, 2007 | por António Figueira, in



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Continuo sem a minha lista de Links, do Blinkar, sem perceber pra onde ou como se escafedeu daqui.

A pachorra para as buscas do possível porquê tem sido nula, nestes últimos tempos, pra isso e pra tantas outras coisas; verdade se diga que me apetecia a possibilidade, mítica, de parar o tempo e...fazê-lo retroceder um pouco! Não que seja coisa minha perder-me no que passou - seja pra remoer, seja pra lamentar - pra isso mesmo tento guardar as memórias perdidas...podem, um dia, vir a fazer-me falta, se mudar e decidir passar a perder tempo olhando pra trás. Mas...a morte - essa deusa negra a quem tantas vezes apelávamos, lembras-te?!? - prega-nos sempre a partida quando menos esperamos e rouba-nos os tempos...o tempo de dizer o que não dissemos; o tempo de reformular o que dissemos querendo dizer outra coisa; o tempo de reparar o que dissemos quando deviamos estar calados; o tempo de ser e estar com quem amamos...

Pode ser que um dia destes eu consiga descobrir pra onde se escafederam os meus links...já que do resto não conservo grandes esperanças de re-encontrar...


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14/01/07

elmanias: "Tenho basicamente nada para dizer e como tal escrevo"


[...agora parece-me um eco...ou o espelho que me obrigará a olhar a realidade de frente...]

«Mas... quando não se lê o que se quer e o que se ouve é um murmúrio saudosista, que outro remédio senão o de dizermos o que não lemos e de escrevermos o que gostaríamos de ouvir?»'Quid Novi?'
[JR, 1955-2007]

Não morreste...morreste-me...

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(Magritte)/"Quando abarcarmos esses mundos e o conhecimento e o prazer que encerram, estaremos finalmente fartos e satisfeitos?",WW

Só hoje entendi 'isto'...pena que seja tarde demais...

«Então?? Que te aconteceu??

- Que me aconteceu, o quê?

- Deixa-te de tretas, pá.... Desapareces um dia inteiro...

- Hããã ???...

- Hããã.???...? Mas que diabo de resposta é essa?

- Que queres que te diga? Sabes bem onde me procurar...

- Que quero que me digas? Depois de uns dias em que parecias vir re-nascer em Lisboa dizes-me 'hããã???”' e queres que me fique?

- Ahhhh... isso???...

- “Isso”!?? Sempre gostaste de fazer mistério sobre essas tuas “ausências”! Cá para mim há moira na costa! Ou então...

- É mesmo “ou então”! Não pode haver mistério, os mistérios são impossíveis quando o que poderíamos esconder é tão óbvio que se porventura chegássemos a falar disso pareceríamos as gajas ao telefone a contabilizar a vida por períodos ( a “fecundidade” tem destas coisas.... períodos perdidos, períodos falhados, períodos contabilizados...). Mas, nem daria para contar. Ainda se tivesse interesse...

- Ah, eu logo vi, é sempre a mesma treta. Cá p’ra mim, com tanto desperdício ainda acabas outra vez a viver as ilusões dos outros e a obrigar-nos, a nós que somos teus amigos, a ter respeito pelos fantasmas que crias... Bahhhhhhhhhhh !

- Olha, queres mesmo saber? Estou-me a cagar para isso. Mesmo quando me obrigam a fazer de gelo para não recordarem o afago da minha mão, eu sou teimoso... Obrigo-vos, a vocês que são meus amigos, a respeitarem “a pessoa que adoptei”... Mas, sabes? Acho que ela está a aprender: reparei que naqueles olhos já existe “um não sei quê” que me convence que já lhe sabe bem voltar para o seu cantinho... O que quer dizer que estamos no bom caminho.
»


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...a verdadeira 'estória' do «pour lidia»...

«Ahhh... que saudades que eu tenho desse piano...

A janela... o gato... o rio ao fundo... os livros espalhados no chão (sim, que uma casa de mulher também precisa de "desarrumação" de vez em quando...)...

"Outras" fugas", é o que é...

ps: importas-te de baixar a tampa do piano? è que não sei onde colocar o cinzeiro :-)»


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“Se os vivos não te ouvem escreve para os mortos”

Seated Young Lady, Egon Schiele


(...)

Et si tu n'existais pas,
Je ne serais qu'un point de plus
Dans ce Monde qui vient et qui va,
Je me sentirais perdu
J'aurais besoin de toi.
(...)
Joe Dassin


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As lições que não aprendi...

«(...)O saber que a morte é o auge da vida , torna-nos tão humanos que tememos a morte pelo que não fizemos … pelo que fica de nós por partilhar… pelo que omitimos… É esse o medo que deveríamos ter: o medo de não termos sido capazes!(...)

Transformar o físico morto em lembrança viva é o que conta. E, para isso, o dizer ADEUS, o olhar o morto, é importante para o recordar… Porque, afinal, recordar mais não é que o fazer passar de novo pelo coração… E só recorda quem pode dizer adeus…»


É essa a dolorosa certeza que fica...a de saber que não fomos capazes...!

E, se eu não posso dizer ADEUS, se eu não sei enfrentar 'os meus mortos', então não os recordarei, mas... guardarei para sempre as minhas memórias perdidas...até que um dias as possa recuperar...porque a morte não é, não pode ser, o fim!

Até lá continuarei ignorante, tão ignorante quanto seja necessário, para que não doa tanto...




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13/01/07

«Só aos amigos é dado o espectáculo da nossa miséria »


...o 'problema' é que uma amizade demora muito tempo a construir...tanto como, por vezes, pode demorar uma vida...tanto que, por vezes, uma vida não chega e fica a construção por concluir...interromper a construção duma amizade, chegados aos últimos patamares, é das frustrações mais dolorosas para quem fica com a obra inacabada...

...depois, com o avançar da vida, o tempo que nos resta afigura-se-nos escasso para iniciar novas construções...e se nos detivermos na comparação dos alicerces (actualmente utilizados) com os já estabelecidos (anteriormente) a frustração cresce exponencialmente...perder um amigo deixa-nos um vazio tão fundo - como quem perde um grande amor - que dificilmente nos abalançamos a tentar de novo... porque temos medo do tempo que se perde com os desenganos e porque o tempo já não chega!



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12/01/07

Os meus melhores terapêutas


LUPI, o rei


FÔFA, a terrorista


JOACHIM, o exilado



Os meus 'amoletos' para me ajudar a estar de bem com o mundo...

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10/01/07

Posted by Picasa

'O nosso canto...'

Lavo os ouvidos e a alma com o Concerto para Violino e Orquestra (Fá menor /Op.64) de Mendelsson para conseguir a coragem de atacar e te dedicar os meandros do Concerto para Piano e Orquestra nrº 1 (Si Bemol Menor /Op.23) de Tchaikovsky.

Realmente, a tua surpresa foi magnifica. O teclado novo mas condescendente ao toque, os pedais que suavizam a minha impetuosidade permitindo-me abafar dos outros o que só a nós diz respeito, os martelos de madeira nobre por sobre os feltros verdes a fazer repercutir o cordame com a afinação doce e precisa...Tudo conjugado para que o bichano faça o arco de consolação e se delicie olhando pela janela a nesga do nosso rio sem que a magia do momento fique arranhada pela perenidade das desconstruções apressadas.

As tuas mãos nos meus ombros, a espiaram a evolução dos meus dedos no teclado, proporcionam-me o cromático que me falta para poder dar-te a real escala do que me invade na eterna luta entre os crescendos e os diminuendos.

Olhando-te através do reflexo que os vidros da janela me enviam, os teus olhos devolvem-me a certeza de que o momento é nosso e de que ficarão eternamente a pairar naquela sala muito para além da nossa momentânea passagem.

Páro a meio do Tchaikovsky, precisamente quando o meu diálogo com a orquestra parece em sintonia divina e uní­ssona: os violinos lutam com os contrabaixos pela primazia da tua presença e as trompas e as flautas inrompem em alertas de desassossego triunfal até que imponho, numa escala freneticamente decrescente e quase dissonante, a vontade crescente de eternização do nosso tema...

Sinto o tremer da tua incompreensão...Sem saber porquê, ou sabendo-o no interior do meu desejo, as minhas veias ganham a vida necessária para voltar a Mendelsson, vindo-me à memória das nossas mãos o Rondo Capriccioso em Mi Maior (Op.14).

O seu final, já por nós partilhado de memória e com os livros desarrumados pelo chão, é a confirmação de que a escolha daquele local e daquele piano foi ditada pelo conhecimento mútuo de que os pedacinhos que tentamos resguardar um do outro são o que nos une na nudez da alma.

@rco


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09/01/07

Só aos amigos é dado o espectáculo da nossa miséria

«(...)Os amigos. Entrariam por uma casa em chamas para nos salvarem. Mentem por nós à nossa própria mãe. Sabem de nós mais do que somos capazes de lhes dizer. Jurariam que à hora do crime estávamos a tomar chá com eles. Mesmo que a polícia nos encontrasse com as mãos sujas de sangue. 'São rosas, senhores. Andei com ela toda a tarde a cortar rosas, senhores. Sangue de espinhos, senhores.'

Eles exigem-nos coisas de nada. As nossas lágrimas. O nosso lenço de assoar. A pele dos nossos inimigos. As batatas fritas do nosso bife. A nossa melhor roupa, por uma noite. Exigem-nos tudo o que nos dão. É preciso regá-los regularmente: é nos ombros deles que cai toda a água dos nossos olhos. Eles espevitam-nos o sentido de humor quando menos nos apetece. E depois ficam connosco quando as luzes se apagam e toda a gente se foi embora. Só aos amigos é dado o espectáculo da nossa miséria.(...)»


A Instrução Dos Amantes, Inês Pedrosa



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«(...)Colocamos outro CD?

O omnipresente latejar da pressão nas têmporas torna-me consciente do inconsciente e inconstante pulsar do coração.À minha volta, as cores convergem vertiginosamente sintetizando-se no branco e o fio da vida reduz-se até ampliar desmesuradamente o eu em que se debate o frenesim da busca de um entendimento.
Quando assim acontece, invariavelmente coloco no leitor o CD e deixo-me sugar para o interior das Sinfonias de Mahler, o meu compositor de eleição e ao qual deixo ler na perfeição os desesperos e as aspirações.Dentro delas, e no desenrolar das esotéricas evoluções dos seus temas, sinto-me como um Átomo, constantemente arremessado, invariavelmente ricocheteando, incessantemente reacendido até ao infinito pelos vários naipes da orquestra, e resolvo-me diluir os sentimentos ficando hesitantemente a pairar por entre o absoluto do silêncio e a mágica violência intrigante de uma nota aparentemente dissonante.
É aí, nessa magia feita de isolamento, que faço a leitura do que o Universo tende a esconder à urgência do viver. É aí que sorrio pelo re-encontrar da perdida e esquecida fórmula simples que me resolve e nos devolve o mistério do sentido da vida. É aí que num êxtase de Apocalipes me sinto solidário com o devir ao ser humano e com a sua teimosa constância na transição eternamente mitigada do corpóreo ao espiritual. É aí­, enfim, que me dispo da multiplicidade da consciência intrínseca aos seres vivos e aposto as nossas vidas na cumplicidade unilateral e universal entre os seres humanos.
O que de mim retorna a mim é um eu momentaneamente expurgado da contradição e tão abrangente que se assusta com o desapego à vida sentido pelo que de tão pequenino em si mesmo re-encontra nesse processo de retorno.
De repente... A enormidade da vida! Uma mão meiga que me afaga...Uns olhos penetrantes que me interrogam...Um sorriso tí­mido que em mim procura aprovação...Um abraço quente e terno que me devolve o sentido terreno...Um outro eu que se me oferece puro sem condições e com e com as suas contradições...Um mútuo "obrigado!" que nos confessa a ambos o desejo de eternidade...(...)»




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«(...)E rio-me...Rio-me das definições... das sentenças... das certezas... Rio-me da perenidade dos sentimentos alheios... do pequenino que é o amar dosoutros...do "teatro" das vidas que perante nós desfilam...Rio-me do espantodesajustado de quem não sente o simples...de quem não sente o difícil da distância...de quem não sente o quente que o afastamento não esfria...(...)»





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'SHALOM, MEU AMOR '

Edvard Munch

A chave

Deitei fora a chave mágica das frases certas e agora dei comigo a perseguir a magia de certas frases. Dou comigo a balbuciar o Ladino e a pisar o kipah perante o espanto do parnas. Corro, fujo por um caminho infinito de que sei de cor os desvios, derrubo o menorah onde há pouco acendi as velas com que jurei orar em Kotel Maaravi no Yom Kipur e alcanço o ar livre. Rio-me por alcançar a minha própria Pessah ao abandonar tudo em teu nome. E, aí, encontro-me perante a impossibilidade de te re-encontrar.
Busco-te e precipito-me cada vez mais na complexidade da entropia, como quem se tenta a si mesmo e se depara com a imensidão do ser por construir, do ser virgem e pronto a ser moldado, torcido, retorcido, vencido. A impossibilidade do retorno...
Finalmente, vencido, eis-me pronto a flutuar por entre a indecisão dos dedos que ensaiam o agarrar-me e o interpretar-me tal como sou : jogo de espelhos infinitos sobre o quais construí o meu caleidoscópio e no qual te retive numa eternidade repetida como a das ondas provenientes da pedra que lancei ao lago da vida . Cada uma dessas ondas é o eco da ressonância do que já fui, do que virei a ser, do que nos imaginei ser e do que nunca viremos a ser porque nos deixámos aprisionar na repetição do que nos outros nos espelhámos.
Volto atrás e relembro o bar mitzva em que me julguei detentor da Verdade e em que reflecti o brilho dos olhos dos que em mim derramaram a Cabala e me quiseram hazan celebrando o Rosh-ha-Shana em Tishré. Ai, Eretz-Israel...perdi-me perdendo-te e abracei os gentios à procura do finito.
Hoje deitei fora a chave mágica, desliguei as interferências cósmicas do devir e olhei para ti. Um fluxo eterno vindo dos teus olhos obrigou-me a cerrar os meus e a desistir das midrashim e da arvit E eis-me eu, ainda mal pronunciado o Shemah Israel, a caminho do holocausto antes de te viver, meu amor.
Mais me valera a indiscriminada Shoah... pela esperança de te ter ?
SHALOM, MEU AMOR
JR - Folhas Soltas - 26.05.2000

[A tragédia da morte é roubar a remota possbilidade de nos redimirmos perante 'o outro'...não mais se poderá emendar o erro, não mais se poderá compensar a ausência, não mais se poderá ouvir o silêncio...Fica apenas um 'pour_lidia' a tocar para todo o sempre...para que a Memória não se perca, jamais!]


tte)/"Quando abarcarmos esses mundos e o conhecimento e o prazer que encerram, estaremos finalmente fartos e satisfeitos?",WW

07/01/07

Oh que caraças!

...ainda gostava que alguém me dissesse pra onde foi parar o raio da minha lista de links do Blinkar, porra!???!...com a minha natural tendência pra preguiça...onde, como e quando é que vou organizar outra, raios?!?



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(Magritte)/"Quando abarcarmos esses mundos e o conhecimento e o prazer que encerram, estaremos finalmente fartos e satisfeitos?",WW

A questão é o princípio, senhores!, o princípio do respeito pelo 'outro'!

Glória Fácil: está tudo dito, está. e de que maneira


Posso até nunca mais voltar a sentir a necessidade absoluta de proceder a uma IVG, mas...quero ter o direito de ser eu a decidir - em última análise - que...não o farei!

06/01/07

De novo...Amok

Jacques Linard (1600-1645) Vanitas (vaidades) 1645,
óleo s/tela, 31x39 cm, Museu do Prado, Madrid.
Amok?
"(...)O senhor sabe o que é o amok?

- Amok? Creio recordar-me... é uma espécie de embriaguez... entre os malaios.

- É mais do que embriaguez ... é loucura, uma espécie de raiva humana, literalmente falando... uma crise de monomania assassina e insensata, à qual uma intoxicação alcoólica não se pode comparar."

«Amok e Carta Duma Desconhecida, de Stefan Zweig»


03/01/07


Justiça de cowboys na terra das mil e uma noites
Janeiro 3, 2007 por Joana Amaral Dias



...e nada mais fica por dizer!


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(Magritte)/"Quando abarcarmos esses mundos e o conhecimento e o prazer que encerram, estaremos finalmente fartos e satisfeitos?",WW


O que parece passar ao lado do EP (um dos autores do Da Literatura por quem nutro alguma admiração pela forma activa com que se exprime contra muitas das injustiças que por aí andam) é que aqueles que, no dizer dele, 'não podem'... não podem mesmo! E não será pelos créditos que fazem para as tais coisas que, pelos vistos o EP entende não terem direito depois de largaram metade do ordenado em impostos, mas sim porque os que menos ganham são os que mais pagam pela simples razão de que, trabalhando por conta de outrem,não podem fugir à declaração dos seus reais rendimentos de trabalho, como o fazem os ditos profissionais liberais. Prioridade distorcida é o que recebe dois mil/três mil euros de rendimento mensal pague a mesma taxa moderadora do que recebe os míseros quinhentos e poucos mais euros! E eu nem sequer estou a descer aos do vencimento mínimo porque esses, por certo, não têm crédito para férias no sul de Portugal, quanto mais no Nordeste brasileiro! Agora que se queira também 'cobrar', ao pobre, o oferecer ao(s) filho(s) o computador e considerar isso como bem de consumo desnecessário...essa é demais! Talvez por essas e outras é que daqui a cinquenta anos ainda andaremos na cêpa torta donde nunca saimos.
É tão fácil mandar postas do conforto do nosso lar(zinho), não é?
Com isto não deixo de admitir que esta massa de consumistas desenfreados anda no maior deslumbramento a exibir o que não tem só pra fazer vista perante o vizinho, o colega, a família...meteu-se-lhes na tola que a prova de que são muito capazes é ostentar estes sinais exteriores da pobreza mental de que são possuidores, mas...quem lhes meteu isso na tola, quem foi??? Bendito liberalismo!:=>
No entanto isso nada tem a ver porque se existe Serviço Nacional de Saúde, para o qual somos obrigados a contribuir, então que o mesmo nos faculte os serviços que nos dizem estar a sustentar com a nossa contribuição obrigatória. Já bem nos basta andar a sustentar os chulos dos que podem subverter a declaraçãozinha de impostos!
Desta vez o EP meteu os pés pelas mãos...e o mais engraçado é que cada um que cai nas urgências dum hospital acha sempre que o seu caso é mais grave que o caso do vizinho...ai este individualismo!:=>






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02/01/07

Esta só mesmo pra rir!!!

CLUBE dos PENSADORES: "Carrilho, Santana e Garcia Pereira no Clube dos Pensadores
Raposo Antunes 

Novo ciclo de debates vai realizar-se em Gaia e contará também com a presença de Luís Filipe Menezes e diversos dirigentes partidários"(...)

O Sr. Lopes...pensador????? Só contaram pra você!!!:=>

Este ano...

        • não comecei com listas de propósitos...que depois não são cumpridos...assim, pode ser que consiga realizar algum não_propósito;

        • não vou começar nenhuma dieta no primeiro dia útil (amanhã), pode ser que consiga chegar ao fim do ano como uma barbie...loura e tudo;

        • não vou opinar sobre a vergonha que foi, para toda a Humanidade, o enforcamento de Sadam;

        • não vou chatear-me com as fantochadas hipócritas dos defensores do NÃO;

      ...é melhor ficar por aqui ou, às tantas, isto transforma-se na tal lista de propósitos a que queria fugir...

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      (Magritte)/"Quando abarcarmos esses mundos e o conhecimento e o prazer que encerram, estaremos finalmente fartos e satisfeitos?",WW

Hoje acordei assim, o que não é nada bom sinal...

Quando começo a ler sobre listas dos 'melhores' até me dá um arrepio. É que esta coisa de ser o melhor para alguém não dá, necessariamente, rótulo de ser 'o melhor', mesmo! É tudo muito relativo. Depois lá sigo em frente, arrepiada mas em frente, e pelo descarrilar da carruagem começo a perceber (um bocadinho, apenas, claro!) dos critérios. Chegada à conclusão que os critérios são pessoais, tão pessoais, descanso e limito-me a comparar com os meus...critérios, claro!

Ora, vem esta lenga-lenga a propósito do Bomba Inteligente!:=>

Que o Bomba apareça em muitas listas e referências não me espanta. Aquela da troca de 'favores' atrás referida diz alguma coisa.

Que o Bomba apareça em listas pouco dadas às exigências intelectuais, também não admira que a gente não tem de ser tudo dado às intelectualidades.

Que o Bomba apareça, meio perdido, entre outros blogs de diversos graus de qualidade também não admira, pois o coração tem razões que a própria razão abjura.

Agora numa lista que escolhe, digamos entre 100, 99 de qualidade reconhecida em diversos campos e depois inclua o Bomba... ah não!, esta não entendo de todo!!! Só pra dar um exemplo: meter um Da Literatura, um Abrupto, um Avatares de um Desejo, um A Memória Inventada, um Welcome to Elsinore e restantes do mesmo nível... junto com o Bomba!???? Cuja qualidade não varia muito disto?!? Tenham dó!

Deve ser a primeira vez que faço um post para dizer mal dum blog...directamente! Mas a questão, aqui, não é dizer mal do blog em causa, ele há tantos bem piores! É, antes, arrepiar-me e espantar-me com as razões que levam alguém de bom senso, bom gosto e qualidade intelectual a meter tal blog...junto com os outros?!?


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(Magritte)/"Quando abarcarmos esses mundos e o conhecimento e o prazer que encerram, estaremos finalmente fartos e satisfeitos?",WW

Ora aqui está uma boa definição para as motivações bloguistas...

[Hj apetece-me começar com um título lonnnnnngo!, é 'prás' vezes em q não me apetece meter nada naquela linha chataaaa!!!]




Esta poderá ser [será a minha, actualmente...sim, porque não era!] uma das motivações para se manter um blog. A vida, ao ritmo a que está, não propicia os contactos socializadores de qualidade. Quando nos juntamos é mais para qualquer coisa que nos tire da rotina diária e, raramente, para 'moer' mais a cabeça. Ou então sou eu que tenho azar com a trupe dos meus socializadores. Não que lhes esteja a chamar estúpidos e/ou ignorantes, longe de mim tal ideia!, mas que faço figura de chata quando pretendo aprofundar mais qualquer coisa pra lá das lamúrias diárias com o custo de vida, os 'infortúnios' dos getes_oitos, as desavenças telenovelescas, as 'discussões' XXL pra determinar as 'toiletes' que se vão levar prós tais esporádicos eventos socializadores, os amores mal sucedidos, os engates que me tiram do sério, enfim ...tudo o que meta os neurónios a funcionar a uma velocidade pra lá da terceira (e a muitos basta a segunda) isso é areia a mais prá carruagem da generalidade. Azar o meu, claro! A culpa não é deles, é minha. Se me tivesse deixado ficar, quietinha, lá no canto da caverna, nada disto me sucedia!

E,voltando à citação do 'Da Literatura' p'la pena bloguista do JPS, acabamos naquela velha discussão sobre os 'sitemeteres' da blogada e a importância da quantidade/qualidade das visitas. Quando eu digo que pouco, ou nada, me toca o número das minhas visitas digo, tão só, que mais me tocaria se as visitas saissem do ram-ram das trocas de 'favores' [a que, felizmente, tenho sido poupada, não que não o 'pague' com a postagem duns quantos rótulos não muito losonjeiros] e entrassem por uma participação mais activa no campo das ideias. Discutir ideias (não pessoas) e aprender [mesmo com esta minha mania de sabichona, sei que não sei nada do muito que há para aprender] isso sim, isso é que me daria prazer! Mas o que noto é que, tirando os blogs de cariz mais político/partidário, a maior parte 'fecha-se' no seu mundinho/blog tal como se faz, afinal, no dia a dia em que cada um se fecha na sua casinha_sofázinho_calça as pantufinhas e o resto que se lixe! Se calhar têm o mesmo tipo de trupe de socializadores que eu...=:>




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(Magritte)/"Quando abarcarmos esses mundos e o conhecimento e o prazer que encerram, estaremos finalmente fartos e satisfeitos?",WW