24/03/08

2ª Parte, alguns esclarecimentos ao Eduardo Pitta

Da Literatura: UMBIGUISMO. DE QUEM?

«(...)Pelo calor com que defende as suas razões, deve ser parte interessada no problema. (...)»

  • Para começar informo, desde já, o Eduardo Pitta que sou parte interessada no problema, sim senhor!, e depois? São menos válidas as minhas razões, ou menos válido o calor com que defendo a questão??? Mas também acrescento: não trabalho ao domingo!, faço parte duma pequena minoria, na empresa, que tem uma das folgas ao domingo...sempre! Ora isso implica que a grande maioria tenha, por força do cumprimento do horário semanal, uma folga por mês, ao domingo...ah, e quanto aos tais cinco fins de semana por ano... já tiveram direito a...um!, desde há sete anos a esta parte!!!
«(...)Então, se é assim, alguma coisa vai mal nessas empresas. Para isso é que existem advogados, entidades reguladoras e sindicatos. Verdade que a legislação que regula o trabalho por turnos permite vários modos de aplicação. Mas em nenhum caso inibe o trabalhador de gozar dez fins-de-semana completos (sábado + domingo) por ano, e mais dez “incompletos” (sexta + sábado ou domingo + segunda).(...)»

  • O Eduardo vive em que país? Alguma coisa vai mal nessas empresas??? Mas, no ponto de vista do trabalhador, alguma coisa vai bem em alguma empresa??? Por acaso saberá que a grande maioria trabalha no regime precário dos contratos a prazo? E saberá, por ventura, qual é o ordenado médio desses trabalhadores e que as categorias base andam na ordem de pouco mais que o salário mínimo?
  • Saberá que a contratação colectiva, deste sector, está por negociar há três anos devido aos constantes boicotes das entidades patronais implicando, essa situação, que também há pelo menos três anos que os vencimentos não são revistos?
  • E saberá que a abertura das grandes superfícies, no feriado passado, se ficou a dever a uma acção concertada dessas mesmas entidades patronais, por forma a pressionar o governo a renegociar, pelo menos, a abertura ao domingo o dia todo, além de abertura de lojas durante 12 horas/dia e a divisão dum dos dias de folga em dois meios dias?
  • Mas, alguém minimamente honesto, afirmará que os sindicatos têm algum poder para interceder por trabalhadores cujos direitos não sejam cumpridos? Ou que estes mesmos trabalhadores têm acesso a advogados? Ou que os tribunais julguem os casos de desrespeito, desses mesmos direitos, em tempo útil para quem vive do que ganha com o seu trabalho?

«(...)Também se coloca aos casais em que pai e mãe, não trabalhando em grandes superfícies, trabalham ambos por turnos. O comércio alimentar não esgota as possibilidades. A própria Amok encaminha para «as superfícies de pequeno/médio porte que até estão abertas o domingo todo»... os consumidores agastados com o encerramento das grandes superfícies. Então esses pais e essas mães? Com esses já não há problema? E os que trabalham no check-in dos aeroportos? Informe-se de certas escalas e vai ver o que é pêra doce. E quem diz estes diz outros. Voltando aos hipers. Porventura saberá que para obviar ao fecho das tardes de domingo, muitos trabalhadores são obrigados (mediante escala) a trabalhar fora do horário estipulado, quase sempre de noite, para preparar acções de promoção? Não sabia? Como me diz um leitor que conhece bem o problema, «em vez lá estarem domingo à tarde, ficarão sexta ou sábado à noite». (...)»

  • trabalhar por turnos não é a mesma coisa que trabalharem os dois com o mesmo horário;
  • os trabalhadores das pequenas e médias superfícies deveriam ter o mesmo horário!, não defendo esse horário, antes pelo contrário, como já disse no post anterior: devíamos era estar a defender o encerramento total ao domingo e não a abertura por mais tempo dos outros;
  • Quanto aos trabalhadores que se vêem obrigados a 'trabalhar horas fora do horário estipulado', pois é... isso já sucede com muitos e em muitas circunstâncias, independentemente do trabalho ao domingo!
Tenhamos, pelo menos, alguma honestidade intelectual para não jogar com os dados e baralhá-los ao sabor dos interesses dos mais poderosos (ou dos interesses egoístas de quem entende o mundo à medida do seu umbigo) porque, duma forma ou de outra, não são só os trabalhadores das grandes superfícies os que são penalizados por esta guerra aberta aos direitos conquistados com o esforço (e sangue!) de muitos que nos antecederam!


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(Magritte)/"Quando abarcarmos esses mundos e o conhecimento e o prazer que encerram, estaremos finalmente fartos e satisfeitos?",WW

1 comentário:

Anónimo disse...

O Eduardinho vive noutros mundos. Não adianta perder tempo com vela ruim.