Fala do homem nascido
Venho da terra assombrada,
do ventre da minha mãe;
não pretendo roubar nada
nem fazer mal a ninguém.
Só quero o que me é devido
por me trazerem aqui,
que eu nem sequer fui ouvido
no acto de que nasci.
Trago boca para comer
e olhos para desejar.
Com licença, quero passar,
tenho pressa de viver.
Com licença! Com licença!
Que a vida é agua a correr.
Venho do fundo do tempo;
não tenho tempo a perder.
Minha barca aparelhada
solta o pano rumo ao norte;
meu desejo é passaporte
para a fronteira fechada.
Não há ventos que não prestem
nem marés que não convenham,
nem forças que me molestem,
correntes que me detenham.
Quero eu e a Natureza,
que a Natureza sou eu,
e as forças da Natureza
nunca ninguém as venceu.
Que a barca se faz ao mar.
Não há poder que me vença.
Mesmo morto hei-de passar.
Com licença! Com licença!
Com rumo à estrela polar.
***...***...***
(Magritte)/"Quando abarcarmos esses mundos e o conhecimento e o prazer que encerram, estaremos finalmente fartos e satisfeitos?",WW
4 comentários:
fantastico poema:)
adorei o blog.
linkei-te.
http://albertovelasquez.blogspot.com/
Não penso que o mundo irá acabar hoje,
ainda que bem pensadas as coisas... quem sabe?
Mas "qu'importa" se tempo resta, para aqui te deixar um um jovial bom dia?
alberto ;))
Caro Velasquez, grata...pelo regresso[:=>]...ñ deve ter reparado, mas...já o tenho linkado 'há q séculos'...;-)))
hummm, hj é o dia dos Albertos desaparecidos?!?;-)))
Pois, meu caro...Bei, essa coisa está complicada por aí,heinnn?!
"Le pessimisme de l'intelligence ne doit pas désarmer l'optimisme du coeur et de la volonté." Gramsci
...mas, lá q é difícil, é!
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