29/04/04

«20:25 (JPP)
PORQUÊ?

O Abrupto esteve interrompido porque o seu autor foi falar de terrorismo, a terras onde ele existe.
Detalhes em breve. »


*****

...mas pq raio irá alguém falar de terrorismo onde ele existe!?...ñ é assim a modos q o mesmo q ensinar o padre nosso ao vigário!?...ok!, fico a aguardar os detalhes...hummmm....

«Esta vossa troca de opiniões sobre os "chats"(...)»

Não, não era nenhuma mera discussão sobre "chats"...mesmo se se quiser considerar um fórum igual a um chat...por vezes até é, mas...não era bem o caso...neste caso!:->

E depois...antes de ir ao que me interessa, vejamos...essa discussão já é "nossa" velha conhecida, né!?:->...mas eu continuo a achar que não existe diferença (nenhuma!) entre o "cá" e o "lá"...e a prova disso está naquela mesma discussão, não só entre mim e a Stela, como entre mim e alguns personagens "bizarros" que povoam alguns espaços...reais e virtuais, nomeadamente os fóruns sapistas... porque, afinal de contas, por trás duma máscara está sempre uma pessoa...e que é mais que um outro tipo de máscara, este nosso "querido" monitor...?

Mas, neste caso, volto a repetir não estava em causa nenhuma divergência de opiniões acerca de chats! Antes uma divergência de posições acerca do ser e estar..."cá" e "lá", quero eu crer, porque não entendo essa mania de alguns se arvorarem em personagens, pretendendo que não são o que mostram, ou só são o que mostram.

Realmente, até um dado momento, isso é verdade...quando as personagens se limitam a debitar textos. Em geral muito bem construidos, muito bem argumentados, muito bem organizadinhos e onde todo o lado racional teve a sua oportunidade de se alargar. O pior, o pior mesmo, é quando a discussão se alarga a termos mais emotivos! Ah aí não há racional que resista, genericamente falando. Eu, pelo menos, ainda não dei com nenhum personagem que, mais tarde ou mais cedo, não tenha caido do cavalo...como costumo dizer e como costumo adorar provocar quando começo a suspeitar que tanta "perfeição" não é normal...não é humana! Infelizmente...raramente me tenho enganado. E digo infelizmente porque continuo a querer acreditar que um dia vou, mesmo, enganar-me...ah um dia!, quando chegará esse dia!?...Não que eu espere perfeição, isso sim!, isso seria burrice mesmo, mas...pelo menos uma certa coerência entre o que se afirma e o que se pratica, não?

E é por essas e outras que prefiro as "raquelzinhas", ao menos com elas sabemos com o que podemos contar...é assim a modos que mal "acomparado" com o antigamente...antes um pide que um bufo!...o pide sabiamos onde estava...o bufo!?...era quase sempre o que menos se esperava...pelo menos aqueles que provocavam verdadeiro mal...e depois, a traição só é possivel porque vem de quem confiámos, né?!:->

"Prosseguir sempre e muito mais porque a vida é sempre pouca."

"Como então?

Como se desenvolve então o virtuosismo da escrita? Como se pratica então "o solo" musical das palavras? Diferente de ter um violino nas mãos, será sempre este mar invariavelmente branco a desbravar. Coisa de navegador afoito e compulsivamente solitário. Inexistência de certezas melodiosas, partituras prévias ou receitas prescritas. Cabo da Boa-Esperança arquitectado em sonho para ser dobrado em esforço. Momento incerto de partida e chegada sempre indefinida. Percurso de garras em riste num vôo sem escala para acalmar a aflição e vencer a vertigem. Naufragar-se propositadamente para prosseguir náufrago de bóia. Descrever piruetas de execução impossível com a lógica cultural que nos deram. Avançar convicto de que só a perdição existe, serenamente. Demais perenes são as maneiras de brilhar ou de conquistar a fama. Incomensurável, no entanto, este inflamar do coração no que se queira abarcar. E saber guardar cerimonialmente o respeito pelos mestres idos. Consciência exacta dos poucos milhares de anos de História civilizacional. Sabedoria a rebentar pelos neurónios dentro, num desaguar sereno pelo ser fora. Ritual de múltiplas formas de estar em congregação com almas dispersas que não tenham passaporte com visto ou embarque previsto. Birra persistente de criança entediada em peça de teatro de gente burra e crescida. Vontade de dizer sempre não, porque a tendência geral é concordar sem razão balbuciando sim senhor. Gritar em silêncio palavras de amor, deixando o ódio ao cuidado das bestas, das fanfarras e dos fantasmas. Ou quebrar as palavras com gritos de liberdade se o silêncio tiver sido calculado e imposto. Ricochetear a indiferença, a apatia, o medo e a nostalgia. Tocar castanholas imaginárias no múltiplo fandango diário. Saber fazer estalar a paixão em todo o instante porque o frio não é conforme com o calor humano. Marcar um duelo de morte com um velhinho trôpego só para o mesmo sentir de novo a chama da vida. Fazer uma festa no cabelo a um daqueles imbecis que pensam que somos parvos. Encher de beijos quem não se sinta amado, mesmo que depois se tenha de lavar a boca. Aguentar estoicamente a estupidez, insurgir de melaço a violência, sorrir em amarelo mortífero à maldade, resistir para recomeçar e recomeçar para resistir.
Prosseguir sempre e muito mais porque a vida é sempre pouca.


» embasbacado, 2004-04-29 (16:21), in PASTILHAS
*******************
Por vezes tenho inveja de quem escreve...de quem escreve o que me vai na alma...talvez não seja bem inveja, talvez seja antes frustração porque não me sai, assim, a escrita...anda tudo a bailar cá dentro quase tão perfeitamente e, depois, quando perante as teclas (e já nem falo na caneta e no papel)...pufff!, tudo me parece ridículo, tudo se esfuma, ou torna banal...Depois...depois quando leio o que quereria ter escrito reconcilio-me comigo e com a escrita! Que importa que outros digam o que quereriamos ter sido nós a dizer?

Por vezes tenho inveja de quem escreve...outras não! Se quem escreve se sente como eu...para quê escrever então? Um dia desisto de escrever...como desisti de ler! Juro!

...e depois vou para o inferno...;-)

"(...)Comme s´il n´avait pas été par nous construit.

As palavras traduzem os nossos gestos
Mas o medo
É tão só o silêncio
Intransponível"

27/04/04

Ainda a queda do R...da evolução!:->

«(...)
Há outra propriedade que afasta os dois conceitos. É que a revolução tem de ser "feita por alguém", tem uma conjugação pessoal, enquanto que a evolução é algo que apenas "acontece", de forma impessoal. A revolução tem actores, protagonistas, agentes activos, é voluntarista, só acontece porque alguém quer e quer muito, tem um tempo e um lugar. A evolução é difusa, acontece em todo o lado e nenhum, sem darmos por isso, talvez mesmo quando não queremos, está inscrita na ordem natural das coisas (vide Darwin), é fatal como o destino, está escrita nos astros ou noutro sítio qualquer. Pode-se evoluir passivamente, mas não se pode fazer a revolução passivamente.

Revolução "Light", JOSÉ VÍTOR MALHEIROS, 27 de Abril de 2004, in Público

"... e Poetas?"


«(...)
Daí o leve sobressalto que senti quando numa coluna recente de Sarsfield Cabral encontro uma descrição bastante correcta dos portugueses como indivíduos displicentes, irresponsáveis, diletantes, sem sentido prático. E a fechar este impiedoso retrato, Sarsfield Cabral escrevia: "... e poetas". Eu percebo o que ele quer dizer: utiliza a palavra na sua acepção mais pejorativa, aquela que nos leva a dizer de uma personalidade desligada da realidade: "És um poeta!" Mas será que avalia o que este uso laxista de uma palavra tem como consequências na concepção de conjunto da formação cultural? Como é que vamos defender a leitura de Sá de Miranda ou Camilo Pessanha, Cesário Verde ou Fernando Pessoa, Jorge de Sena ou Herberto Helder, se falamos dos poetas neste tom altivo e sobranceiro? Como é que vamos lutar pela inclusão do ensino da literatura na aprendizagem do português quando falamos assim da poesia?

A poesia é para muitos - mas não certamente para Sarsfield Cabral - uma espécie de edulcorante da realidade: polvilha o mundo de bons sentimentos. Nesse aspecto, é a própria poesia que tem mais veementemente denunciado a poesia. No final do século XIX (recorde-se Rimbaud), ou ao longo do século XX, a poesia autêntica lutou contra a sua versão abonecada e cicatrizante. A verdadeira poesia não é a que elimina a dor, mas a que lhe dá sentido. Lutar contra a dor sem sentido é o seu combate essencial. A verdadeira poesia é a que senta a beleza nos seus joelhos e lhe torce o pescoço - e com isso inventa uma outra beleza. A verdadeira poesia é a que procura uma outra lógica para destruir os limites da lógica tradicional - não é a que pretende escapar-se a qualquer lógica. A verdadeira poesia é aquela que descobre que o sonho é uma forma de pensamento - e não uma fuga ao rigor do pensar.

É verdade que existem diversas posições nestas matérias. Há aquela que considera que a ciência é a forma mais alta do conhecimento - ou, no pólo oposto, a que pensa que a poesia é o conhecimento mais elevado e denso. Mas há também a versão pluralista e tolerante: trata-se de formas de conhecimento que coexistem, se prolongam e corrigem mutuamente. A razão é plural. E nós atravessamos em alta velocidade essa pluralidade de razões. »


EDUARDO PRADO COELHO, 27 de Abril de 2004, in Público

"Blogue Provocou Despedimento de Jornalistas"

Conflito entre o dever de lealdade e a liberdade de expressão
(26 de Abril de 2004 in Público, Pedro Fonseca)

Três jornalistas do diário "O Primeiro de Janeiro" foram, na semana passada, despedidos por terem participado num blogue e nele descreverem algumas práticas comerciais do diário nortenho.
(...)
Para Sérgio Moreira, a criação do "Diário" blogue "foi o culminar de um crescendo de frustrações e preocupações" destes jornalistas, "e que, infelizmente, não tinham correspondência por parte dos editores". E assume que todas as situações relatadas "são verdadeiras", como explicou por E-mail a Computadores.

Segundo Joel Pinto, aquele espaço na Web servia para revelar as "experiências pessoais no jornal" e, "como era um blogue inocente, nem nos preocupámos com o facto de ser público ou privado". "Até mencionamos qual era o jornal em questão, tal a simplicidade com que encarávamos o blogue".
(...)
As situações, segundo explicam, estão relacionadas com o facto de o departamento comercial combinar a escrita de artigos com o fecho de contratos publicitários. "O nosso trabalho era em função dos contratos de publicidade que eles assinavam; não havendo contratos, não havia entrevistas marcadas", salienta Joel Pinto. "Os delegados comerciais contactam as empresas ou as instituições ou entidades a estarem presentes num determinado trabalho e, em troca de um valor pago em publicidade, o jornal oferece-lhe um espaço redactorial, no qual os responsáveis dessas empresas podem falar do trabalho que fazem e dos projectos que têm". Para a direcção da empresa, "o interesse imediato é o de celebrar contratos de publicidade e não o de vender jornais", refere.

**************
...mais palavras para quê? é a democracia portuguesa a funcionar em pleno...:->
Diário de um Jornalista

De Belmiro de Azevedo...

(...)
A produtividade é fundamental para vender mais, e só assim é que se cria prosperidade, isto é, riqueza para todos.(...)também temos de ser exigentes em duas áreas onde o Governo não consegue mexer, que são os tabus da inflexibilidade dos contratos de trabalho e da falta de mobilidade geográfica.
(...)
P. - O Código do Trabalho não resolveu parte desses problemas?

R. - O Código foi sendo composto e recomposto e não toca, nem de perto nem de longe, no problema fundamental que é criar flexibilidade de horários e flexibilidade para um mesmo trabalhador poder exercer várias funções, ou fomentar a mobilidade geográfica.

P. - A Sonae tem empresas em todo o país, como resolve isso?

R. - Com incentivos mas também criando desconforto. Quem, sem justificação de vida - família, filhos -, não quiser mudar de local de trabalho, já sabe que acabará objectivamente prejudicado em termos de carreira. Não posso trabalhar com soldados que ficam em casa a fazer renda.

in Público, de 26 de Abril de 2004

***********************
Repare-se naquela pequenina frase que quase passa despercebida "Quem, sem justificação de vida - família, filhos"...mas isto é o quê!?...alguém acredita que as empresas têm esse tipo de consideração acerca da "justificação de vida"!?...quem a não tem até gosta da mobilidade, mas e quem a tem?...o que está a acontecer, cada vez mais, é esta forçada mobilidade...usada como forma de correr com o trabalhador que não interessa...e que nem sempre está relacionado com a produtividade...

...mas foi giro, aquela do "vender mais, e só assim é que se cria prosperidade, isto é, riqueza para todos"...típico, né!?:->

Esta tb. está mt boa!;-)))

«Eu gosto é de...

falsos messias ou mestres cuja habilidade de encantar os outros com sua retórica supera a de ensiná-los a conduzir suas próprias vidas....»

little_creep, 2004-04-27 (17:50), in PASTILHAS

"WHISKY"

«Não tenho de provar coisa alguma ao Mundo. Nunca tive. Nem a mim próprio. Ainda agora penso, que nem V.Exa. tem dinheiro para me comprar, nem eu estou à venda. Compreenda: o Sr. é um labrego e eu com a minha pinga de sangue azul dissolvida gerações atrás, seríamos sempre incompatíveis. Já não acredito em nada. O que é que existe para se acreditar? Chateia-me apenas o facto de não ter dinheiro para executar o meu terrorismo. Metaforicamente falando, já se vê. O que eu criaria? Conheço a sua lábia ; se eu lhe contasse mais, amanhã estava o projecto em marcha. Não é, ó mentecapto?! Não. Nada. Rigorosamente coisa nenhuma. E é aí que reside a diferença: você mata-se para arranjar a sua tranquilidade, eu vivo sem tranquilidade nenhuma. Ainda há dias estive a falar com um daqueles seres que se esfalfaram a vida toda para conseguirem ter comodidade. Com muito suor e orgulho. Patético. É o mesmo que me dizerem que chegaram à América a nado. Será que não sabem da existência dos aviões, transatlânticos, submarinos, ou até dos barcos à vela, ou mesmo jangadas? Não há mérito nisso. Nem em funções de esforço. Nem em qualquer tarefa humana. Há actividades louváveis e ponto. Mas são tão poucas! Ser inteligente é, para mim, uma doença incurável. Gostaria de viver numa sacana duma pátria mais atenta para com os seus filhos. Bastava-me ter sido normal, no entanto como abomino essa palavra. O que eu quero da vida? Whisky. Sempre cheio se faz favor. O sexo também é bem-vindo, embora as fêmeas nunca tenham entendido o movimento que a alma pode impulsionar ao pénis. Você tem projectos, já sei. Mas, do meu ponto de vista, os projectos são a imperfeição humana. O tempo que decorre entre uma ideia linda e a sua concretização é a nossa impotência em marcha. É a puta da matéria. Não. Nem escrever. Matei em mim A POESIA toda. Tive um amigo que morreu no ano em que se formou em Veterinária. Sonhava extrair vitelos e zebras das conas das suas mães em África. Disse-me um dia: os melhores poemas são simplesmente aqueles que nunca foram escritos. A linguagem é uma armadilha e nós somos a sua presa (onde é que eu já ouvi isto?). Ir mais longe é um exercício solitário e de alto risco, não pode cair no papel. Não me entende? Eu já sabia disso. Você usa verbos que eu já esqueci: ter, fazer, criar, progredir. Ó falo murcho em mente estagnada: SER! Há que ser com toda a força. Só isso. Todos falam hoje, à boca cheia, do futuro. Não agarrem eles o presente... Não caguem eles no passado... O que quer que seja que seja já, imensamente agora! Não há tempo para mais, nem pachorra para tais! -Whisky e já! Está a ver? O barman entende-me. É tudo tão simples que chateia o facto de ter de enfrentar constantemente seres como você. Não quero nada, tenho meramente fome de tudo. E já! Arte? Sim, com tremoços. Escrevi ensaios com sete canecas de cerveja. Arrotei muito. Mas dá azia. Não suporto efusões gástricas do espírito. Prefiro o efeito avassalador, anedótico e humano do whisky. Já controlo suficientemente bem as ressacas. Sabedoria é isto. Saber ser. Desculpe mas não aceito: a partir de agora só bebo duplos. É cavalgante depois de uma série de copos. Não está interessado em pagar-me um duplo? Nem eu! Ouça cá, conhece a obra de Herberto Helder?...
"-Talvez o senhor seja mais inteligente do que eu..."»


embasbacado, 2004-04-27 (13:24), in PASTILHAS

**************
...de mestre!!!!...Eu(zinho) tens aqui um camarada...;-))))... (ai, meus deuses!, qd ele me exigir os direitos de autor, 'tou feita!...grrrrr)

26/04/04

"A esta cambada que governa e tornou este país"

Eu digo PIM como o Almada contra o Dantas!


Aos senhores anafados, bem instalados
Refastelados em poltronas que tresandam
Não onde sentam o cu
Mas onde apoiam a cabeça.
Aos senhores que têm ideias
Que acham tão luminosas,
Que as propagandeiam,
Como a de tirar o R de revolução
E ficar só evolução.
Mostrando que sentem vergonha
Da revolução que lhes permite
Estar hoje na cadeira do poder
E dizer disparates monumentais
Cometer gaffes colossais
Como escrever Revolução sem R:
Eu digo PIM como o Almada contra o Dantas!


Àqueles que se pavoneiam vaidosos
À saída de um tribunal
Onde estão a ser julgados
Porque abusaram do poder
E depois usam o poder
Que o povo lhes empresta
Não dá!
E se sentem tão poderosos e intocáveis
Que nem a justiça lhes toca:
Eu digo PIM como o Almada contra o Dantas!


À justiça que liberta pedófilos.
Que não julga ladrões que estão no poder,
Que se escudam numa imunidade
Que a lei, não feita pelo povo mas por eles, lhes permite.
À mesma justiça que prende logo o pobre
O que não aparece na televisão
O que não tem influências ou confluências:
Eu digo PIM como o Almada contra o Dantas!


A esta cambada de vaidosos
Presunçosos
Que só olham para o umbigo
Que são só umbigo!
Que pavoneiam a flatulência:
Eu digo PIM como o Almada contra o Dantas!


E indigno-me e levanto a voz
A mim ninguém tirará o direito
De escrever revolução com R
Porque se não fosse o R na revolução
Ou o R em Abril
Não teria havido evolução
E eu não poderia dizer-lhes:
Eu digo PIM como o Almada contra o Dantas!


A esta cambada que governa e tornou este país
Um país deprimido, introvertido
Com vergonha de ser quem é
Eu digo PIM como o Almada contra o Dantas!


E digo mais:
Vão para o raio que os parta!"


(Resposta a um desafio que me lançaram: escrever um manifesto anti.)
Posted by encandescente at abril 23, 2004 04:58 PM in Fachadas Perversas

*****

(...que me perdoe (quem tiver de perdoar!;-)...estes "roubos" dos últimos dias, mas...comecei a minha época de atchinnnnnsssss...grrrr)

25/04/04

Não resisti a "roubar" isto...

...ao PASTILHAS...;-)

"Dores de corno

Ah! que vergonha. Litro e meio de Jameson faz alterar o espírito, mutilar a prosa e turvar o estilo. Fiquem então com aspirinas já antigas que muito cordialmente reparto.

ASPIRINAS
(doses múltiplas)

Fiz dos teus olhos longas paisagens
Para as esplanadas da minha melancolia

Criei no mar dos teus cabelos todas
As rotas da minha navegação

Assinalei por toda a tua pele
Os marcos das minhas descobertas

Entrando em ti perdi-me do Tempo
E refiz sonhos e horizontes

Depois registei em conservatória apropriada
A patente dos beijos inéditos que te dei

Esculpi desejos no mármore do teu corpo
E incendiei a razão que nos fosse exterior

Inventei novos sentidos para a palavra Nós
Enquanto crescia verdadeiramente como Ser plural

Projectei cuidadosamente a estrutura da paixão
E lancei-me na obra imensa de viver...


É claro que, perante a insignificância
de tais actos e perspectivas acima descritos,
preferiste sempre procurar um borrego endinheirado,
trincar bimbos específicos de forma avulsa,
entregar-te a um qualquer troglodita musculoso,
sentir emoções baratas com carne desalmada,
pavoneares-te frente aos circenses nocturnos da província,
ou ficar encantada com os pintarolas colunáveis na "Maria".
Mais tarde voltavas com um véu de mentira e um sorriso patético e traiçoeiro,
na esperança de que a minha estupidez fosse suficiente para tornares a querer
tudo o que não encontraras lá fora.
Por tudo o que ficou exposto, tenho a agradecer-te o teres-me devolvido
a real dimensão miserável da condição humana, ao ponto de cancelar
alguns voos da minha alma.


Ciclicamente
Obrigado
Meus amores

» embasbacado, 2004-04-24 (14:56)"


...só espero q o tal embasbacado não me processe...estou de tanga!;-)))

E eu diria, ainda...

" Uma calúnia nos jornais é o mesmo que uma erva num belo prado: ela cresce sozinha. Os jornais são um excelente pasto..."

(Victor Hugo, in "Monte de Pedras")

...que os fóruns sapistas também!...não é vasquinho!?!:->

"Escrevo para que saibam que existo"

Pois é, Stela, mas...estás disposta a pagar algum preço!? Calculei que não!

Quem responde qualquer coisa como isto "Eu vou estar por lá. Para onde irei?" é porque se rendeu a uma qualquer evidência sem a mínima intenção de a colocar em dúvida. Ora eu, Stela, estou sempre a colocar tudo em dúvida! É assim que quero viver porque a sobrevivência não quer nada comigo. E viver, para mim, é viver de pé, respeitando-me mais às minhas convicções. Que podem até mudar com mais frequência do que seria aconselhável, mas...eu sou assim: coerentemente incoerente! E a única coisa em que não transijo, de modo nenhum, é para com a honestidade do que penso face ao que sinto. E, para isso, preciso ser como sou...em todo o lado! Profissionalmente, nas amizades, nos amores, nas paixões...e, também, necessáriamente, nas brincadeiras forunistas!

Perguntas tu: "ser expulsa para quê?" Ah Stela se tu não sabes para quê, então, tenho pena de ti porque o preço a pagar pela nossa liberdade não varia, como não varia a liberdade...ser livre, é ser livre...ou se é, ou não se é...talvez seja por isso que eu não me pergunto, nunca, "Para onde irei?"...talvez seja por isso, também que falo muitas vezes para mim - serei solitária - mas nunca estou só...como alguém me dizia (há muito, muito tempo), mais ou menos, isto: "tu nunca estarás sózinha enquanto estiveres contigo!"...na altura não entendi...depois, fui aprendendo...

Ser expulsa dum fórum, ainda mais dum fórum administrado duma forma tão estúpida e com participações igualmente estúpidas que levam a expulsões, não é coisa importante! Importante é ver o comportamento das pessoas face a essas situações, sim!, porque esta já deve ser pr'ai a terceira grande guerra entre mim e a "raquelzinha" :-> ...ora, pergunto eu: porque raio será!?:->...eu gosto muito de levar as coisas até às últimas consequências, detesto a paz podre defendida por alguns de vós, gosto de posições definidas, gosto de pessoas que se assumem, gosto de pessoas frontais e, se queres que te diga, continuo a preferir toda a estúpidez duma "raquelzinha" ao cinismo dum vasquinho! ...mas ela é jovem (ainda!) e impulsiva!...o vasquinho já é "bode velho" e com as ideias algo fossilizadas, mais dado a embeiçar-se por jovenzinhas à revelia de qualquer razão lógica...por mais que ele a apregoe!:->

São os Vascos e as Stelas e as Cats e as Matildes e os Danieis e os restantes, dentro dessa linha que podem tocar-me...porque eu assim o permiti!...o vasco já deixou de ter essa capacidade...tu?...a opção é tua!...não pelas palavras que escrevas, porque...para que saibam que existes é preciso muito mais do que aquilo que escreves!, é preciso que sejas para lá da tua escrita e disso eu ainda não vi grande coisa...

Nota para TCA- Não meu caro, não estás a ler nada de muito privado. Se fosse privado (nem precisava ser muito) não estaria aqui colocado. Tudo o que aqui coloco é meu, ou faz parte de mim, ou eu desejaria que o fizesse, mas...não é privado. E, não sendo privado, tudo o que aqui coloco fica aberto à discussão...que se deseja! Eu, pelo menos, desejo...
Para lá disso, obrigada pelo teu não_comentário.;-) Fico sempre feliz com as tuas visitas porque, de certo modo, elas reconciliam-me com o silêncio em que as minhas resultam nos teus riscos....fico sempre tão "abismada" perante aqueles traços que acabo por sentir, quaisquer palavras que lá deixasse, como se me soassem a vulgaridades...perante isso prefiro ficar em silêncio "vingando-me", aqui, nas respostas que te deixo...porque, a bem da verdade, não sou lá muito boa a lidar com silêncios...Obrigada, mais uma vez e Um Beijo...;-)

23/04/04

Pois é, stelinha...

...as opções, tomadas conscientemente, têm sempre um preço!...aliás, as inconscientes também...:->

«Lusce
23.04.2004 18:17
Bailemos [re: stela_polaris]



Estar só é diferente de ser solitário. Claro.
Faremos os gestos certos no local outro, mas certos para quê? Para estar só ou para a solidão?
Escrevo para que saibam que existo. »


...será que tu estás disposta a pagar o preço...?

Ora, as "raquelzinhas" deste mundo fizeram lembrar-me...

...um texto, lido há muito tempo e que vou cop&pastar sem autorização do autor do site...:-> Da Estupidez

Practicamente teórico...

Parafraseando

Mário Henrique Leiria :
O autor declara peremptòriamente que qualquer semelhança entre o que se segue e pessoas, coisas ou acontecimentos realmente existentes, é absoluta coincidência.
No entanto, nada o impede de verificar que as coincidências têm causas matemáticas bastante curiosas.




"O facto é que as pessoas razoáveis têm dificuldade em conceber e em compreender um comportamento não razoável. Mas deixemos de lado a teoria e observemos, ao invés, aquilo que nos acontece na práctica do dia-a-dia.
Todos nós nos lembramos de casos em que infelizmente nos relacionámos com um indivíduo que obteve um ganho causando-nos um prejuízo: deparámos com um bandido.

Até nos podemos lembrar de casos em que um indivíduo practicou uma acção cujo resultado foi um prejuízo para ele e um ganho para nós: deparámos com um crédulo (note-se o promenor "um indivíduo practicou uma acção" ; o facto de ter sido ele a iniciar a acção é decisivo para estabelecer que é um crédulo; se tivesse sido eu a empreender a acção que determinou o meu ganho e o seu prejuízo, a conclusão teria sido diferente: neste caso eu teria sido um bandido).

Podemos recordar também casos em que um indivíduo practicou uma acção com a qual ambas as partes obtiveram vantagem: tratava-se de uma pessoa inteligente.

No entanto, pensando bem, temos que admitir que estes não constituem a totalidade dos acontecimentos que caracterizam o nosso dia-a-dia.

A nossa vida é também pontuada por acontecimentos em que nós incorremos em perdas de dinheiro, tempo, energia, apetite, tranquilidade e bom humor, por causa das improváveis acções de alguma absurda criatura que, nos momentos mais impensáveis e inconvenientes, nos provoca prejuízos, frustrações e dificuldades, sem ter absolutamente nada a ganhar com o que fez. Ninguém sabe, percebe ou pode explicar porque é que essa criatura faz o que faz.

De facto não há explicação, ou melhor, há uma única explicação: a pessoa em questão é estúpida.



Leis Fundamentais da Estupidez Humana


A Primeira Lei Fundamental

Cada um de nós substima sempre e inevitavelmente

o número de indivíduos estúpidos em circulação.



A Segunda Lei Fundamental

A probabilidade de uma certa pessoa ser estúpida é independente

de qualquer outra característica dessa mesma pessoa.



A Terceira Lei Fundamental

Uma pessoa estúpida é uma pessoa que causa um dano a outra pessoa

ou grupo de pessoas, sem que disso resulte alguma vantagem para si,

ou podendo até a vir a sofrer um prejuízo.



A Quarta Lei Fundamental

As pessoas não estúpidas substimam sempre o potencial nocivo das pessoas estúpidas. Em particular, os não estúpidos esquecem-se constantemente que em qualquer momento, lugar e situação, tratar e/ou associar-se com indivíduos estúpidos revela-se, infalivelmente, um erro que se paga muito caro.



A Quinta Lei Fundamental

A pessoa estúpida é o tipo de pessoas mais perigosa que existe.

(Corolário: O estúpido é mais perigoso que o bandido.)


O ponto essencial a ter presente é o seguinte: o resultado da acção de um bandido perfeito representa pura e simplesmente uma transferência de riqueza e/ou de bem-estar. Depois da acção de um bandido perfeito, este terá um "mais" na sua conta, "mais" este que equivalerá exactamente ao "menos" que ele causou a uma outra pessoa. Para a sociedade, no seu conjunto, a situação não melhorou nem piorou. Se todos os membros de uma sociedade fossem bandidos perfeitos, a sociedade estagnaria, mas não haveria grandes desastres. Tudo se limitaria a maciças transferências de riqueza e de bem-estar a favor dos que practicam a acção. Se todos os membros da sociedade tivessem que practicar a acção por turnos regulares, não só toda a sociedade, mas também cada indivíduo, encontrar-se-ia num estado de perfeita estabilidade.

Mas, quando os estúpidos metem mãos à obra, a música é outra. As pessoas estúpidas causam perdas a outras pessoas sem obter vantagens para si mesmas. Apenas conseguem empobrecer toda a sociedade."



Carlo M. Cipolla

in "Allegro Ma Non Troppo - As Leis Fundamentais da Estupidez Humana"

A pobreza de espírito é uma doença...

...só que algumas pessoas, desconhecendo o facto (ou preferindo não o enfrentar), nunca chegam a curar-se.

Vem isto a propósito de alguém que já aqui referi não saber lutar. Não sabe lutar, nem sabe que a palavra não se trava só porque se tem (algum) poder, nomeadamento junto da administração dos fóruns do sapo!...assim mesmo em minúsculas, dado serem pessoas de pouco carácter, logo nem merecem a identidade que uma maiúscula lhes conferiria.

Ora, mais uma vez, a "querida raquelzinha", não soube enfrentar-me pela palavra e não o sabendo; e tendo levado nas fuças como boneco de feira (o sempre-em-pé!:->); e não sabendo que mais me responder...toca de voltar a ir fazer queixinhas aos "papás sapistas"!:->

Assim sendo e para nos deitar areia nos olhos - como é hábito por este nosso portugal dos pequeninos - a dona ana gomes - que é a manda chuva lá dos sapos:-> - resolveu fingir que metia ordem na casa e vai de apagar as msgs da amook_zinha ,mais as de um dos nicks da "raquelzinha"!...de um dos nicks!, porque os outros lá ficaram e, em contrapartida, todos os nicks que foram registados através deste meu computador ficaram bloqueados...todos!, mesmo os que não me pertenciam porque, como é evidente, cá em casa vive mais gente...

Exemplo da resposta à tentativa de resposta a uma msg com o nick Quid_Novi que, como será fácil verificar-se, nunca enviou uma msg para qualquer daqueles fóruns:

«Participar no fórum | Pesquisa | Painel de Controlo | Quem está ligado | FAQ | Regras | Logout


Não é possível continuar.

Não foi possível completar o seu pedido. O motivo foi::

Foi proibido de colocar novas mensagens ou enviar mensagens privadas. O motivo é: amook_zinha »
:->:->:->:->

Ora, fiquem a dona ana gomes mais a sua "raquelzinha" descansadas que não será assim tão fácil manter-me calada! Aliás, elas sabem disso muito bem já que não é a primeira vez que tal acontece...e eu volto sempre! Até porque estamos em época de comemorações da Revolução do 25 de Abril de cujas liberdades repostas, a liberdade do uso da palavra não terá sido a menos importante. É claro que as mentes pequenininhas, tão ao jeito do portugal dos pequenininhos e tão condizentes com uma inteligência reduzida, por muitos livros que dizem ter lido...não é "raquelzinha"!?:->...estão a tentar convencer-se que o povo lhes aceita aquela treta da evolução...sem R, pois então!, mas a grande diferença entre um ignorante (por falta de acesso aos meios de cultura) e um estúpido (por não ter sabido digerir tudo o que marrou) é que uns o são por falta de meios materiais, os outros o são por excesso desses meios, o que acaba por lhes corroer a inteligência...a distância entre uns e outros é tão grande como a distância daqui à lua!...e tão grande como chegar a entender-se os obscuros caminhos dos desonestos do intelecto.

Um dos prazeres que retiro da participação nos foruns dos sapos é, mesmo, o de fazer cair do cavalo as "raquelzinhas", as "leonorzinhas" e os "vasquinhos" que muito blá,blá,blá derramam naqueles espaços, mas que de obra feita nada se lhes conhece!...uns verdadeiros génios do...faz o que eu digo, não faças o que eu faço!...até porque eu não faço nada de jeito! ...depois há, ainda, uns pobres coitados que, qual borboleta à volta da luz, nem percebem que estão a ser usados como falange de apoio...porque esta gente não funciona sem público...apoiante!...ao outro, censura p'ra cima!:->

E assim se vai vivendo nesta terra de medíocres...com as supostas elites a serem presas ou porque são pedófilos; ou porque roubam, perdão traficam influências!:->; ou porque andam a governar os próprios bolsos, mais os dos amigos, em vez de governarem o país! Valente povo este que tão bem vota neste país!:->

Nota Explicativa acerca da identidade da "raquelzinha":->

Ora, a "raquelzinha" é uma "piquena" pr'ai com uns 24 aninhos, com (muitas) pretensões a profissinal(?:->) das artes plásticas e com uma enorme neurose!...entre várias outras patologias das quais tenta encontrar algum alívio "batendo" em todos os que entende estarem abaixo dos seus parâmetros culturais e que se atrevam a manifestar-se lá pela coutada que os fóruns sapistas são...para ela!

A "raquelzinha" é aquela "piquena" que aparecia por aqui com umas bacoradas do tipo das que metia lá nos sapos, mas como eu entendia que isto aqui não ia ser como lá nos sapos...puuuuffff!, censurava-a!...exactamente!, avisei e como ela não me ligou pufffff, apagava todas as idiotices que aqui deixava. No entanto deixei uma ou outra que receberam a devida resposta e foi por isso mesmo, porque a "querida raquelzinha" não gostou das respostas, toca de se vingar...como!?...construindo um "plog" que é assim a modos como que um blog clone deste meu...:->

Apok - A razão perdida

Imagine-se ao trabalhão que a "piquena" se deu!?...não se dando por satisfeita em cop&pastar ainda se prontificou a recriar os textos...aquela rapariga é um génio!...pena que não tenha feito sózinha!!!:->

20/04/04

"O DESENCANTO DO MUNDO"

por Pablo Capistrano (*)

Fotograma de Que Viva México! (1932), de Serguei Eisenstein

«Hoje, a ciência positiva reconheceu seus limites e o orgulho inicial que tomou conta da civilização tecnológica retrocedeu. Hoje, a civilização parece ansiar, letargicamente, pelo reencontro com a poesia. Mesmo que não haja uma consciência clara dessa ansiedade, ela se manifesta na microfísica de nossas relações cotidianas. O poder que a literatura tem de recriar o mundo, de “recolar” os fragmentos partidos de nossa vida pós-moderna, nunca foi tão urgente, nunca foi tão necessário. O poder que a palavra poética (o mythos presente na musikhé dos antigos) tem de reencantar o mundo pode ser um pharmakon bem mais instigante do que aqueles vendidos nos balcões de nossas farmácias. Sempre que o 14 de Março se aproxima eu penso nesse poder, vou a minha estante de livros e pego as palavras de Friedrich Hölderlin que sempre insiste em me lembrar que: “Poeticamente o homem habita esta terra”. Desencantar o mundo, esvaziar as coisas do fundamento poético que as constituí pode até ter nos dado belos e funcionais fornos de microondas, mas comprometeu os alicerces de nossa morada. Agora, que estamos sem assoalho e sem teto, lançados no amplo espaço entre as profundezas subterrâneas e o vazio das estrelas, precisamos reencontrar o caminho que nos leva à poesia que se esconde em cada pedaço do mundo.

(*) Escritor e Professor de Filosofia.»

in NO SILÊNCIO DA NOITE, de antonio júnior e a não deixar de visitar!!!

...soube-me bem conhecer este blog hoje e ler este texto...porque hoje estou desencantada!...vivemos num país de merda!!!:-(

"morte suspensa."

(..já q continuas sem sistema de comentários...vejo-me "obrigada" a responder-te aqui...grrrrrr)

«Sim senhor! País de poetas! É de gente e poetas assim que este charco precisa! Gente que acredita! Gente que não desiste! Nunca!»

# posted by Ricardo : Abril 20, 2004,4:33 AM *disakala

...tretas!!!...o charco precisa é de quem lhe atire com um grande pedregulho!!!...para ver se a merda se dilue em águas límpidas...estourar e começar tudo de novo, isso sim!, isso é q era preciso...

16/04/04

"A maior parte das pessoas tem é uma grande dificuldade em amar."

«Vivemos num mundo em que o marketing venceu.
(...)
Questão: Num mundo em que os direitos de cidadania (que já são uma treta) são ultrapassados pelos direitos do consumo, qual a diferença entre pessoas e objectos?
(...)
A maior parte das pessoas tem é uma grande dificuldade em amar. Porque nunca se sentiram amadas. Dessa maneira, mesmo sendo o amor outro conceito, é apenas uma grande e real incapacidade de lidar com os afectos. Por isso baralham-se. »
posted by Ricardo : 5:34 AM, in disakala

**********************

Já que recusas, aos outros, a possibilidade de te responder...já que lanças a questão e respondes logo de seguinda: «Nenhuma, é claro.»...por tudo isso e mais umas quantas coisinhas que me vou coibir de aqui colocar;-)...eu acho que esta questão merece discussão e, por isso mesmo ta roubei para aqui...para quem quiser embarcar...a ver vamos...;-)

...para já, discordo em absoluto!, dessa tua conclusão de que "as pessoas têm dificuldade de amar por nunca se terem sentido amadas"!...há pessoas verdadeiramente narcisistas (egoistas!) para serem capazes de amar...há pessoas verdadeiramente empedernidas para se deixarem enredar nas teias de afectos...há pessoas que olham o mundo através duns óculos com umas lentes tão sujas que nada mais conseguem ver para lá da negritude da sua própria alma...

...há tantas razões que levam as pessoas a não amar...a não saber amar...a não se deixarem amar...

...e a tua, qual é a tua...?

09/04/04

"Porque só na ilusão da liberdade..."

...A liberdade existe." Fernando Pessoa, fotografado por Vitoriano Braga

«Anglómano, míope, cortês, fugidio, vestido de escuro, reticente e familiar, cosmopolita que prejudica o nacionalismo, investigador solene de coisas fúteis, humorista que nunca sorri e nos gela o sangue, inventor de outros poetas e destruidor de si mesmo, autor de paradoxos claros como a água e, como ela, vestiginosos: fingir é conhecer-se, misterioso que não cultiva o mistério.

De Octávio Paz; Fernando Pessoa desconhecido de si mesmo, in "Major Reformado" »


08/04/04

"Quero"

O imperceptível ruído que atormenta esta calmíssima noite. Aos demais, digo. Com que sossego caminhas para a morte, julgar-te-ás imortal? Ninguém acredita na realidade, o seu princípio é o da crueldade, ninguém a enfrenta e os que o fazem são seus servos. Se acreditasse na morte, o que faria aqui? O que dizer quando a morte existe? Mas de que falaríamos se ela não fosse? Sob cada impulso, cada garfada, cada golpe de rins, cada gotícula de esperma, cada sorriso, cada soluço de fartura ou de choro, eis a morte. Que paciência a da natureza ao incutir lentamente este estrabismo mental que nos faz pensar para o lado e vermos tudo menos o que realmente existe : a morte. Não morremos porque estamos vivos, vivemos porque morremos. Só corres porque morres, só escreves porque morres, só sentes porque morres, só pensas porque morres. Sou uma azeitona, espremam-me, respondeu Borges a um jornalista que lhe perguntava se não era demasiado difícil escrever sob uma ditadura. O esqueleto de qualquer obra digna é o ricto da morte. O pensamento é o fruto da morte e sendo a folhagem abundante é natural que o rebento não veja o tronco.

Um dia pegarei em três ou quatro objectos que me são caros : uma caneta, a cigarreira, uma garrafa de Jack Daniel’s e as obras de Schopenhauer, Thomas Bernhard e Cioran e lançarei tudo ao mar enquanto observo, proibindo-me previamente de comprar novamente qualquer um destes artigos. Um dia quando estiver feliz. No dia em que captar uma subtileza shopenhauriana, bernhardiana, cioraniana, que me tinha escapado durante anos, no dia em que seria preciso uma bebedeira para calar a angústia, no dia em que as mãos me tremerem e não souber o que fazer com elas, no dia em que explicaria o porquê do meu suicídio.

Já não sonho, sonhava que caía. Não sonho com nada nem ninguém. Não caía em nada nem ninguém. Nem mesmo em mim próprio. Dizem que sonhamos apenas não nos lembramos. De que vale o sonho se não é relembrado? De que vale a vida se não é recordada? Não por outros sequer, mas por nós mesmos. Mes madeleines sont amères, já o disse. Não me lembro do primeiro beijo, relembro a primeira vez que me traíram. Não recordo os carinhos da minha mãe, rememoro as discussões com o meu pai. Não consigo lembrar-me dos animais que salvei mas lembro-me ter batido em alguns. Não me lembro da minha primeira ******** porque estava bêbado, lembro-me da minha primeira bebedeira porque não tinha sexo. Quero matar a memória em mim para que nada do que sou prevaleça. Quero matar a minha memória nos outros para que nada do que não sou prevaleça.


DeusExMachina, in Bibliotecl@ do Sapo em 08.04.2004 01:36

07/04/04

"...a minha solidão ama a tua solidão..."

06/04/04

"Lá Fora"

...pronto, fui ver o filme!...eu e a minha mania de, pelo menos tentar, não ser preconceituosa com o cinema português...saí de lá sem entender...nada!...quer dizer: não é bem "sem entender nada"...o problema é estar, sempre, à procura do que "o outro" quer dizer - neste caso, o realizador...o contador da "estória" - e "aquilo" não tinha "estória" nenhuma...mas, enquanto o filme ia avançando - criticismo aparte e eu nem entendo patavina de cinema! - fui começando a "entrar" nele...no filme!...afinal de contas até tinha "estória"... melhor, continha pistas para uma infinidade de "estórias"... não digo que "a coisa" está bem contada, sei lá!, não percebo patavina de cinema, já disse!, mas...ainda bem que só li o E.P.C. depois de ter saido do cinema...é certo que lê-lo me tranquilizou...fiquei mais tranquila pensando que, afinal, não sou só eu, mas...confesso!...ainda não "vi" aquilo tudo que ele viu...no entanto gostei/concordei com isto:

«A grande interrogação do filme tem a ver com essa recusa dos rostos simétricos em que a parecença crescente elimina a estranheza de que se alimenta o amor. Neste filme o sexo está presente em tudo sem nunca ser visível: é uma dobra do que se passa lá fora, é uma ferida no que se passa dentro.
(...)
Amar sem tocar, tocar sem amar, são a contradição desmedida onde a paixão se inscreveE.P.Coelho, in Público

...memorizando...

...não, meu caro... (imaginando-te um outro diria, antes, "não, meu amor...") ...não é possível dizer-te o que (me) surpreende!...deixaria de ser surpresa, né!?!...não estás dentro do meu ser e, se estivesses, nunca me surpreenderias porque, então, saberias TUDO de mim...e aí, nada haveria para descobrir...surpreender! ...como se isso fosse possível!?!...nem eu sei tudo de mim e dou comigo, tantas vezes, a surpreender-me...

«...o "divino" está, exactamente, quando me adivinhas o que não vês e eu não te disse!...o "divino" está quando, por uma palavra, me adivinhas o pensamento...ou o q vou dizer/fazer a seguir!...»

...mas estar dentro - naquela medida que nos dá a cumplicidade vivida intensamente - pode dar-te a possibilidade de surpreender...o importante não é a surpresa em si...é aquele momento fugaz em que a mesma nos atinge...por vezes com uma violência tal que nos deixa marcas para sempre...não surpreende quem quer, mas quem pode...;-)

«...e sim, continuas a surpreender-me!...se bem que, na maior parte das vezes, duma forma negativa...mas, se isso me "provar" que estás vivo, perdoa-se o mal que faz, pelo bem que me traz à alma...»


...esperando que me perdoem o duplo plágio...deixo-te aqui algo que considero divinamente perfeito no momento presente...


«Disse para comigo
que se continuava a escrever sobre
o corpo morto do mundo e,

do mesmo modo
sobre o corpo morto do amor.


Que era nos estados de ausência
que o escrito se engolfava
para não substituir nada do que
tinha sido vivido
ou suposto tê-lo sido,

mas para ali consignar
o deserto por ele deixado.»



(Marguerite Duras, Verão 80)


in
vbm
21.11.2003 13:10
Re: Ninguém morrera hoje também [re: DeusExMachina]


(...obrigada, Inde...por me trazeres memórias à memória...)

05/04/04

"Solidão. Silêncio. Ruído."

«Muito raramente nos é possível dizer aquilo que pensamos. Não se trata de um problema de liberdade. Trata-se da própria natureza do discurso. As palavras estão aquém do pensamento, a sua lógica é insuficiente na organização formal do pensamento. O primeiro problema surge de não pensarmos apenas com palavras ou mesmo conceitos. Há pensamentos que misturam emoções, imagens, sentimentos. São pensamentos que dizemos confusos, embora os saibamos bastante claros dentro de nós. O que os torna confusos é a frustração que sentimos quando não logramos transformá-los em palavras. Depois, existe o outro, esse obstáculo imenso. Os nossos interlocutores raramente compreendem o que lhes dizemos, muito menos o que lhes quereríamos dizer. Tal compreensão exigiria um esforço que a maioria das pessoas não se dá ao trabalho de levar a cabo. Um esforço de parte a parte. Não porque sejam estúpidas, mas somente porque são como nós: limitadas. Num plano mais pessoal, confesso que nunca estou certo das palavras que escolho para transmitir uma mensagem serem as mais adequadas àquilo que pretendia dizer. Tal sensação deixa-me amiúde num gaguejo insuportável, incomodativo, que pode ser o princípio de muitos equívocos, erróneas interpretações. Também por aqui julgo que estamos condenados à solidão. No nosso discurso, cifrado pelos artefactos lógicos da língua e do pensamento, apenas sobra uma ínfima parcela, muito sombria, da nossa essência. As palavras são um véu que cobre o Ser, escudam o pensamento enquanto o obsidiam, falsificando-o, encarcerando-o, encobrindo-o com uma espécie de manta de retalhos linguística. Poderão alguma vez dois indivíduos comunicar entre si a sua essência? Haverá alguma essência para comunicar? Serão as palavras um encontro com a essência? Não, não, não e não. Solidão. Silêncio. Ruído.»

Publicado por Juraan Vink in universos desfeitos, em abril 5, 2004 12:39 PM

04/04/04

"Uma geração adulta parida pelos maus hábitos do consumo..."

«muvimento:

Move!
Mova-se! Com um "f" bem grande e transtornado. Mova-se o mundo. Mova-se esta merda toda e eu que me mova, com "fd" ordinarão. Tenho um amigo que diz "é preciso...". Concordo com ele, sem saber muito bem o que faz falta, ou, o que é que é preciso. Entretanto julgo que o melhor é agitar tudo e dar movimento ao que não me dá jeito. Depois, depois de começar pela parte mais dificil, ou seja, eu, agitar o que me rodeia pelo lado dos outros. Tou bem farto dos mandantes, dos pilantras prepotentes e das suas estratégias e reestruturações para "o bem da companhia", "pelo sucesso empresarial", e de não sei quantas manobras pra foder o próximo e desenrascar o "status quo" do todo-poderoso- enfiadinho no orgulho de empresário-patrão. Gajos completamente cegos e atolados no seu umbi-guito. O big brother, como Portugal, nunca foi tão concorrido, todos se querem mostrar na hora de ponta, todos se acotovelam pelo tal lugar ao sol. Ainda bem que as perspectivas de crescimento demográfico são negativas no Portugal dos Pequeninos. Assim, vai haver mais lugares, menos sombras. Envelhecemos, como o vinho do Porto, ficamos melhor, sendo menos e mais Velhos. U mu-vimento existe! O nosso fado é triste. Igual ao Fado do Pato-Bravo. Um retrato cantado ao lado do cravo revolucionário no tal jardim-quintal. Vão haver menos crianças a ir à má-Educação. Menos infancias violadas pelos prazeres caprichosos da corte decadente e piolhosa da tv. Vai haver mais justiça?? Pra todos?? Ditada pela nova burguesia da inveja. Pelo menos vão existir reformas. Finalmente, as reformas. Novos projectos por uma reanimação social nos lares de idosos abandonados pelos filhos. Uma cultura que se alimenta de novos automoveis e condomínios fechados. Uma geração adulta parida pelos maus hábitos do consumo de massas civilizadamente europeu e inserido no novo Estado da Europa. Ai esta tropa!»

J R, Junho 17, 2003

"A Esperança em si" II

«Bem, primeiro, o que é a felicidade ? A felicidade como estado permanente é quase sempre associada à ignorância, a tal douta ignorância. Ou então à loucura. De qualquer modo é sempre correlacionada com um estado patológico. Não há, que eu conheça, nenhum termo que defina tal estado; já o de tristeza permanente é conhecido como melancolia. E embora esta também seja considerada uma “doença”, foi somente vista pelo prisma da disfuncionalidade a partir do século XX onde todos temos de ser felizes. Esta última é muitas vezes, erradamente talvez, suponho, agregada à inteligência e ao conhecimento. Resumindo, essa felicidade permanente ou pelo menos maioritária implica um certo desconhecimento dos factos, da realidade; esta, num estado normal, nunca pode levar à felicidade. Um estado de felicidade é sempre acompanhado pelo prazer. Excepto em patologias como o masoquismo mas mesmo aí a dor acaba por ser um prazer, portanto. Como ia dizendo a felicidade e o prazer acompanham-se. O prazer em si não é algo de positivo mas sempre negativo. Ou seja, nasce da satisfação de uma necessidade e só dura até ao aparecimento de outra e reaparecerá quando outro desejo for aplacado. A satisfação de todas as necessidades seria obviamente, assim sendo, o cúmulo da felicidade, atingida normalmente pelo dinheiro já que permite a acumulação de “coisas” e “serviços”, sendo ele todas as possibilidades in abstractu. Aqui aparece a necessidade metafísica. Uma vez que todas as necessidades físicas foram saciadas restam-nos as mentais. E estas só se apresentam quando as outras foram eliminadas. Como diz Jaccard : “On ne désespère jamais du monde le ventre vide”. O único modo de escapar-lhe é, segundo Schopenhauer, a apreciação artística em que a mente se absorve da realidade e entra na Arte. Nietzsche vai ainda mais longe dizendo que a única validação do mundo seria a Arte e imagina mesmo um “Deus Artista”. A tal alegria nietzscheana só pode mesmo nascer daí, em particular da música.
Portanto, o único suicídio por felicidade que consigo imaginar seria o de alguém convicto que tinha atingido o apogeu do prazer e da felicidade e que se decida matar pois sabe que nunca mais sentirá algo igual. Mesmo neste caso seria ainda assim por infelicidade a priori.

De notar que naquela pequena insónia ["A Esperança em si"] não se fala da felicidade ou da infelicidade de ninguém.»DeusExMachina, in Bibliotecl@ do Sapo


***************
...primeiro o autor não precisa falar disto, ou daquilo...para que o leitor o entenda, se assim o entender...

...depois, resta definir o que é felicidade?!?...mas, importará definir felicidade?...a felicidade não será, sempre, aquilo que cada um entender como tal?...quem tem capacidade para dizer, ao outro , o que é felicidade?

...depois, depois restará perceber (ou tentar perceber) porque razão alguém que é (supostamente) feliz - lá está: a definição caberá a cada um - entende suicidar-se... ou, pelo menos, tentar...?

...é-me claro que o suicídio (ou, mesmo, a tentativa) resulta dum estado de infelicidade a qualquer nível...e não haverá ninguém, no mundo, capaz de convencer um suicida que não há razão para a sua infelicidade...

Os gatos e os humanos...

...há tempos (tanto q já nem me lembro quem foi) alguém me dizia que eu era como os gatos: "permitia q se aproximassem, parecia ir deixar q me acariciassem e...acabava, sempre, por soltar as garras" ...excessos excluidos e talvez seja real, essa imagem...

...mas, se eu permito aos meus gatos que, assim, exerçam a sua liberdade...porque não podem os humanos respeitar, entre si, esta característica...?

03/04/04

"A esperança em si"

«Eram onze da manhã. Ele acordara há pouco, a noite tinha sido longa. Lembrava-se claramente que um estrangeiro de nacionalidade indeterminada lhe tinha perguntado num inglês arrastado “Are you a gambler?” ao que ele tinha respondido “Well, I don’t know, maybe I am” completando logo a seguir “Wait, yes I am”. Isto não lhe proporcionava nenhuma reflexão particular, tudo fluía dir-se-ia que num ritmo pré-determinado. Dirigiu-se à casa-de-banho.
Num outro ponto da mesma mecânica e impessoal cidade ela tinha acordado às seis e meia, preparado o pequeno-almoço, acordado os filhos, tinha-os arranjado para a escola, arrumado a casa, feito as camas, tomado a bica e pensava agora afincadamente no almoço. O que cozinhar?
Ele queria que se f.odesse Hume. Relação causa-efeito sim senhor. Até pode ser que o sol não nasça amanhã mas se não o fizer será devido a uma causa. Isto lembrou-lhe a chegada da sua namorada que passaria como habitualmente durante a tarde.
Enquanto descascava batatas pensava naquele actor da novela e que o seu marido podia ser mais como ele. Aliás tinha por hábito pensar nele quando o marido se decidia, geralmente apenas quando estava bêbado, a cumprir o dever conjugal. Como qualquer dever, era penoso.
Como sempre estava frio em casa e a água quente do chuveiro foi como uma bênção. Amoleceu-o ainda mais. “Em tempo de paz o guerreiro ataca-se a si mesmo”. Este aforismo de Nietzsche tinha-lhe sido recordado por um filme visto antes de dormir. Que se f.oda a paz e já agora a guerra. Já só existiam pazes podres e guerras sem personalidade. O ódio salutar tinha desaparecido e com ele a honra. Uma guerra onde não se vê a vida a abandonar os olhos do inimigo não é uma guerra.
Pescada ou bacalhau? Bem, de qualquer modo tinha ainda de sair para comprar feijão-verde. Cozia ovos ou não? Sim, os filhos gostavam. No rodapé da televisão um qualquer emigrante mandava saudades e um abraço aos pais. Não falava com os dela ali bem mais próximos há mais tempo possivelmente do que aquele emigrante a milhares de quilómetros de distância. Aproveito e compro tabaco, pensou ao sair.
Enquanto se secava lembrou-se que não lia há imenso tempo. Vestiu o roupão e foi à sala buscar O Mundo como Vontade e como Representação. Regressou à casa-de-banho, pousou-o no lavatório e abriu-o à sorte. Tapou o ralo, abriu a torneira e enquanto espalhava a espuma começou a ler. “Eis-nos portanto enganados ora pela esperança em si, ora pelo objecto da nossa esperança”. Hum… “A felicidade reside sempre portanto no futuro, ou ainda no passado, e o presente parece uma pequena nuvem sombria que o vento empurra por cima da planície soalheira : diante e atrás dele tudo está claro; apenas ele mesmo não cessa de projectar uma sombra. Assim é ele sempre insuficiente, enquanto o futuro é incerto e o passado irrevogável”. Um pequeno corte no sítio do costume, mesmo por baixo do queixo. “Esta ilusão e esta desilusão persistentes, como também a natureza geral da vida, não parecem elas criadas e calculadas em vista de despertar a convicção de que nada é digno das nossas aspirações, dos nossos trabalhos, dos nossos esforços; que todos os bens são coisa vã, que o mundo é insolúvel, que a vida é um negócio que não cobre as despesas - e tudo isto para que a nossa vontade dela se desvie?”
A luz estava esquisita. Não havia feijão-verde. Acendeu um cigarro, colocou-o no canto da boca enquanto lavava a faca para não lhe ir para os olhos. Cortou-se. Mas foi um corte doce, gostou. Decidiu tomar um bom banho de imersão.
Ouviu-se um estrondo seguido de um breve grito. A vizinha chamou a ambulância mas nada havia a fazer. Tinha o seu melhor fato vestido. A sua namorada apenas encontrou um bilhete dizendo : “Nunca te amei”.
A água estava vermelha. O filho mais novo que a encontrou ainda não falou depois disso. Deixou somente uma pequena nota na porta do frigorífico dirigida aos filhos : “Amo-vos”.»

DeusExMachina, in Bibliotecl@ do Sapo

"Liberté"

Sur mes cahiers d'écolier
Sur mon pupitre et les arbres
Sur le sable de neige
J'écris ton nom

Sur les pages lues
Sur toutes les pages blanches
Pierre sang papier ou cendre
J'écris ton nom

Sur les images dorées
Sur les armes des guerriers
Sur la couronne des rois
J'écris ton nom

Sur la jungle et le désert
Sur les nids sur les genêts
Sur l'écho de mon enfance
J'écris ton nom

Sur tous mes chiffons d'azur
Sur l'étang soleil moisi
Sur le lac lune vivante
J'écris ton nom

Sur les champs sur l'horizon
Sur les ailes des oiseaux
Et sur le moulin des ombres
J'écris ton nom

Sur chaque bouffées d'aurore
Sur la mer sur les bateaux
Sur la montagne démente
J'écris ton nom

Sur la mousse des nuages
Sur les sueurs de l'orages
Sur la pluie épaisse et fade
J'écris ton nom

Sur les formes scintillantes
Sur les cloches des couleurs
Sur la vérité physique
J'écris ton nom

Sur les sentiers éveillés
Sur les routes déployées
Sur les places qui débordent
J'écris ton nom

Sur la lampe qui s'allume
Sur la lampe qui s'éteint
Sur mes raisons réunies
J'écris ton nom


Sur le fruit coupé en deux
Du miroir et de ma chambre
Sur mon lit coquille vide
J'écris ton nom

Sur mon chien gourmand et tendre
Sur ses oreilles dressées
Sur sa patte maladroite
J'écris ton nom

Sur le tremplin de ma porte
Sur les objets familiers
Sur le flot du feu béni
J'écris ton nom

Sur toute chair accordée
Sur le front de mes amis
Sur chaque main qui se tend
J'écris ton nom


Sur la vitre des surprises
Sur les lèvres attendries
Bien au-dessus du silence
J'écris ton nom


Sur mes refuges détruits
Sur mes phares écroulés
Sur les murs de mon ennui
J'écris ton nom



Sur l'absence sans désir
Sur la solitude nue
Sur les marches de la mort
J'écris ton nom


Sur la santé revenue
Sur le risque disparu
Sur l'espoir sans souvenir
J'écris ton nom

Et par le pouvoir d'un mot
Je recommence ma vie
Je suis né pour te connaître
Pour te nommer

Liberté.

Paul Eluard
in Poésies et vérités 1942


(citado por Albertobei , in Bibliotecl@ do Sapo)

02/04/04

"...recomeço constante..."

«(...)Todas as linhas da morada reflectirão os enigmas, os turbilhões, os labirintos e os dilemas do construtor mas o núcleo da construção será uma pequena falha luminosa que a fará elevar-se para o cimo e para além de todas as determinações particulares do construtor.(...)- a.r.ROSA», in imbricações

...a importância do que não é importante...



«_Sim, cada um terá de encontrar o seu sonho e, então, a senda tornar-se-á fácil; no entanto, nenhuma fantasia durará eternamente: cada quimera liberta outra e não podemos pretender agarrar nenhuma.» - Demian, H.H.

01/04/04

Questões...

«(...)
Para já, fico-me a pensar : deve-se ou não hostilizar o real?
Deveremos nós tentar mudar as pessoas moldando-as ao que julgamos ser o nosso "ver" ? Deveremos mudar as pessoas segundo o nosso prazer? Até ao ponto de elas não serem elas mas a imagem que delas fazemos? Ou, por outro lado, deveremos imaginá-las como gostaríamos que fossem e depois apreciar as "imperfeições" , isto é, aquilo que nelas é real e as faz diferentes?
(...)»

Existe algo mais importante

do que a lógica : é a imaginação !

Alfred Hitchcock



JR - 21 de Outubro de 1998

Poesia vs Prosa...?

«(...)
Da poesia leio o que basta... isto é... o que me enche sem que me ultrapasse... sem me hipnotizar por uma "excelência" da qual a FORMA nada me diz e o CONTEÚDO, o mais das vezes, só ao poeta incendeia...
Aceito mais rapidamente a FORMA (como curiosidade estilística é engraçada... aguça a curiosidade do "como se faz?") que o CONTEÚDO ("espremidos", os grandes poemas pouco sumo dão...)

(...)

Talvez, por isso, me permita recomendar-te as adaptações (não gosto do termo "traduções") que o Manuel Alegre acabou de fazer de vários poemas em "Rouxinol do Mundo" (19 poemas franceses e 1 provençal)... tenta... quem sabe não (re)encontrarás muita prosa por lá escondida em forma de poema?

Voltando ainda ao Saramago... Achei piada ao susto do "zé português" quando o rapaz foi para Espanha em vez de vir para Portugal... Não é que os marotos dos espanhóis se queriam apropriar de um prémio que era "nosso"? Os malandrecos, hein??
Se calhar foi a vingança deles desde Colombo : pois não rejubila o "zé português" na sua História por Colombo, há 500 anos, ter vindo primeiro a Portugal dar novas da descoberta da América e só depois ter seguido para Espanha ?
Como se costuma dizer : a vingança serve-se fria...
Ai... ai... ai... Porque raio em 1640 não ficámos nós quietinhos à sombra de um reino ibérico ? Esta mania do isolamento é deveras estranha no "zé português"...
(...)
(...)
(...)
(...)

JR - 21 de Outubro de 1998»


******

..deixando um "aviso" de q não vou aceitar críticas aos cortes da minha responsabilidade!:->...permito-me, ainda, citar-te numa outra fase...

«Mas... quando não se lê o que se quer e o que se ouve é um murmúrio saudosista, que outro remédio senão o de dizermos o que não lemos e de escrevermos o que gostaríamos de ouvir?, Quid Novi ?»

...posso colocar o link?



"Mais cerveja (e um maço inteiro de Celtiques)"
"La cigarette, c'est le sourire de la solitude"