28/11/05

Eu até preferia não ter de "bater" (muito) nos profs, mas...

...parece que eles insistem na tecla dos desgraçadinhos e, pior que isso, na desonestidade intelectual de pretender atirar areia nos olhos dos supostos incautos. Ora saibam os senhores professores que nem todos os pais dos alunos andam tão a leste...neste caso, não do paraíso, mas do inferno que é a escola dos nossos dias para todos os alunos (e respectivos pais e/ou encarregados de educação) que saiam do modelo formatado*...e assim sendo convinha colocar-se os pontos nos iiiiii's...

É claro, claríssimo para mim, que ninguém tem de trabalhar de borla. É claro, claríssimo para mim, que eu tenho (tantas) vezes de prolongar o meu horário por questões de eficácia momentânea e nem por isso me pagam horas extraordinárias, não sendo também por isso que quem está dependente do meu desempenho, momentâneo, precise de ficar prejudicado porque não me pagam aquela hora extraordinária, hora essa que se repete mais vezes do que eu desejaria.

Ora vem isto a propósito, de novo, da aulas de substituição e do que li por aqui! E daqui ressalto o seguinte:

«Além de cumprir as 22 horas lectivas semanais do seu horário, por imposição do ME tem o docente de estar na escola mais outras 5 horas, ficando 8 horas para o seu trabalho individual (preparação de aulas, testes, etc.), e outras 2 horas reservadas para reuniões. E o que fazer quando as reuniões semanais ultrapassam as 2 horas? [1]Parece óbvio que são também horas extraordinárias, face à rigidez do actual horário docente. Até final de Agosto deste ano, as reuniões que houvesse – de conselho pedagógico, departamento, grupo disciplinar, conselho de turma, com os encarregados de educação -, marcadas, por óbvia conveniência, após o final das aulas da tarde, [2] realizavam-se no horário não-lectivo dos professores, suficientemente elástico para as admitir. Agora, pode um professor trabalhar na escola 5 horas de manhã, outras 4 horas à tarde, e ter uma reunião às 18 horas. Diga MST qual a empresa que considera uma função diária de 5+4+2 horas = 11 horas[3] como “obrigação garantida”.»

[1] Ora vamos lá a ver se nos entendemos...honestamente! Começamos por concluir que o horário diário de cada professor é de...4,5h para aulas! Depois aparece ali uma escrita muito mal amanhada referindo que deve o professor ficar mais 5 horas, ficando 8 "para o trabalho individual (preparação de aulas, testes, etc.)"!???! Das duas, uma: são 5h, ou 8h??? De 5h fazer 8h é que me parece pior que fazer omeletes sem ovos!E ainda...mais 2h para reuniões! Para começar: se essas reuniões fossem mais produtivas, em vez de tratarem de assuntos de lana caprina e/ou de interesses pessoais...talvez não precisassem de mais que essas 2h semanais...assisti, durante dois anos, a conselhos pedagógicos e percebe-se porque precisam de mais de 2h...e também se percebe porque raio não lhes interessa ter pais/encarregados de educação dentro das escolas!:->

[2] Depois temos o eterno problema dos professores: os pais/encarregados de educação!:-> Ando nessa roda viva de filhos/escolas/directores de turma há uns 15 anos e nunca apanhei um atendimento que não fosse dentro do horário escolar/laboral! Os únicos tempos que vejo os professores marcarem fora do horário laboral são as reuniões de início de período que representam nada mais, nada menos que 3 - três! - por ano!!! E fora do horário escolar/laboral por... "óbvia conveniência dos encarregados de educação"(!?)

Repare-se bem: não é por óbvia necessidade por termos uma população maioritáriamente de fracos recursos e muitos com trabalhos precários, já para não referir as entidades patronais que não respeitam, sequer, o direito consignado na lei, exercendo muitas vezes pressões e ameaças colocando em causa o posto de trabalho, além desses tempos não serem pagos; em contrapartida quem tem recursos coloca os filhos no privado onde os professores devem ser muito bem pagos, dado que nunca faltam sem justificação válida, nem "refilam" por fazer horas extras de borla!:-> -

[3] «5 horas de manhã, outras 4 horas à tarde, e ter uma reunião às 18 horas. Diga MST qual a empresa que considera uma função diária de 5+4+2 horas = 11 horas» ...o MST nem se deve dar ao trabalho de lhe responder, mas eu adoraria que me respondesse que raio de horário é esse de 11h diárias x 5 dias por semana = 55h semanais!????...Como é que se está tanto tempo dentro da escola e os putos têm tantos furos por faltas dos professores????

Não!, os professores não têm a culpa de todos os males do mundo...do ensino! Têm apenas a culpa da sua desonestidade intelectual generalizada que os faz a classe mais rasca que este país têm!!! Podem estar, quase, a ser batidos pela magistratura, mas...ainda conseguem batê-los aos pontos e de longe!

Quanto ao resto, das faltas e respectivas justificações/descontos ...nem vale a pena pegar-lhe de tão ridícula a comparação das benesses, apesar de tudo, dos funcionários públicos face aos restantes...porque para todos os efeitos os professores, de há uns anos a esta parte, nada mais são que funcionários públicos!, com tudo o que de pejorativo esse termo implica!

Sejam honestos meus senhores! Sejam-no para vosso proveito, mas essencialmente tendo em conta que a "matéria prima" que vos passa pelas mãos é a que "produz" os homens e mulheres de amanhã e, pelo que se tem visto, o vosso trabalho tem sido vergonhoso! Com algumas ressalavas para uns quantos idealistas, tantas vezes hostilizados pelos senhores instalados no poder dos quadros, que insistem em fazer valer os seus princípios acima dos valores mercenários da classe. Mas esses, coitados, muitas vezes acabam..."expulsos"!, duma forma ou de outra.

*formatados: Há-os de vários tipos.

1) Há os que vêm com a lição toda ensinada/aprendida de casa; são os filhos de profs e/ou de "doutorados" - de berço! - que os ensinam ou pagam por fora a quem o faça. Assim sendo, chegam à escola com a papinha toda feita, muitas vezes pelo molde do papá e/ou da mamã e o(s) prof(s) acham melhor nem contestar, dado dar-lhes muito menos trabalho. Estes só vão para o ensino público se os papás forem, também eles profs, ou se tiverem alguém chegado nessas condições. Estão à mão de se ir controlando a coisa, são colocados nas melhores turmas, nos melhores horários que, consequentemente, têm os melhores professores - melhores não tanto por serem bons, mas por já terem mais anos de ensino e acabam por ser bons já que com boa "matéria_prima" qualquer inapto faz obra! - fora isso vão direitinhos para os bons colégios, pagos a peso de ouro, onde nem por isso têm melhor ensino, mas...a formatação é mais eficaz e segura. Daqui sai a grande fornada dos bem instalados na vida. Seja lá qual fôr a capacidade, ainda antes de entrarem no mercado de trabalho já têm o lugar assegurado, seja por "herança", seja por cunha, seja por compra...Uns poucos que têm realmente valor, independentemente da ascendência, acabam por ir lá para fora que aqui também não aprendem nada!

2) Há os que se lhes consegue meter tudo na cabeça tipo cola_cientistas_ao_tecto. São putos com pais agarrados a uma estranha noção de que para se ser alguém na vida tem de se ter um canudo; vai daí o puto marra, marra e absorve tudo tipo esponja. Esses são os melhores de todos:obedecem sem questionar nada! Nunca vão conseguir aprender a pensar pela própria cabeça; no futuro vão precisar sempre de alguém que lhes dê as soluções - os chefes, o governo, a segurança social, etc. - vão levar a vidinha no bom estilo casa_trabalho e em casa toca de se empanturrar com todas as telenovelas, todos os telelixos, todos os futebóis. Ficam com o canudo, é certo, após todo o sacrifício feito pelos papás babados, mas...não sabem escrever a ponta dum corno que não seja cop&pastar as ideias dos outros e mesmo assim na maior parte das vezes com erros de bradar aos céus. Além de ficarem todos desconjuntados quando se lhes pergunta algo que não estava incluido na formatação. São os destinados a lambe-cús deste mundo!

Depois há os que - desgraçadamente! - são ensinados a pensar autonomamente. Os incapazes para a formatação, para a normalização. Os candidatos a infelizes deste mundo. Com um bocadinho de sorte, muito carinho e apoio dos pais talvez consigam meter na cabeça que ser feliz é mais que ter...é ser! São os que apreenderam determinado conjunto de valores e princípos, ao que parece fora do prazo de validade!, dado que não os conseguem aplicar em lado nenhum desta porra de sociedade anestesiada. São os que tudo questionam e tudo querem perceber antes de saber...porque saber sem ter percebido é coisa de et's, com toda a certeza. São os que não têm pais, em casa, para os ensinar aquilo que deviam ser os professores a ensinar - as matérias curriculares! - pois para isso lhes pagamos com os nossos impostos a que não podemos fugir, como parece ser o normal neste país de doutores_de_ordenado_ mínimo, acabando por fazer o professor perder tempo daquela enormidade de horário que desgraçadamente lhe impõem qual escravidão do sec XXI!

Há ainda os que, percebendo que têm na frente um adulto baldas (e desonesto!), entendem que se o prof é assim porque raio ele, aluno, tem de ser mais papista que o papa, colocando aos pais uma dupla tarefa de explicar ao fedelho que nem todos os profs são assim e blá, blá, blá pra manter a honra do convento porque se uma pessoa lhes vai dar força então é que o caldo se entorna de vez...pra todos os lados.

Continuo a dizer... é verdade que os professores deviam ter um estatuto priviligiado, mas...por mérito próprio! e não por decreto! Porque cada vez mais se aplica aquele velho ditado: quem sabe faz, quem não sabe ensina!:->

***...***...***
(Magritte)/"Quando abarcarmos esses mundos e o conhecimento e o prazer que encerram, estaremos finalmente fartos e satisfeitos?",WW

10 comentários:

Anónimo disse...

Interessaria muito que percebessemos de 1 vez por todas o tema dos horários destes Funcionários Públicos (FP) que são, afinal, os professores (do básico e secundário) e os médicos -horários tão cheios de somas e subtracções, de acumulações e de excepções, numa contabilização incompreensível para o 'vulgar' FP que tem de cumprir (com = vencimento) as 35 horas semanais - em 5 dias x 7 horas/dia.

Aos médicos contam-lhes as horas seguidas de banco 1 x semana (a q são obrigados até aos 50+n anos...), isto é +ou- 15h, o que reduz (inadequadamente, pq se eles não dormem, erram...) as 35 para 20/4=5 por dia nos restantes 4 dias (9:00-14:00...).

Para os professores é a saga das contas que a amok_she fez e, como resultado, termos de assistir a um muro de lamentações que não é permitido nem negociável com mais nenhum FP.

Seria tão interessante que os sucessivos ministérios e sindicatos conseguissem convencer alguém da bondade destes FP e explicassem aos demais os regimes excepcionais que ainda premeiam a idade com reduções de horário ...

As respostas que ouço referem o cansaço extremo, o esgotamento que implica ensinar e aturar 'jovens' e 'doentes' ... bbaaaahhhhh

Alberto Oliveira disse...

Só ao cabo de trinta anos, se começa finalmente a falar direito... por linhas tortas*.
Os portugueses são avessos (a maioria por "não se quererem meter em trabalhos", a outra parte por conveniência), a não pôr em causa seja o que fôr.

A justiça, a saúde, a educação, os impostos, os acordos internacionais económicos e militares, etc. etc. tudo isto tem tido o rótulo de tabu para o cidadão comum. Começa agora a ver-se alguma luz; muito ténue, diria mesmo, quase outra vez a apagar-se.

Basta apenas termos o suficiente para viver para deixarmos de VER o que se passa à nossa volta. Não. Não estou a plagiar o EPC. Não me revejo ao espelho como ele se quer rever. Mas a tendência é essa: individualizar as questões. Que melhor solução (dada de mão beijada) aos "salvadores da pátria"?!

* As linhas tortas que se escrevem há tanto tempo.

Beijos cá desta margem.

A Lia foi-se outra vez?! a mulher também tem direito ao esgotamento e ao cansaço extremo, não é?

Beijos também pra ti Lia maria...

Lia C disse...

Juro que vim aqui religiosamente logo de manhãzinha abrir as janelas e que fui também à tua janela ver se o pombo estava bem... mas não consegui ficar tempo suficiente para ler, muito menos para pensar, e ainda menos para comentar o que quer que fosse. Agora dei uma ronda pelos "meus blogs" (ainda falta as palavras) e voltei aqui convencidíssima que era desta que conseguia dizer qualquer coisa inteligente sobre os professores, mas não consigo... por isso vou fechar as janelas e vou embora. Volto amanhã, como sempre (ou depois, se amanhã não puder).

Beijos do oeste para os meninos essa margem ;)))

Alberto Oliveira disse...

Para amok_she:

Não me digas que ainda andas a arranjar mais lenha para a "fogueira docente"?!

PS: não te esqueças de andares sempre com o amuleto do número três.

Para Lia c:

Não jures. Eu acredito em ti e compreendo-te. Agora que já reapareceu o teu parceiro de blog estás mais à vontade e não precisas de quem tome conta das crianças para ires ao cinema. "Desta margem?!" mas está a "marginalizar-me" porquê?! Logovi (se fosse Logovik até podia ser húngaro...) que isto ia acabar, quando ainda nem tinha começado. Sou sempre o eterno marginalizado... Lá regressa a amokela (assim é mais rápido...) ao número dois...


não mando beijos a ninguém que estive a comer bacalhau com muito alho e agora só lavo os dentes prá semana!!

amok_she disse...

As respostas que ouço referem o cansaço extremo, o esgotamento que implica ensinar e aturar 'jovens' e 'doentes' ... bbaaaahhhhh

...pois é cara mm, ñ foi em vão q "titulei" o post como o fiz... infelizmente tenho bem presente a dura realidade desses profissionais que se dão demais ao seu desempenho, mas...apesar de já ter feito essa ressalva muitas vezes, desta vez apeteceu-me "gritar" para que deixem de nos fazer de parvos...os inaptos!

...qt mais ñ fosse para deixarmos de ver o acto de ensinar tão desprestigiado como o vem sendo, muito graças aos próprios professores...

amok_she disse...

oh gentes!...q'andaram fazendo na minha ausência!?????...mas cá pelas minhas bandas ñ foi - com toda a certeza! - pelas mesmas razões da Lia...ai ñ foi...não!!!:-)))))


...beijos recebidos...saboreados e... guardados!...q eu ñ agradeço nada do q me dão sem eu pedir!!!;-)))

amok_she disse...

Para amok_she:

Não me digas que ainda andas a arranjar mais lenha para a "fogueira docente"?!


...naaaaaa...q'eu na gosto de "bater" - muito! - em...desgraçadinhos!;-)))

mfc disse...

Os professores têm tanto direito de se insurgirem como qualquer outro profissional.
O que muitas vezes faz pensar as pessoas que os professores não trabalham é pensar que o trabalho dos professores se esgota nas salas de aulas. não só não se esgota, como é um trabalho que atravessa a fase mais difícil de formação dos alunos, a adolescência, com todas as experiências inerentes.

Há sem dúvida, hoje em dia, um descarte por parte dos professores, mas ninguém tem muito em conta aquilo que eles também fazem.

Já fui professor e já não sou.

amok_she disse...

Os professores têm tanto direito de se insurgirem como qualquer outro profissional.

Têm, com toda a certeza! Mas têm, também, a obrigação - mais que outros! - de o fazerem com...inteligência!...ou aos porfessores também é suposto admitir-se serem... estúpidos???

Por outro lado, também como a outros profissinais!, é-lhes exigida a honestidade e neste caso mais a honestidade intelectual!...que é uma coisa que os profs parece terem esquecido ser-lhes exigido com mais intensidade que a outros...e é isso que os derruba...face aos olhos de quem o não é e, em especial, face aos olhos de quem lhes sente a incompetência, o 'deixa andar', o 'corporativismo'(e, tantas vezes, nem sequer o sabem virar a seu proveito!)...são os prof que se desprestigiam a si próprios, mais que os restantes problemas...que eu não nego!...penso fazer,sempre, uma ressalva aos que se esforçam - alguns até aos limites do humano! - mas esses, em geral, não se insurgem...o que me revolta é isso!...ver gente rasca insurgir-se quando outros são - verdadeiramente! umas vítimas do sistema...eu diria mais: do seu idealismo e da sua utopia, mas...esses dizem que não, que o fazem por... paixão!

Alberto Oliveira disse...

Para Vodka e Valium 10:

O direito ao insurgimento TODOS os que trabalham (e até os que não trabalham... por motivos válidos, como os desmpregados e reformados), o devem ter. Não sou professor mas relaciono-me com muitos professores tendo inclusivamente familiares nessa área. Esse conhecimento muito próximo dá-me margem de manobra para tirar conclusões (não precipitadas) sobre a conduta de uma classe e que não anda muito longe daquilo que se passa noutras classes no que concerne "a ganhos e perdas " de actividades ditas "acima de outras classes trabalhadoras" pelo seu cariz intelectual e de mais-valia no desenvolvimento do país e que, por isso mesmo "não devem?! ser postas em causa seja por que motivo fôr".
Estes "valores" não apareceram por "obra e graça do divino espírito santo, HOJE; foram-nos transmitidos pelos nossos próprios familiares ainda no advento do Estado Novo. Na altura, estas profissões (a docência, a medicina, a justiça e outras mais liberais) eram consideradas de "vocações" Em trinta anos de democracia ainda não se conseguiu apagar este rótulo; porque dá jeito e porque como todos bem sabemos, o que interessa é ser licenciado em qualquer coisa, mesmo que não se tenha a mínima aptidão* para desempenhar a tal actividade e porque o sonho de qualquer português (e não só, e não só) é passar da classe média para a classe média alta e por aí fora... Não contesto e acho bem que os sonhos se transformem em realidade. Mas com regras; e que nenhuma classe esteja acima de qualquer suspeita no seu labor. De médicos, de juristas, de professores.
Dos meus amigos e conhecidos desta área posso dizer que 30% cumprem no meu entender, as regras do jogo democrático. Os outros por cento... safam-se o "melhor que podem". E para mim isto é significativo.

* Os casos de professores que não conseguem passar os seus conhecimentos aos alunos por via da sua "baixa" oralidade", são de bradar aos céus e refletem-se bem nos putos que quando por acaso são inquiridos por um qualquer canal de televisão, não passam do "sim" ou do "não"...

PS: Claro que o trabalho do professor não se limita às salas de aula. Mas se afirmas que "...hoje em dia há um descarte por parte dos professores, mas ninguém tem muito em conta o que eles também fazem"... afinal em que ficamos?!