(Entrevista a Marta Crawford, sexóloga, no DN)
«(...)Sim, até passados pelos media. As performances supersexuais, os orgasmos simultâneos, a disponibilidade permanente. As pessoas têm cada vez menos tempo e são infelizes porque não têm disponibilidade. Ele quer e ela não tem vontade, porque tem uma série de coisas para tratar, um filho de dois anos. Ele tenta, ela diz que não. E se eu tento e tu dizes que não fico chateado e já não tento tanto. Cria-se uma bola de neve. A maior parte dos casais que vêm ao consultório estão na casa dos 30, 40 anos, têm filhos pequenos e dificuldade em gerir as suas agendas e o espaço que têm que ter para eles. As vontades de um não são iguais às do outro e começam a criar-se desentendimentos, dificuldades de comunicação.
(...)
Os homens evoluíram um bocadinho... Os actuais investem mais no lado afectivo. Mas a maior parte foi educada para ser mais pragmática e as mensagens anteriores continuam a passar. Costuma dizer-se que, para os homens, se o sexo correr bem, sentem-se bem na relação. E que as mulheres precisam de se sentir bem na relação para o sexo correr bem. Apesar de as coisas estarem diferentes, ainda continua a ser um bocadinho assim.
(...)
As mulheres ainda acreditam que o contexto é fundamental para se sentirem felizes sexualmente. O homem é mais ao contrário, tem um desejo que é mais contínuo, mais linear, é tudo mais direccionado para o acto em si. Não quer dizer que as mulheres não tenham sexo só por sexo, as mulheres não são as santas e os homens os diabos. Mas a diferença está, talvez, na forma como priorizam as coisas.(...)»
***...***...***
(Magritte)/"Quando abarcarmos esses mundos e o conhecimento e o prazer que encerram, estaremos finalmente fartos e satisfeitos?",WW
7 comentários:
O que há de verdadeiramente novo em matéria de sexualidade no
que respeita aos homens, (sobretudo nos países do norte da Europa),
é que estes se encontram numa fase de interiorização de uma situação inédita:
Hoje são as mulheres que falam de sexualidade e os homens que
se calam. Não porque não tenham nada para dizer, mas porque o que diriam faria
certamente "duplo-emprego" em relação ao que dizem as mulheres,
salvo que estes se colocam necessariamente do ponto de vista do homem.
A situação é extremamente movediça e faz-me pensar numa cena de teatro
em que o encenador pede aos actores de se posicionarem
uns relações aos outros em função, exclusivamente do facto de serem
do género masculino ou feminino, mas abstendo-se de lhes comunicar o texto da peça e o papel que cada um vai desempenhar.
"Laissez le désir se saisir des mots que chacun de vous
prononcera et surtout ne vous interposer pas entre lui et vous".
Pensa intimamente o encenador que entretanto sabe que não dispõe de texto nenhum...
:))
Alberto
Sabes o que penso? Estas, relativamente recentes, alterações de desempenho dos papéis feminino/masculino estão muito mais evoluidos nos 'gajos' que nas 'gajas'.
Apesar duma certa'confusão' ainda existente nas cabecinhas deles - literalmente falando!:=> - porque as 'gajas' estão, ainda, pura e simplemente a tentar ocupar o lugar deles a nível do poder e como se lhes meteu na cabeça que é mais fácil aceder ao poder por via do sexo - q era um domínio dos machos - vá de...ai., agora ia-me saido um palavrão dos grandes...segurei-me! :=>...pois, isso!,à força toda! Por outro lado, sem ser pelo sexo, ascendem e exercem o poder com o recurso aos mesmos métodos/estratégias dos machos, conseguindo ser ainda piores...
Já eles estão a ficar com o lado feminino mais desenvolvido - não própriamente maricas, mas dando mais atenção aos sentimentos sem pudor, sem preocupações de mal entendidos - embora também se note, pelo menos as gajas q conheço e andam 'à caça' referem (queixam-se d')isso, um aumento significativo(?) de 'gajos' a passarem-se para o outro lado...
Concluindo: os homens aprenderam a dizer não sem medos e as mulheres continuam a dizer sim - por razões diversas, mas dizem - à revelia dos seus reais desejos...
Minha cara Amok nunca te vi tão guerreira! ;-)
"Poder" "estratégia".Será que as relações homem/mulher
vão evoluir para uma situação de "guerra fria"; um mundo dividido em dois
blocos definitivamente irreconciliáveis, capaz
de descambar a qualquer momento em conflito nuclear.
:))
Não sei como irá evoluir a relação homem/mulher, se pra melhor se pra pior, porque já me deixei de arquitectar sonhos...o q sei é q nesta altura do campeonato a coisa está muito mal parada. Tirando as fases de paixão, em q não há (ainda) volta a dar-lhe, a coisa anda mesmo em clima de guerra e às vezes muito fria, mesmo! Com a agravante de se usarem todas as armas sujas q surjam ao dispor e quem o não faz [porque há sempre uns tolo(a)s ingénuo(a)s] sai duplamente ferido...
Ah, só mais uma coisa q me tinha passado antes...
...aquele último paragrafo q citei - da nossa sexologa da moda!:=> - está um bocadinho fora do contexto no panorama actual: em termos puramente teoricos a coisa parece ser assim, fisiologicamente a coisa parece q se explica bem, mas...como as 'gajas' estão a ter comportamentos de 'gajos' qual será a explicação? Forçam-se a si mesmas? Estarão os centros de estímulo femininos a sofrer alterações?
A bem da verdade, raramente vejo uma 'gaja' assumir-se satisfeita com o sexo de usar e deitar fora reclamando, isso sim!, a falta do "resto", mas... elas insistem! Porque será, senão por mero desejo de afirmação e conquista/ marcação de terreno aos 'gajos'?!? Estarei a ver mal a coisa...? O engraçado é q elas, em público, se recusam a assumir estas coisas...da insatisfação!, quem as 'ouve' falar aquilo é só sexo...e do melhor...e sempre...e muito...:=>
Tens razão, em tudo isso, penso eu, deve existir
muita fanfarronice, e sobre alguma frustração.
Antigamente (tempos da velha senhora católica romana)
eram os rapazes que se gabavam de feitos
e de proezas memoráveis que não ficaram na memória
de ninguém...se não tristemente.
Hoje são as raparigas a reclamar desforra pelas
situações humilhantes que viveram, por vezes até
de maneira exagerada.
A panela de pressão rebentou e os estilhaços são visíveis.
Há talvez que relativizar esses períodos complicados,
possivelmente inevitáveis tendo em conta o contexto histórico
que os produziu.
«Há talvez que relativizar esses períodos complicados,possivelmente inevitáveis tendo em conta o contexto histórico que os produziu.»
Ora aí está!;-)
Enviar um comentário